No Irão, os manifestantes juntaram-se à frente das embaixadas do Reino Unido e de França para atirar ovos à parede e gritarem: "Morte à França e à Inglaterra". Outras centenas reuniram-se na Praça da Palestina, no centro de Teerão.
No momento em que cancelou a cimeira, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia, Ayman Safadi, disse à Al Jazeera que não era o momento para reunir esforços diplomáticos uma vez que "não faz sentido falar agora sobre alguma coisa que não seja parar a guerra".
A reunião só deve ser realizada num momento em que todas as partes queiram acabar com a "guerra e os massacres contra os palestinianos" e sejam capazes de culpar a campanha militar de Israel por "empurrar a região para a beira do abismo", referiu ainda o ministro.
O rei Abdullah também alertou para que a resposta de Israel ao ataque do Hamas no dia 7 de outubro já ultrapassou o direito de autodefesa e que este se encontra neste momento a ser utilizado como uma "arma de punição coletiva contra civis palestinianos".
O presidente da Autoridade Palestiniana, que governa a região da Cisjordânia, já tinha referido que não compareceria na reunião depois de declarar três dias de luto nacional pelos mortos no mais recente ataque.
Ainda assim, a Casa Branca emitiu um comunicado a referir que a "decisão de não ir à Jordânia foi mútua" e referiu que Joe Biden iria entrar em contacto com o presidente do Egito e da Autoridade Palestiniana na quarta-feira a noite, durante o seu voo de regresso para Washington.
O que vai Biden fazer a Israel?
Durante a sua visita a Israel é esperado que se encontre com Netanyahu mas também com o gabinete de guerra israelita, o presidente Isaac Herzog, funcionários dos serviços de emergência e familiares de vítimas e reféns feitos pelo ataque do Hamas.
A comunidade internacional espera que a presença de Biden em Israel ajude a controlar as operações militares contra Gaza, que tem estado sob constantes bombardeamentos e está a ficar sem água, alimentos e medicamentos. A ONU avança que já morreram mais de três mil palestinianos durante a resposta israelita, cerca do dobro das mortes causadas pelo Hamas no 7 de outubro, no entanto a ONU alerta que este número ainda não inclui os causado pelo ataque ao hospital.
O porta-voz da Casa Branca, John Kirby, garantiu que Biden "fará algumas perguntas difíceis" com o objetivo de "saber a ideia dos israelitas sobre a situação no terreno e sobre os seus objetivos, planos e intensões nos próximos dias e semanas", mas sempre mantendo a posição de "um verdadeiro amigo". Alertou ainda que os supostos acordos humanitários que os dois países teriam alcançado não foram concretizados por Netanyahu.
Uma das condições apresentadas por Biden para a sua visita a Israel terá sido a criação de corredores humanitários em Gaza que assegurem o fornecimento de ajuda à região e áreas seguras para civis palestinianos.
Apesar de durante o dia de ontem o Egito ter anunciado que iria abrir momentaneamente a fronteira em Rafah, parece que não se verificou e a ajuda humanitária permanece do lado de fora da Faixa de Gaza.
Vários camiões cheios de alimentos, água e material médico de emergência aguardam autorização para poder entrar em Gaza enquanto cidadãos estrangeiros aguardam no enclave pela autorização de saída. Apesar de ser o Egito que controla a fronteira, existe um acordo com Israel para que este país decida quem pode passar por ela.
Os ataques também já chegaram a esta zona fronteiriça. Pelo menos 49 palestinianos foram mortos pelos ataques a Rafah e Khan Younis, referido o Ministério da administração Interna de Gaza. O porta-voz militar israelita Richard Hecht defendeu estes ataques: "Quando temos um alvo, sabemos que esse alvo é o Hamas e está em movimento nós atacamos. É simples".
John Kirby partilhou que os Estados Unidos estão "otimistas" quanto à obtenção de ajuda humanitária para Gaza: "Queremos que seja sustentável, alimentos, água, obviamente, energia, medicamentos, todas as coisas de que o povo de Gaza continuará a precisar à medida que o conflito se mantém".
Também a ONU já alertou para a situação humanitária em Gaza, onde civis já foram mortos no sul da região, apesar de terem sido as autoridades israelitas a indicar que deveriam deslocar-se para sul pela sua segurança. Pediu que sejam evitados "ataques indiscriminados ou desproporcionais".
Israel afirma que já restaurou parcialmente o abastecimento de água no sul de Gaza, mas a ONU alerta que este restabelecimento apenas ocorreu em 4% do fluxo normal no território.