Este tipo de balões estão normalmente equipados com alta tecnologia de recolha de imagem que oferecem uma monitorização de curto alcance. Muitos contêm aparelhos de orientação, conseguem recolher sinais eletrónicos e intercetar comunicações.
Nos últimos oito dias os Estados Unidos revelaram ter abatido três balões com ligações à China. Outro aparelho foi abatido pelo Canadá durante a noite de dia 12, domingo.
REUTERS/Randall Hill/File Photo
Washington afirma que estes balões foram usados para sobrevoar várias áreas de interesse estratégico emergente para a China, como o Japão, Índia, Vietname, Taiwan e Filipinas, passando por quarenta países nos cinco continentes.
O governo de Taiwan confirmou esta segunda-feira, 13, que durante os últimos anos vários balões de espionagem chineses sobrevoaram o espaço aéreo da ilha. Uma fonte do governo referiu aoFinancial Timesque em média é registado um destes aparelhos por mês.
O ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, anunciou que o Reino Unido vai rever as normas de segurança aérea do país e que está a trabalhar em parceria com os Estados Unidos e outros países para analisar o perigo representado pelos balões em causa. O ministro considerou que estas invasões são "mais um sinal de como o cenário global de ameaças está a mudar para pior".
Agora a China defende-se e garante que durante 2022, balões norte-americanos sobrevoaram pelo menos dez vezes a República Popular.
Para quê que servem os balões de vigilância?
Este tipo de balões estão normalmente equipados com alta tecnologia de recolha de imagem que oferecem uma monitorização de curto alcance e muitos deles contêm aparelhos de orientação, de forma a atingir certos alvos.
Apesar de os satélites serem o método mais utilizado para a realização de espionagem aérea, como os balões estão mais próximos da Terra, normalmente atingem a mesma altitude do que o voo comercial e deslocam-se a uma velocidade mais reduzida, conseguindo obter imagens mais nítidas do que os satélites.
Os balões de vigilância também estão preparados para recolher sinais eletrónicos e intercetar comunicações, explicou David DesRoches, professor do Centro de Estudos Estratégicos do Sudeste Asiático na Universidade de Defesa Nacional em Washington.
Porque é que foram encontrados tantos balões agora?
No final do mês de janeiro o governo dos Estados Unidos admitiu que nos últimos anos uma frota de balões espiões chineses tinha sobrevoado os Estados Unidos sem ser detetada. Depois destas revelações, os militares norte-americanos ajustaram os seus radares para que consigam encontrar este tipo de objetos voadores, considerados difíceis de detetar mesmo através das tecnologias mais sofisticadas do mundo.
O Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (NORAD) partilhou que "o que os torna realmente difíceis de detetar e rastrear é o seu tamanho e potencialmente a forma" uma vez que estes são "objetos muito, muito pequenos que produzem uma identificação no radar muito, muito pequena".
Os filtros e os algoritmos do sistema de radares foram então examinados e ajustados para que se tornassem sensíveis o suficiente para detetarem objetos que se movem mais lentamente e em diferentes altitudes.
Após o abate do primeiro balão, um oficial dos Estados Unidos referiu à Reuters que o rastreio está a ser feito "com mais atenção". Já depois destas declarações, na sexta-feira, 10 de fevereiro, um caça F22 abateu um objeto não identificado do tamanho de um carro no Alasca e no domingo, um F16 abateu mais um objeto não identificado.
Ainda no sábado, as autoridades canadianas utilizaram um F22 para abater outro objeto similar ao primeiro balão abatido mas significativamente menor.
Neste momento, as autoridades dos dois países estão a trabalhar para recuperar os destroços dos objetos para que seja possível estudar o seu propósito e origem.
O que sabem os Estados Unidos?
As autoridades dos Estados Unidos, em coordenação com o governo do Canadá, detetaram pela primeira vez o primeiro balão no dia 31 de janeiro, que acabou por ser abatido a 4 de fevereiro por um míssil de caça F-22, enquanto sobrevoava o Oceano Atlântico.
Na passada quinta-feira, um alto funcionário do Departamento do Estado dos EUA avançou que o equipamento identificado no primeiro balão abatido "era claramente para vigilância de inteligência". Este mesmo balão "estava equipado com várias antenas" para que fosse capaz de "recolher e geolocalizar comunicação", assim como "painéis solares grandes o suficiente para produzir a energia necessária para operar vários sensores de recolha de informações".
Depois de terem sido abatidos mais três objetos, Michael Bennet, membro do Comité de Serviços Secretos do Senado dos EUA, considerou que é preciso "entender a natureza da ameaça à segurança nacional". Os destroços do primeiro balão já estão a ser analisados.
Qual é a posição da China?
Segundo a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, as autoridades chinesas souberam que o seu balão se tinha desviado da rota para os Estados Unidos apenas quando foram notificadas pelas autoridades norte-americanas.
A China admitiu que o primeiro balão lhe pertence mas considerou que o mesmo se tinha desviado da rota original devido a ventos fortes, considerando-o ainda como "um aparelho voador civil usado para fins de investigação, principalmente meteorológica" e não para espionagem. Ainda antes de o balão ter sido abatido, Pequim garantiu que pretendia comunicar com os Estados Unidos para "gerir de forma correta" a situação inesperada, uma vez que "a China não tem qualquer intenção de violar o território e espaço aéreo de qualquer país", afirmou um porta-voz do governo chinês.
Após o abate do primeiro aparelho, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês emitiu um comunicado onde expressava a sua "forte insatisfação contra o uso da força pelos Estados Unidos". Depois de ter "pedido claramente aos EUA que tratassem a situação de forma adequada, calma, profissional e comedida", a China passa a "salvaguardar resolutamente os direitos e interesses legítimos das empresas envolvidas".
Esta segunda-feira, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular Chinesa afirmou que "é comum que os balões dos Estados Unidos entrem ilegalmente no espaço aéreo de outros países" expondo que "no último ano, balões de grande altitude norte-americanos sobrevoaram o espaço aéreo chinês mais de dez vezes". Assim sendo as autoridades chinesas consideram que "os EUA devem refletir e mudar de atitude antes de iniciarem uma confrontação e acusarem outros com calúnias".
Também Wang Wenbin, porta-voz da diplomacia de Pequim, considera que os Estados Unidos e o Canadá "reagiram de forma exagerada".
O que fizeram os Estados Unidos após confirmaram que a origem dos balões?
Os Estados Unidos já impuseram restrições económicas a seis entidades chinesas que consideram que podem estar ligadas aos programas aeroespaciais de Pequim. Desta forma cinco empresas e um instituto de investigação foram agora incluídos numa lista negra, pelo que terão maiores dificuldades em importar tecnologia norte-americana.
Estas entidades foram consideradas pelo "seu apoio aos esforços de modernização militar da China, especificamente os programas aeroespaciais do Exército de Libertação Popular, incluindo dirigíveis e balões", avançou o gabinete de Indústria e Segurança dos EUA.
O vice-secretário do Comércio, Don Graves, utilizou o Twitter para partilhar que as autoridades norte-americanas "não hesitarão em continuar a utilizar restrições e outras ferramentas regulatórias e de fiscalização para proteger a segurança e a soberania nacional dos EUA".
Como se encontra a relação entre os EUA e a China?
Os recentes incidentes levaram a um novo pico de tensão entre as duas potências.
Do lado norte-americano, Antony Blinken, secretário de Estado adiou uma rara visita à China, que iniciaria na sexta-feira passada, depois de Pequim ter recusado, a 4 de fevereiro, um telefonema do líder do Pentágono Patrick Ryder. Esta viagem tinha precisamente como objetivo desanuviar a tensão das relações bilaterais.
Já o Ministério da Defesa chinês afirmou, na passada sexta-feira, que recusou o telefonema após o balão ter sido abatido, uma vez que Washington "não criou a atmosfera adequada" para o diálogo. O porta-voz do Ministério da Defesa chinês considerou ainda que a medida adotada pelos Estados Unidos "violou gravemente as normas internacionais e estabeleceu um mau precedente".
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