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Encontraram soldados nazis enterrados no quintal

Uma família na Polónia descobriu que no jardim da casa recém-comprada estava um cemitério da Segunda Guerra Mundial. Uma organização privada alemã responsabilizou-se pela trasladação dos corpos.

Primeiro apareceu um capacete de um soldado nazi. Daniel Beuningen tinha escavado uma parte do jardim da sua recém comprada villa, na cidade polaca de Wroclaw, para reparar um cano de água quando se deparou com a insígnia do exército nazi marcada no capacete de metal.

Christiane Deuse para Volksbund

A descoberta não foi uma surpresa total. Depois de comprarem o casarão, que durante anos esteve abandonado, perguntaram aos vizinhos quem lá tinha vivido. Conseguiram mesmo falar com antigos proprietários que lá tinham crescido, os Meinecke, e que lhes contaram o passado trágico: nos terrenos da casa jaziam soldados alemães. 

A história foi confirmada poucos meses depois, em março de 2023, quando um arqueólogo alemão lhes bateu à porta. Tinha descoberto documentação que indicava existir ali um cemitério de guerra e pediu autorização para proceder a uma escavação. Foram identificados os esqueletos de 128 pessoas, entre soldados, mulheres e crianças. 

Volksbund

A descoberta foi feita pela Volksbund, uma organização privada criada por oficiais militares alemães com uma única missão: encontrar os restos mortais de soldados alemães e dar um enterro digno a todos, quer tenham sido nazis ou não. Criada em 1919, após a Primeira Guerra Mundial, é financiado por donativos de viúvas e pais de soldados que desejam ver regressar a casa os restos mortais dos entes queridos. A organização gere cemitérios onde volta a enterrar os soldados encontrados um pouco por toda a Europa - nem todas as famílias aceitam receber ascendentes nazis.

A missão tornou antigos militares em pacifistas. "O que permite que homens se matem uns aos outros?", questiona-se Arne Schrader, antigo major na reserva e que chefia o departamento de exumações da organização. "Que guerra transforma um pai carinhoso em 1938 numa máquina de matar em 1942 na Rússia?", disse ao The New York Times.

Volksbund

Para além dos 128 corpos, foram identificados restos mortais de mais 178 soldados. O número de vítimas é explicado pela história da cidade. Antes da Segunda Guerra Mundial, Wroclaw chamava-se Breslau e era território alemão. A cidade foi declarada por Hitler como fortaleza, em agosto de 1944, com a missão de deter o avanço das tropas soviéticas a todo o custo.

Christiane Deuse para Volksbund

Em janeiro, parte da população fugiu, mas milhares não resistiram ao frio intenso do inverno e morreram antes de chegarem a Dresden, cidade alemã mais próxima. Breslau foi alvo de um cerco de três meses pelo Exército Vermelho e, entre fevereiro e maio de 1945, morreram 6 mil soldados alemães e mais de 80 mil civis, segundo o livro Hitler's Final Fortress: Breslau 1945 (A última fortaleza de Hitler, em português), do jornalista britânico Richard Hargreaves. Foi a última grande cidade alemã a render-se, dois dias antes da capitulação nazi.

Muitas das vítimas foram enterradas em valas comuns à pressa no final da guerra e, com a passagem dos anos, a localização destes cemitérios improvisados perdeu-se na memória das populações. Um deles encontrava-se na casa da família Beuningen. Seis meses após a conclusão da trasladação dos corpos, a família acendeu 128 velas por cada uma das vítimas. Os restos mortais dos soldados foram depois enterrados em cemitérios militares.

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