Militantes do PSD recebiam avenças e em troca não apresentavam trabalho, defende o MP. "Só lá iam assinar o recibo, recebendo sem trabalhar”, garante um dos suspeitos.
A operação Tutti Frutti investiga suspeitas de corrupção em várias câmaras municipais do País. O PSD chegou mesmo a ter montado um esquema de pagamento de avenças a militantes do partido que não desempenhavam qualquer função, defende o Ministério Público, segundo a TVI/CNN noticiou esta quarta-feira. Em causa estão crimes corrupção, tráfico de influências, participação económica em negócio e financiamento proibido.
Sérgio Azevedo, antigo vice-presidente do grupo parlamentar do PSD e membro da Assembleia Municipal de Lisboa, será o "chefe" desta teia. É suspeito de ter coordenado um esquema que passava por "obter vantagens patrimoniais (e não patrimoniais) à custa do erário público", controlando estruturas de várias autarquias do País. O social-democrata é suspeito de ter atribuído avenças, contratos públicos e de distribuir "tachos" por várias figuras do PSD ao longo dos anos. A ajudá-lo estavam Carlos Eduardo Reis e Luís Newton, duas figuras bem conhecidas do PSD-Lisboa. Numa conversa telefónica, Carlos Eduardo Reis terá mesmo sido apanhado a dizer: "Aqui em Portugal os próprios partidos políticos controlam o Estado e a máquina". Sérgio Azevedo responde: "Se a PJ tivesse mais meios estava tudo f*dido".
O MP defende que, entre outras, Sérgio Azevedo deu avenças a três militantes sociais-democratas para prestarem serviços de apoio técnico ao grupo do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa: Patrícia Leitão, Filipa Lages e Nuno Vitoriano. Todos receberam avenças entre 1.500 e 1.900 euros por mês, em 2013, mas não tiveram de apresentar trabalho em troca deste montante. "No último mandato havia pessoas que só lá iam assinar o recibo, recebendo sem trabalhar", chegou a admitir, em 2017, Sérgio Azevedo, em conversa telefónica citada pela TVI/CNN.
A procuradora Andrea Marques acredita que Sérgio Azevedo, desde que ficou à frente da bancada do partido na assembleia municipal de Lisboa, em 2013, começou a abrir lugares para os amigos e pagar-lhes quantias avultadas. O esquema ter-se-á mantido ao longo de vários anos, mesmo depois de Azevedo ter abandonado o cargo. Aí entra em cena Luís Newton, presidente da concelhia do PSD de Lisboa e presidente da Junta de Freguesia da Estrela, que terá sido instrumental em manter a "máquina" de avenças.
A reportagem televisiva emitida esta quarta-feira avança mesmo que este grupo chegou a pagar quotas a militantes de forma a poderem vencer eleições. Mas não só através de votos se terá tentado manter a rede. Em 2017, quando se candidatou à concelhia do PSD na capital, José Eduardo Martins acabou por bater com a porta devido a um alegado "golpe palaciano" na distrital, o que deu a vitória a Newton, o homem da confiança de Sérgio Azevedo.
Em 2018 realizaram-se as primeiras buscas da operação Tutti Frutti,facto avançado na época pela SÁBADO. O processo, segundo a TVI/CNN, tem cerca de 11 mil páginas de suspeitas e investigações, e anexos que incluem escutas, dados bancários, emails apreendidos e documentos. Ainda não foi deduzida nenhuma acusação.
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