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JD Vance considera insultuosa lei israelita que aprova anexações na Cisjordânia

Diogo Barreto
Diogo Barreto 23 de outubro de 2025 às 18:50
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A lei foi aprovada no parlamento e aplaudida por ministros do executivo de Netanyahu.

O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, classificou como "insultuosa" uma votação realizada pelo parlamento de Israel esta quarta-feira, sobre anexações na Cisjordânia que foi aprovada e aplaudida por parte do executivo.

JD Vance critica lei israelita sobre a Cisjordânia, vista como insultuosa
JD Vance critica lei israelita sobre a Cisjordânia, vista como insultuosa AP Photo/Leo Correa, Pool

A declaração foi feita horas depois do secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmar que os planos de anexação israelitas colocam em risco o promovido pelo presidente norte-americano, Donald Trump, para a Faixa de Gaza. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, culpou a oposição pela aprovação dos projetos.

O parlamento israelita (Knesset) aprovou esta quarta-feira, numa leitura preliminar, uma proposta para anexar o território palestiniano ocupado da Cisjordânia pela diferença de um voto. “O projeto de lei para aplicar a soberania aos territórios da Judeia e Samaria foi aprovado em leitura preliminar por uma maioria de 25 a favor e 24 contra”, anunciou a Knesset, de 120 membros.

“O Estado de Israel aplicará as suas leis e soberania às áreas de colonatos na Judeia e Samaria, para estabelecer o estatuto destas áreas como parte inseparável do Estado soberano de Israel”, lê-se no projeto de lei. O projeto legislativo foi proposto pelo líder e único deputado do partido Noam, Avigdor Maoz, que aludiu à ideia do “Grande Israel”, que apaga os territórios palestinianos do mapa, durante o debate parlamentar.

"Pessoalmente, considero isso um insulto", afirmou Vance. "A política do executivo Trump é de que a Faixa de Gaza não deve ser anexada por Israel", sublinhou. 

Esta nota de repúdio acontece um dia após Vance se ter encontrado com Netanyahu, e garantir que as visitas de autoridades americanas ao país não tinham o objetivo de monitorizar o acordo de cessar-fogo "como quem monitoriza uma criança".

Na reação à proposta de lei, vários membros do executivo israelita vieram aplaudir: “Chegou o momento de aplicar a soberania plena sobre todos os territórios da Judeia e Samaria, a herança dos nossos antepassados”, aplaudiu o ministro das Finanças, o ultradireitista e colono, Bezalel Smotrich, nas redes sociais. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, também de direita radical e apologista dos colonatos, regozijou-se igualmente com o projeto de lei. “Chegou o momento da soberania agora”, escreveu nas redes sociais.

Os dois ministros já tinham exigido em setembro a Netanyahu a anexação da Cisjordânia em resposta ao reconhecimento do Estado palestiniano por mais de uma dezena de países, incluindo Portugal, França, Reino Unido, Canadá e Austrália.

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