Sábado – Pense por si

Germano Almeida
Germano Almeida
22 de dezembro de 2025 às 23:00

A Ucrânia não ficará sozinha

Zelensky vê na integração na UE uma espécie de garantia de segurança, ainda que não compense a não entrada na NATO. É possível sonhar com um cessar-fogo capaz de evitar uma futura terceira invasão russa da Ucrânia (agora para Odessa e talvez Kiev, rumo às paredes da frente Leste da UE)? Nunca num cenário de concessão do resto do Donbass. O invadido a oferecer, pela negociação, ao invasor o que este não foi capaz de conquistar no terreno? Não pode ser. Aberração diplomática que o fraco mediador Trump tenta impor aos ucranianos.

A Ucrânia não vai, não pode, aceitar uma cedência de território na parte que ainda controla no Donbass. Isso seria aberração diplomática, histórica e política: o invadido a ceder ao invasor uma parte que este não conseguiu conquistar pela força? Ora, por incrível que pareça, é isto que a Administração Trump tem tentado fazer com que os ucranianos aceitem, numa obediente diligência do suposto "mediador" à parte que está a invadir. Se o processo negocial tem denunciado uma posição pró-russa dos EUA de Trump, a Ucrânia sabe, por outro lado, que nunca ficará sozinha. A Europa está no processo, não só por motivos caridosos, mas por interesse própria: a sua nova arquitetura dependerá do que a Ucrânia conseguir resistir. Por entre argumentos repetidos e esgotados, do processo negocial surgiu novidade interessante: para compensar uma não entrada na NATO, a Ucrânia poderia entrar na UE já em janeiro de 2027. Garantia de segurança de segunda apanha? Chamem-lhe o que quiser. Mas será um dos pontos a olhar com atenção em 2026: vai mesmo a integração europeia da Ucrânia acelerar nos próximos meses? E disso dependerá um possível processo eleitoral, já em pleno estatuto UE? Ou pode vigorar o pior cenário, com Zelensky empurrado pelos americanos a aceitar eleições em breve, com óbvio risco de interferência russa e possível vitória de "fantoche" pró-russo? A Europa tem de ter sempre uma palvra a dizer. Não, a Ucrânia não ficará sozinha.

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A Ucrânia não ficará sozinha

Zelensky vê na integração na UE uma espécie de garantia de segurança, ainda que não compense a não entrada na NATO. É possível sonhar com um cessar-fogo capaz de evitar uma futura terceira invasão russa da Ucrânia (agora para Odessa e talvez Kiev, rumo às paredes da frente Leste da UE)? Nunca num cenário de concessão do resto do Donbass. O invadido a oferecer, pela negociação, ao invasor o que este não foi capaz de conquistar no terreno? Não pode ser. Aberração diplomática que o fraco mediador Trump tenta impor aos ucranianos.