Os partidos começam a reagir à demissão do primeiro-ministro. Direita pede eleições antecipadas e esquerda exige averiguação dos factos no caso do negócio do lítio e do hidrogénio verde.
Começam a surgir as reações dos partidos com assento parlamentar àdemissão de António Costa, já aceite por Marcelo Rebelo de Sousa, na sequência da notícia de que está a ser investigado por crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência.
O caso envolve concessões de exploração de lítio e de hidrogénio, e a construção de um data center em Sines, e já levou à prisão preventiva de Vítor Escária, chefe de gabinete de Costa, Diogo Lacerda Machado, consultor do ex-primeiro ministro, de presidente da Câmara de Sines, o socialista Nuno Mascarenhas, bem como de dois executivos da sociedade Start Campus. João Galamba, ministro das Infraestruturas, e Nuno Lacasta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, foram constituídos arguidos.
Pela voz de Rui Rocha, presidente do partido, a Iniciativa Liberal, primeira força política a pedir a demissão de Costa no rescaldo do caso, recordou "as palavras que o Presidente da República tinha dito logo no início [do mandato], a afirmar que esta era uma eleição pessoal de António Costa, e que, portanto, em caso de saída, era necessário ir a eleições". Rocha considera que não há "outra solução neste momento que não a dissolução da Assembleia da República" e a convocação de eleições. Para o partido, que afirma que "vai continuar a apresentar aos portugueses soluções diferentes, para o País crescer", "a estagnação de António Costa acabou hoje".
André Ventura, do CHEGA, ecoou muitos dos pontos da IL, enfatizando as palavras proferidas por Marcelo Rebelo de Sousa depois das últimas eleições e apelando "ao PR que inicie os procedimentos necessários para realização das necessárias eleições antecipadas", uma solução que considera "mais premente do que nunca". Saudou ainda a demissão de Costa por ser "a única saída que existia", sublinhando que "não é possivel substituir o primeiro-ministro por outro qualquer ministro deste Governo", e encerrou com um apelo à união da direita "para acabar com esta governação socialista", afirmando que o partido fará tudo "para ter um governo em funções o mais depressa possível".
Já o LIVRE, que se manifestou por meio do seu deputado único, Rui Tavares, opinou que "é sério que esta demissão tenha acontecido pelos motivos que sucedeu", mas frisou que "não é um partido incendiário numa situação que já é inflamável no nosso País" e que "o que é importante agora é que os partidos contribuam para ajudar a resolver esta situação". Para o partido, "este é o tempo do senhor Presidente da República", que "conta com a confiança do LIVRE para ouvir os partidos e o Conselho de Estado e tomar as suas decisões", às quais o partido não se antecipa. Apesar de as sondagens surgerirem que, caso houvesse eleições, o partido sairia beneficiado, Rui Tavares afirma que "antes do LIVRE, está o País."
Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, salienta que, "no plano constitucional, não é obrigatório que à demissão do primeiro-ministro se suceda a dissolução da Assembleia da República." Ainda assim, o partido reafirma "que cabe ao Presidente da República a avaliação e decisão final", e que, "no quadro atual, não se pode deixar de considerar [essa] saída e a convocação de eleições, para as quais o PCP está pronto". Vinca que "O que a situação do país exige é a rejeição da política de direita que tem sido perseguida pelo governo do PS", e que se exige igualmente "a concretização de uma política alternativa liderada pelo PCP e pela CDU."
O PAN, através da deputada Inês de Sousa Real, lamentou "a demissão do primeiro-ministro ainda em funções por alegado caso de investigação" e o facto de "neste momento difícil que o país apresenta, (...) estejamos neste momento a ter mais uma vez uma crise política desta dimensão." Afirmou que "vai aguardar a chamada do PR para ouvir o que tem a dizer aos partidos", e sublinha que "todas as forças políticas e instituições têm o dever de por o superior interesse do País e das pessoas à frente dos interesses e querelas políticas."
No âmbito das forças políticas sem assento parlamentar, o Partido Ecologista Os Verdes afirma que "apontou desde o início do processo do lítio" os problemas de "falta de transparência, anomalias e irregularidades" que colocarão "em causa, irreversivelmente, a qualidade de vida das populações", mas que espera agora "que a justiça apure o que houver a apurar, de uma forma série e eficaz."
Vítor Mota/Cofina Media
Na mesma linha da direita parlamentar, Nuno Melo, do CDS-PP, frisou o que disse Marcelo no início do último governo, acrescentando que, "se há algum valor no poder das palavras, o PR tratará de ser coerente como seu próprio pensamento" e marcará novas eleições, cenário para o qual "o CDS está preparado." Lembrou que o partido "já tinha pedido a dissolução do parlamento em dezembro de 2022" numa altura em que "este governo não estava em condições de se regenerar", e afirmou que "todo o Governo está neste momento ferido de morte."
A coordenadora do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua apelou a eleições antecipadas, a "saída para a crise política",salientando que "é importante que a justiça seja célere" e "esclareça rapidamente as suspeitas levantadas".
O líder do PSD Luís Montenegro pediu eleições antecipadas. "O Governo cai e caiu por dentro. É imperioso recuperar a credibilidade e confiança que se perderam e desbarataram. Só dá com eleições antecipadas: estamos preparados para elas. Nunca tivemos pressa, mas agora a degradação do Governo implica que não se perca mais tempo e que se devolva a decisão ao povo", afirmou, num discurso após reunir com a direção do partido.
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