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Gaza terá "fluxo contínuo" de ajuda humanitária, garantem EUA

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 23 de outubro de 2023 às 11:38
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Ajuda que chegou até agora só cobre 4% das necessidades. Combustível ainda não entrou no enclave, apesar de ser preciso para manter os hospitais funcionais.

Depois de no domingo, 22, um segundo comboio de ajuda humanitária ter entrado em Gaza, a Casa Branca prometeu que vai existir um "fluxo contínuo" de ajuda apesar de Israel continuar a bombardear o enclave.

REUTERS/Mohammed Salem

Joe Biden e o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu concordaram na criação de um "fluxo contínuo de assistência crítica a Gaza" através da fronteira a sul com o Egito, em Rafah. Por aqui, entraram durante o fim de semana mais de 30 camiões.

Ainda assim a ONU já alertou para o volume insuficiente de ajuda, que se encontra apenas nos 4% do necessário tendo em conta o tempo que, devido ao cerco imposto por Israel, se verificou um escoamento de todas as reservas de comida, água, medicamentos e combustíveis.

Cindy McCain, diretora executiva do Programa Alimentar Mundial dos Estados Unidos, referiu que apesar da entrada de ajuda em Gaza a situação continuava "catastrófica": "Quatrocentos camiões de ajuda entravam diariamente em Gaza antes da última guerra."

Os camiões de ajuda, que foram todos inspecionados pelas autoridades israelitas antes de chegarem a Gaza, transportavam água, alimentos e material médico.

Não foi permitido que qualquer tipo de combustível desse entrada no enclave, apesar dos avisos da ONU e da Organização Mundial de Saúde para essa necessidade de forma a alimentar os geradores dos hospitais. A equipa médica da OMS em Gaza alertou que neste momento os médicos são obrigados a realizar cirurgias com agulhas de costura, sem anestesia e recorrendo a vinagre como desinfetante.

Também no domingo os líderes dos Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália e Reino Unido divulgaram um comunicado em que pediam que Israel cumprisse as leis do direito humanitário internacional e protegesse os civis, apesar de apoiarem Israel no seu direito a defender-se. O apelo surgiu numa altura em que o escalar do conflito cria receios sobre a possibilidade de uma guerra com mais países do Médio Oriente.

Apesar deste acordo para a entrada de ajuda contínua o conflito entre Israel e o Hamas não parece estar a acalmar e os ataques aéreos a Gaza continuam, especialmente nas regiões do centro e norte. Segundo os meios de comunicação palestinianos, áreas próximas de três hospitais foram atingidas na manhã desta segunda-feira.

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirma que durante as últimas duas semanas já foram mortas pelo menos 4.600 pessoas, muitas delas mulheres e crianças.

O conflito entre o Hamas e Israel eclodiu depois dos ataques do grupo terrorista a 7 de outubro a comunidades no sul de Israel, que levaram à morte de 1.400 pessoas, segundo as autoridades israelitas, e originaram 212 reféns.

O conflito no Médio Oriente

No domingo o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, esteve em conversações com o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano Hossein Amirabdollahian sobre formas de impedir os "crimes brutais" de Israel em Gaza, afirmou o Hamas em comunicado.

Na fronteira a norte de Israel as Forças de Defesa de Israel atingiram esta segunda-feira de manhã duas células do grupo Hezbollah, apoiado pelo Irão. O aumento da violência na região norte já levou Israel a evacuar mais de 14 comunidades perto das fronteiras com o Líbano e a Síria.

Netanyahu visitou as tropas no norte de Israel e deixou um aviso para as aspirações do Hezbollah garantindo que o início de uma guerra a norte será o "erro da sua vida": "Iremos paralisá-lo com uma força que nem sequer pode imaginar e as consequências para o Hezbollah e para o estado libanês serão devastadoras".

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