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Quem foi o primeiro Papa?

Vanda Marques
Vanda Marques 08 de maio de 2025 às 18:54
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Pedro, apóstolo de Jesus, foi o primeiro líder da Igreja Católica. Depois de si nunca mais nenhum Santo Padre usou este ano. Tem um simbolismo demasiado grande.

O primeiro líder da Igreja Católica dá nome à Basílica do Vaticano. Foi amigo e discípulo de Jesus e tornou-se seu apóstolo. Será depois da morte de Jesus, que Pedro se irá destacar ainda mais. Tornou-se o líder dos apóstolos, descrito como porta-voz da mensagem de Jesus. Mas são poucas as pistas sobre a vida de Pedro, uma personagem verdadeiramente "misteriosa", diz àSÁBADOBarrie Wilson. "Temos muito poucas provas ou evidências arqueológicas de Pedro, temos dificuldade em saber quem foi além dos textos", diz o historiador Nuno S. Rodrigues.

Alessandra Tarantino/AP

O que ficou para a História é que era pobre, irmão de André, vivia junto ao grande lago do mar da Galileia e tinha uma vida simples. Não conhecia o mundo. Nasceu em Betsaida, mas mudou-se para Cafarnaum. Quando se casou estava longe de imaginar que viria a ser um dos mais importantes líderes daquela que viria a ser a Igreja Católica. Da vida pessoal conhece-se que a sogra adoeceu e que Jesus a curou (evangelho de Lucas).

A vida pacata de Pedro – que por vezes aparece referido como Simão – foi alterada para sempre quando conheceu Jesus. Nem sempre o compreendia mas ocupou um lugar de destaque. "Jesus não deixou um caderno de encargos, nem uma orientação a quem deixou o movimento", esclarece o teólogo Paulo Mendes Pinto.

A pista que fica é quando Jesus se refere a Pedro como a "pedra" sobre qual edificará a sua Igreja. Para o teólogo Armindo Vaz, Pedro é um dos apóstolos com quem se pode ter mais empatia, porque tem várias dúvidas. "Pedro aparece nos evangelhos como uma pessoa impetuosa, temperamentalmente, por vezes primária, alguém que reage imediatamente aos acontecimentos e às palavras. Não entende logo a mensagem de Jesus. Na verdade, nenhum entendeu inicialmente o Evangelho. Foram percebendo pouco e pouco, sobretudo depois de Jesus morrer."

Pedro conhece Jesus através do irmão André. Era um homem do campo, humilde, falaria aramaico e conheceria o básico do grego. Mas a sua casa parece ter sido o quartel-general dos apóstolos, argumenta o professor Francisco Martins.

"Pedro é um dos 12 apóstolos, doméstico. É o pescador e está mais virado para os cristãos que ainda se acham judeus", diz Nuno S. Rodrigues. Mas a sua importância é inegável, diz Francisco Martins: "No Novo Testamento, o nome de Pedro aparece 190 vezes. Nenhum outro aparece tantas vezes."

E é com Pedro que Paulo faz questão de ir falar no conselho que reúne os mais importantes seguidores do cristianismo. Motivo? Quer contestar a versão mais extrema da religião: os gentios ficavam de fora. Não nos podemos esquecer que o cristianismo nasceu do judaísmo, e quem seguia os livros sagrados tinha de cumprir as normas e uma delas era a circuncisão. Quem não era circuncidado não podia juntar-se ao movimento. Paulo discorda. "A circuncisão não gozava de boa publicidade. Uma das coisas que aconteceu no judaísmo nessa altura, quando os judeus estavam a tentar aculturar-se, a circuncisão era extremamente visível num contexto muito social, que era o ginásio", argumenta Francisco Martins. "É uma reunião que tem tudo para ter sido bastante tensa e conflituosa. Porque estavam em lados opostos. Por um lado Paulo queria abrir o movimento aos que não respeitavam todas as regras do judaísmo, já Tiago preferia uma postura mais rigorosa e Pedro acaba por ficar no meio, quase como um mediador. O que se decidiu neste encontro foi determinante para o futuro do cristianismo", sublinha o historiador brasileiro, Pedro Paulo Funari. 

O nome de Pedro

Vai ser Pedro, um pescador simples, que conviveu com o filho de Maria e José, a solidificar as crenças em Jerusalém até ser morto de forma trágica. Segundo o biblista Armindo Vaz, entre os vários seguidores do Messias, Paulo, Pedro, Tiago e João foram a base do cristianismo. "Eles foram os grandes influencers, como se diz hoje. Espalhando a mensagem de liberdade pelo Império Romano. Percorreram de Jerusalém à Ásia menor, passando pelas ilhas do mediterrâneo até Roma. Foram determinantes na história ocidental", diz à SÁBADO.

O curioso é que o nome de Pedro nunca mais foi usado pelos cardeais eleitos Papa. Há quem refira que há uma profecia que caso haja um Papa Pedro II a igreja poderá estar em causa.

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