O argentino de 88 anos esteve internado durante mais de um mês. Foi eleito papa em 2013, tornando-se o primeiro sul-americano a liderar a Igreja Católica.
Morreu Jorge Mario Bergoglio, o primeiro papa jesuíta e também o primeiro líder da Igreja oriundo da América do Sul. O bispo de Roma que veio "do fim do mundo" morreu aos 88 anos, em Roma, esta segunda-feira, 21 de abril, depois de ter estado internado 38 dias devido a pneumonia bilateral.
REUTERS/Guglielmo Mangiapane
No dia 13 de março de 2013, Bergoglio foi apresentado aos fiéis na Praça de São Pedro, no Vaticano, como o primeiro Papa com o nome "Francisco". O argentino sucedia a Bento XVI e aparecia apenas com batina branca e sem as habituais vestes vermelhas pontifícias. "Tal como não quis a capa de veludo nem o carretel de linho... Não eram para mim. Dois dias depois, disseram-me que deveria mudar as calças, vestir umas brancas. Fizeram-se sorrir. Disse: 'Não me agrada fazer de vendedor de gelados'", explicou na sua autobiografia. "E mantive as minhas." Transmitiu assim uma mensagem de simplicidade que marcaria todo o seu percurso enquanto líder da Igreja Católica. "Sabeis que o dever do Conclave é dar um bispo a Roma. Parece que os meus irmãos cardeais foram buscá-lo no fim do mundo, mas estamos aqui", disse o Papa na altura.
REUTERS/Max Rossi
Jorge Bergoglio nasceu em Buenos Aires, na Argentina, a 17 de dezembro de 1936, no seio de uma família de origem italiana. Nasceu às 43 semanas: "A pontualidade agrada-me, é uma virtude que aprendi a apreciar. E considero um dever meu, um sinal de educação e respeito, chegar a horas. Porém, era a minha primeira vez e já estava atrasado", escreveu na sua autobiografia, Esperança. Estudou química, mas decidiu ser sacerdote e entrou para o seminário de Villa Devoto. A mãe, Regina Maria, que não concordava com o seu ingresso, não acompanhou o filho no dia de entrada no seminário diocesano, em 1956. Mais tarde, Francisco licenciou-se em filosofia e teologia.
Ordenado padre em dezembro de 1969, aos 33 anos, foi nomeado Bispo Titular de Auca e Auxiliar de Buenos Aires em maio de 1992 por João Paulo II. Foi promovido a Arcebispo Coadjutor de Buenos Aires em 3 de junho de 1997. Quatro anos depois foi criado cardeal.
Em março de 2013 tornou-se o 266.º Papa da Igreja Católica, o primeiro não-europeu e o primeiro jesuíta em mais de mil anos a liderar a Igreja. Antes da nomeação perguntaram-lhe se aceitava a escolha para ser Papa, ao que respondeu: "Eu sou um grande pecador, confiando na misericórdia e na paciência de Deus, no sofrimento, aceito". Na altura, explicou que escolheu o nome Francisco por ser uma referência a Francisco de Assis e à "sua simplicidade e dedicação aos pobres".
Foi um papa polémico desde o primeiro momento. Defendendo uma aproximação aos mais pobres, o Papa primou pela simplicidade e transmitir uma imagem de humildade, o que irritou alguns setores mais conservadores. O Papa abdicou do secular Palácio Apostólico onde sempre viveram os seus antecessores, vivendo na Casa de Santa Marta, uma hospedaria destinada a bispos, outro sinal que mostrava a sua vontade de tornar mais humilde o exercício papal, mas essa mudança aprofundou ainda mais a animosidade de alguns setores do catolicismo contra este padre tão ávido de quebrar com a tradição.
"Não posso viver sem pessoas. Não sirvo para monge. Por isso fiquei a viver aqui", confessou o Papa Francisco, numa entrevista ao jornal argentino La Voz del Pueblo, em maio de 2015, sobre a sua decisão de morar na Casa de Santa Marta. Numa tentativa de mostrar que era humano como todos os outros, afirmou várias vezes o seu amor por atividades fora do sacerdócio e da teologia como o tango e o futebol, em especial pelo San Lorenzo de Almagro, a sua equipa. Recebeu até a seleção argentina por duas vezes no Vaticano. Foi também o primeiro Papa a escrever a sua autobiografia, em que revelou ter sido alvo de um atentado à bomba em 2021.
O seu mandato papal fica marcado pelas investigações aos abusos sexuais de crianças no seio da Igreja: em 2019, juntou num evento inédito sobre o tema vítimas e presidentes das Conferências Episcopais de 130 países, tendo comparado o crime ao "sacrifício de seres humanos". Apresentou os passos para a luta contra os abusos de menores na Igreja católica, defendendo ter chegado a hora de "dar diretrizes uniformes para a igreja". "Nenhum abuso deve jamais ser encoberto e subestimado, pois a cobertura dos abusos favorece a propagação do mal e eleva o nível do escândalo", afirmou.
Em 2024, o Papa voltou a abordar os abusos sexuais de menores: "A Igreja deve ter vergonha e pedir perdão. Tentar resolver esta situação com humildade cristã e fazer todo o possível para que não volte a acontecer. Penso nos casos dramáticos de abusos de menores, um flagelo que a Igreja está a enfrentar com determinação e firmeza, escutando e acompanhando as pessoas feridas e implementando um amplo programa de prevenção em todo o mundo. Esta é a vergonha que todos temos que assumir agora, pedir perdão e resolver o problema."
A saúde do Papa veio-se a deteriorar bastante nos últimos anos e o líder da Igreja que era louvado pela sua vivacidade passou a usar cadeira de rodas, andarilho ou bengala por causa de problemas nos joelhos e dores no nervo ciático. As constipações e gripes têm sido recorrentes. Em 2021, foi-lhe removido um pedaço (33 centímetros) do cólon e, em 2023, foi submetido a outra cirurgia para remover tecido cicatricial intestinal e reparar uma hérnia abdominal. Quando teve um caso grave de pneumonia, em 2023, saiu do hospital ao fim de três dias e só depois reconheceu que tinha sido internado de urgência depois de se sentir fraco e com uma dor aguda no peito.
A 18 de fevereiro foi revelado que o Papa sofria de pneumonia bilateral depois de ter sido internado com uma infeção respiratória, no Hospital Gemelli, em Roma. O seu quadro clínico foi descrito como "complexo".
O Papa Francisco mudou as regras dos funerais papais: em vez de ser colocado nos tradicionais três caixões, ficará num só caixão de madeira com interior de zinco e nele, será transferido para a Basílica de São Pedro. O báculo papal, símbolo do poder papal, não será também colocado junto do caixão e Francisco pediu ainda para ser enterrado não na Basílica de São Pedro, mas sim na Basílica de Santa Maria Maior. A 14 de março de 2023, quando foi eleito, foi o primeiro sítio aonde se dirigiu para rezar.
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