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A despedida de Costa: "Podem ter-me derrubado mas não me derrotaram"

O primeiro-ministro demissionário e ex-secretário-geral do PS tem o discurso da noite no 24.º Congresso do PS, em Lisboa. Afirmou que o "diabo não veio" porque "o diabo é a direita e porque os portugueses não devolveram o poder à direita."

António Costa, ex-secretário-geral do PS, frisou que "o PS está unido em torno da nova liderança" de Pedro Nuno Santos. No Congresso do PS, frisou que o seu sucessor é o primeiro líder do PS nascido depois da Revolução dos Cravos, "para dar continuidade a 50 anos de história que têm muito futuro". 

António Cotrim/Lusa

Destacou ainda a "nova energia e novo olhar" da nova geração sobre questões e soluções.

No início do seu discurso, desejou "do fundo do coração todas as felicidades do mundo". "As maiores felicidades políticas, mas também pessoais. Você merece Pedro Nuno, força, vamos em frente, vamos ganhar as próximas eleições", afirmou.

A escolha do novo secretário-geral "demonstrou a vitalidade do PS": "Um partido que em pouco mais de um mês enfrentou uma situação traumática mas conseguiu superar com mobilização extraordinária dos militantes que participaram na eleição. O PS honrou a sua história de pluralidade, foi uma eleição participada" através das candidaturas de Daniel Adrião e José Luís Carneiro.

"O PS não é um partido qualquer na sociedade. Representa um amplo espaço político da esquerda e do centro e que só tem representação no PS, que se mobilizou, que disputou a liderança de forma plural", defendeu o primeiro-ministro.

"Nunca faltámos nos momentos mais difíceis que Portugal e os portugueses tiveram que enfrentar. Pudemos inovar, ousar, rasgar novos horizontes. O PS que em 2015 assinou acordos com PCP, Os Verdes e BE foi o mesmo que nas ruas se bateu em 75 para garantir a liberdade e democracia e combater deriva totalitária da revolução. Não deixaremos voltar a erguer esses muros. Criámos um novo padrão de governabilidade no país. A oportunidade provou bem e os muros não mais voltarão a existir dentro da esquerda portuguesa."

António Costa culpou ainda o Presidente da República por ter avançado "até ao possível" na regionalização, porque tinha "um Presidente que não a queria". Além disso, disse ter conseguido contas certas e que "o diabo não veio, não veio e não veio": "É que o diabo é a direita e porque os portugueses não devolveram o poder à direita."

O secretário-geral cessante do PS afirmou ainda que é o PS "que vai resolver os problemas". 

Costa mencionou ainda os jovens, que apesar de estarem acima da média no que toca à frequência do ensino superior, se sentem injustiçados com os salários. "Sabemos isso, mas ao contrário de quem lhes disse para emigrar, lutamos para que fiquem entre nós e que seja entre nós que construam o seu futuro."

"Tenho que dizer: é possível fazer melhor mas há uma coisa que podem estar certos, só o PS fará melhor que o PS", assegurou. "Muito obrigado pela confiança que em mim depositaram há nove anos para liderar o PS. É uma honra enorme dar continuidade a uma história que Soares iniciou e depois dele os outros. Foi uma enorme honra", garantiu. 

"Quero agradecer-vos a todos o apoio que sempre tive do partido em todos os momentos muito difíceis. Governar não são só coisas boas, há também coisas duras. Mas sofre-se com alegria quando se acredita no que se está a fazer."

Agradeceu o apoio sempre dado pelo partido e pediu que seja dado o mesmo a Pedro Nuno Santos. 

Deixou agradecimentos especiais a Carlos César, a Ferro Rodrigues, Santos Silva, bem como a Luís Patrão (que morreu em julho de 2023). Escolheu quatro pessoas para destacar ainda: Ana Catarina Mendes, Duarte Cordeiro, Maria Manuel Leitão Marques e Mariana Vieira da Silva.

"Há 42 anos que venho a congressos, é o vigésimo a que venho, não é altura para me emocionar", disse antes de agradecer à mulher, Fernanda Tadeu, "que verdadeiramente merecia ser militante honorária da JS".

O PS está "forte, vivo, rejuvenescido com nova energia".

Numa nota final, sublinhou: "Podem ter-me derrubado mas não me derrotaram. Derrubaram o governo mas não derrubaram o PS." 
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