Sábado – Pense por si

O que se sabe sobre o plano de cessar-fogo de Trump para Gaza?

Capa da Sábado Edição 23 a 29 de setembro
Leia a revista
Em versão ePaper
Ler agora
Edição de 23 a 29 de setembro
As mais lidas

Trump avançou que vai liderar a "Comissão para a Paz", da qual o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair está a desenvolver um plano para a administração internacional de Gaza durante a transição.

Ainda muito falta saber sobre o plano de 21 pontos de Donald Trump para Gaza, no entanto é conhecido que o plano tem como principal foco delinear a forma como o território será governado após a guerra. 

Trump e Netanyahu discursam lado a lado, junto das bandeiras dos EUA e de Israel
Trump e Netanyahu discursam lado a lado, junto das bandeiras dos EUA e de Israel Foto AP/Alex Brandon

Apesar de o presidente norte-americano acreditar que é possível aplicar o seu plano, os vários pontos ainda ser rejeitados por Israel ou pelo Hamas pelo que Benjamin Netanyahu esteve reunido com Trump na Casa Branca esta segunda-feira naquele que o presidente norte-americano considerou que é “um grande dia” para a “paz no Médio Oriente”.  

“Vamos parar com a morte e a destruição”, garantiu Trump não Salão Oval depois da reunião. 

Ainda não existe um texto público sobre a proposta, mas Trump avançou que vai liderar a "Comissão para a Paz", da qual o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair está a desenvolver um plano para a administração internacional de Gaza durante a transição.

O Hamas tem defendido que o plano significa rendição uma vez que teria de não só deixar de governar Gaza, o que já afirmou estar disposto a fazer, como teria de se desarmar, algo que tem rejeitado. Ainda assim Trump afirmou que que acredita que vai ter “uma resposta positiva” por parte do Hamas e que se isso não acontecer Israel vai ter “o direito e apoio total” dos Estados Unidos para “terminar o trabalho de destruir a ameaça do Hamas”.

Já Israel não podia controlar a Faixa de Gaza, o que vários líderes políticos israelitas já referiram que querem manter. Mas o ponto tornado público que tem recebido mais oposição por parte de Israel é a possibilidade de a Autoridade Palestiniana, sediada na Cisjordânia, governar Gaza. Trump tem sugerido ainda que o plano pode levar à criação de um estado palestiniano, o que também tem sido rejeitado por Israel. Trump afirmou até que Netanyahu permanece “muito claro sobre a sua oposição a um estado palestiniano”.

O Hamas ficará obrigado a libertar todos os reféns que ainda mantém em Gaza, independentemente de estarem vivos ou mortos, "em 72 horas" segundo as declarações do presidente norte-americano. Israel acredita que vinte dos 48 reféns ainda estão vivos. Em troca Israel libertaria centenas de prisioneiros palestinianos, incluindo alguns que estão condenados a penas de prisão, bem como outros corpos mantidos por Israel, e realizaria uma retirada gradual de tropas na Faixa de Gaza. 

Não está definido quanto tempo vai demorar esta parte do plano, o Hamas já afirmou que não vai libertar todos os reféns a menos que exista uma “declaração clara” de que a guerra em Gaza vai terminar definitivamente. Já Israel tem se recusado a comprometer com uma retirada total e defende que quer manter o controlo do Corredor Filadélfia, uma faixa de terra na fronteira sul de Gaza com o Egito, com o objetivo de impedir o contrabando de armas. Ainda assim deve ficar também garantido que os palestinianos não serão expulsos e que haverá um esforço internacional para reconstruir o território. Esta é uma mudança de posição por parte de Trump, que anteriormente defendeu que a população palestiniana deveria ser expulsa, de forma “voluntária”, e a Faixa de Gaza reconstruída para criar uma Riviera do Médio Oriente. 

Para o futuro próximo o plano prevê que Gaza seja governado de forma internacional. É provável que esta força internacional seja composta em grande parte por países árabes e um comité internacional que supervisionaria uma administração interina de palestinianos que ficariam responsáveis por assuntos do cotidiano. As forças internacionais vão garantir o desarmamento as milícias militares e treinar a polícia palestiniana para futuramente assumir a aplicação da lei, além de supervisionar a aplicação do financiamento de reconstrução. 

Isto significa que o Hamas não teria qualquer participação na administração de Gaza e todas as suas infraestruturas militares seriam desmanteladas, os membros que prometessem viver em paz receberiam amnistia, e aqueles que desejassem sair de Gaza teriam permissão para o fazer. Já a Autoridade Palestiniana deve passar por reformas para que mais tarde tenha condições para assumir o governo de Gaza. 

Quanto à ajuda humanitária, seria autorizada a entrar em Gaza em grandes quantidades e seria administrada por organismos internacionais que incluiu a ONU e o Crescente Vermelho.  

Ao que parece esta proposta tem conseguido o apoio dos líderes árabes, esta segunda-feira o Egito e os Emirados Árabes Unidos consideraram que a iniciativa “abre o caminho para alcançar uma paz duradoura e abrangente na região” 

Artigos Relacionados
Bons costumes

Gaza não é Timor

À mesa dos media é, então, servido um menu em que consta, em primeiro lugar, a obtenção de um mandato das Nações Unidas reconhecendo a «autoridade suprema política e legal» desta entidade que Blair se propõe dirigir.