Nome do próximo Sumo Pontífice deverá ser uma homenagem a um dos seus antecessores. Saiba como são escolhidos os nomes e porque é que os líderes da Igreja Católica adotam nomes diferentes.
Quando Jorge Mario Bergoglio foi eleito Papa, em 2013, o então cardeal escolheu um nome nunca antes visto, que rapidamente foi adicionado à lista papal. O nome era Francisco.
AP Photo/Andrew Medichini
Em mais de 1.000 anos, foi a primeira vez que um papa escolheu um nome único, diferente dos seus antecessores. O último tinha sido o Papa Lando, em 914.
Nascido Jorge Mario Bergoglio, o falecido Papa Francisco escolheu este nome papal em homenagem a São Francisco de Assis, que o Sumo Pontífice admirava pela sua simplicidade, amor aos pobres e à criação de Deus. Com a sua morte, a 21 de abril, e o conclave a começar esta quarta-feira para eleger o seu sucessor, tem havido especulação sobre qual poderá ser o nome do próximo líder da Igreja Católica.
Certo é, apenas, que assim que for eleito um novo Papa, o nome será uma das primeiras decisões, já que é logo anunciado aos fiéis que aguardarão na Praça de São Pedro para saudar o novo bispo de Roma.
Porque é que os Papas adotam nomes diferentes?
Nem todos os Papas mudaram de nome após a sua eleição. Mas a tradição começou logo com o primeiro Papa - Pedro, embora tenha sido Jesus que mudou o nome do discipulo - Simão - ainda antes de ele ser líder da Igreja. Nos 500 anos seguintes vingou o nome de batismo e assim seguiu até ao século X. Com uma exceção: em 533 João II, decidiu abandonar o nome de Mercúrio, por achar que homenageava o deus pagão, para adotar o nome do seu antecessor João.
Mas foi só no século X que essa tradição ganhou moldes mais permanentes. Muitos papas franceses e alemães acabaram a adotar nomes mais latinos, para manter proximidade com os antecessores. Ainda assim, voltaram a registar-se uma mão cheia de exceções, como os papas Marcelo II e Adrião VI, ambos papas no século XVI.
No entanto, a mudança de nome tem sido vista como um símbolo de uma nova etapa na vida, uma entrada numa nova comunidade e uma nova forma de servir Deus.
Qual foi o primeiro nome de um Papa?
São Pedro foi o primeiro Papa, um dos doze apóstolos, que os católicos acreditam ter sido ordenado por Jesus.
De acordo com o Evangelho de Mateus, Jesus terá dito ao homem, conhecido como Simão: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja."
Os crentes acreditam que após a morte e ressurreição de Jesus, Pedro tornou-se no primeiro líder terreno da Igreja, tendo espalhado o Evangelho por todo o Império Romano.
Como é que os Papas escolhem os seus nomes?
Não existem regras ou leis do Código de Direito Canónico que indiquem ou sugiram como o Sumo Pontífice deve escolher o seu nome.
Por norma, os Papas escolhem o nome do seu antecessor ou de um santo que admiram e que querem seguir os seus ideiais. Foi o caso, por exemplo, de Bento XVI que escolheu o seu nome em homenagem a Bento XV, considerado um pacificador na Europa durante a Primeira Guerra Mundial.
A escolha refleta também o que será a ambição do Papa para a sua governação. Tal como Francisco escolheu um santo que viveu despojado de luxos e próximo dos pobres, um espelho dos 12 anos do seu papado. Outros papas escolheram antecessores cuja marca admiravam - reformista, pacifista ou ambas.
Há algum nome que não possa ser adotado?
Um nome que o novo Papa não deverá adotar é Pedro, por respeito ao primeiro Papa, e por se acreditar que Pedro II seria o último Papa a servir na Terra.
Não obstante, existem também outros nomes que, apesar de não serem necessariamente proibidos, têm menos probabilidade de serem escolhidos, segundo Liam Temple, professor assistente de História do Catolicismo na Universidade de Durham, citado pela CNN Internacional.
Acontece, por exemplo, com Urbano, uma vez que o nome remete para Urbano VIII, o responsável pelo o início do julgamento de Galileu Galilei. Além deste, também o nome Pio evocaria memórias de Pio XII, cujo seu papel durante a Segunda Guerra Mundial foi bastante criticado.
Quais os nomes dos Papas mais utilizados?
João terá sido o nome papal mais vezes escolhido, com 23 Sumos Pontífices a adotarem este nome.
A tradição papal de adotar o nome do antecessor é uma das razões para esta repetição, no entanto, há também um outro motivo: existem dezenas de santos católicos chamados João, pelo menos 126, segundo o jornal católico Aleteia. Desta lista fazem parte os nomes: João Batista, João Apóstolo, São João da Cruz e São João Damasceno.
Quais os nomes que foram usados apenas uma vez?
Existem muitos que foram usados apenas uma vez, nomeadamente: Lando (913-914), Romanus (897), Formosus (891-896), Valentine (827), Zachary (741-752), Conon (686-687), Agatho (678-681), Vitalin (657-672), Severinus (638-640), Silvério (536-537), Hormisdas (514-523), Símaco (498-514), Simplício (468-483), Hilário (461-468), Marcos (336-337), Dionísio (259-268), Fabian (236-250) e Lino (64-76).
Pedro, o primeiro Papa, também foi o único a ter esse nome.
Qual deverá ser o nome do próximo Papa?
Se o próximo Papa desejar continuar o caminho da reforma, os nomes de Leão e Inocêncio poderão ser uma escolha bastante acertada, segundo Liam Temple. O primeiro remete para Leão XIII, conhecido pela sua dedicação à justiça social, a salários justos e condições de trabalho seguras. Já o segundo, refere-se a Inocêncio XIII, que procurou erradicar a corrupção.
Caso o cardeal eleito seja do Sul, tal como o argentino Francisco, estão sobre a mesa nomes como Gelásio, Milcíades ou Victor, apontou o professor universitário.
Especialistas acreditam também que existe a hipótese de o próximo Sumo Pontífice se chamar João XXIV ou Francisco II. Ou até vir a ter um nome composto de João Francisco, homenageando assim vários antecessores.
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