Sábado – Pense por si

Como começou a Operação Tutti Frutti

António José Vilela
António José Vilela 01 de junho de 2023 às 08:00

Uma denúncia anónima em 2015 levou meses a ser analisada no Ministério Público, mas acabou por dar origem a um processo que ficou logo parado largos meses por falta de meios da PJ. Para investigar conluios entre PSD e PS, financiamento partidário, esquemas com quotas de militantes, assessorias sem trabalho pagas com dinheiros públicos e outros negócios suspeitos de (ex ou futuros) deputados, os investigadores começaram por colocar apenas um telefone fixo sob escuta.

O caso foi espoletado como acontece muitas vezes quando chega uma denúncia anónima ao portal informático das queixas da Procuradoria-Geral da República (PGR), controlado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). Registada como o nº 807, a 27 de junho de 2015, a denúncia de poucos parágrafos apontava quatro suspeitos: o então deputado do PSD Sérgio Azevedo e três assessores do partido social-democrata no município de Lisboa – Nuno Vitoriano, Rodrigo Moita de Deus e Patrícia Leitão. Todos estariam a violar as normas do Código dos Contratos Públicos, nomeadamente beneficiando, pelo menos desde 2013, de um total de entre “€300 mil a 400 mil” conseguidos através de adjudicações de “contratos fictícios e sem qualquer retorno em trabalho, não existindo documentação ou relatórios que comprovem o trabalho supostamente prestado”.

Para continuar a ler
Já tem conta? Faça login

Assinatura Digital SÁBADO GRÁTIS
durante 2 anos, para jovens dos 15 aos 18 anos.

Saber Mais
Artigos Relacionados
Urbanista

Insustentável silêncio

Na Europa, a cobertura mediática tende a diluir a emergência climática em notícias episódicas: uma onda de calor aqui, uma cheia ali, registando factos imediatos, sem aprofundar as causas, ou apresentar soluções.