O conceito de burocracia tem vários sentidos. Uns mais populares, outros científicos. Certa é a sua conotação negativa. Tal é a sua conotação negativa generalizada, como se tratasse de um lugar infernal na Terra, que não é com certeza por acaso a escolha política da palavra "guerra" pelo Governo para a combater.
Quando todos têm lugar na decisão, todos ganham dever na solução, e na ação.
Depois de ler a "A Máquina do Estado", de Joseph Heath, nunca mais vais focar a sua atenção apenas em políticos e comentadores, resultados e promessas eleitorais e políticas e decisões públicas.
Como parece demonstrar os resultados das recentes eleições legislativas em Portugal, os fatores humanos pesaram mais do que os ideológicos e económicos.
Os pracadémicos são profissionais que personificam a ponte viva entre a academia e a prática, combinando teoria e ação, ciência e técnica.
A história ensina, e a política comprova, que o poder é efémero por natureza. No entanto, surpreendentemente, muitos daqueles que o exercem tendem a esquecê-lo. Uns agem como se fossem insubstituíveis. Outros confundem o cargo com a pessoa.
O problema não é só de vontade política. É de método, ética e visão integrada. E são sistémicos, porque são interdependentes.
Nós não precisamos apenas de contas certas, precisamos de políticas certas!
A confiança faz-se e depende destas duas dimensões: competência e ética. Tanto a pública, quanto a privada.
O "Caso Montenegro" é um caso de falta de boa gestão de conflitos de interesses, cuja assunção do erro, em política, seria um comportamento ético. Não é muito comum, entre nós, pois a cultura do erro não nos caracteriza como povo, é mais a cultura da desculpa, autoridade ou não confronto.
O IPC é sobre perceção da corrupção, não é sobre corrupção, não mede a corrupção verificada ou prevalente num determinado país ou território autónomo.
Que descanse em paz e o seu trabalho, rigor, humildade e generosidade continuem a inspirar o estudo da administração pública e o serviço público, agora, mais do que nunca, precisamos de referências e de exemplos, sobretudo na reforma da gestão pública e na vida pública.
O CEO da Galp não foi afastado por ter um relacionamento amoroso ou afetivo com uma diretora da empresa sua subordinada, nem, também, há uma violação do direito à intimidade da vida privada tampouco da liberdade pessoal, nem do direito constitucional e laboral.?
As políticas públicas tradicionais têm operado por via externa, da educação, e interna, da formação, mas estas abordagens têm produzidos resultados insuficientes, comprovados por décadas sucessivas.
A grande lição aqui é a de que não se conhece nenhum exemplo de sucesso de uma agência anticorrupção sem o apoio público, sobretudo da população, mais do que do governo.
Os dados sobre assédio publicados em Portugal são, apesar de escassos, deveras preocupantes.
