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O novo advogado de Sócrates é igual ao antigo. A sabotagem judicial só mudou de nome. José Preto, o novo advogado de José Sócrates, precisava de cinco meses e meio para se inteirar do processo em que o seu novo cliente responde por 22 crimes. Coincidência engraçada, o prazo calharia perto da data em que hão de prescrever alguns dos crimes de corrupção de que o ex-primeiro-ministro é acusado. Mas o Tribunal só concedeu ao advogado dez dias, para além dos que já vai ter de presente pelas férias judiciais de Natal e Ano Novo. Apesar de ser o prazo previsto na lei, a decisão, diz José Preto, viola a lei, a Constituição, a Convenção Europeia dos Direitos Humanos – e, presume-se pelo tom lancinante dos protestos, as restantes leis da Terra e de Deus, os pilares da civilização e o Código da Estrada.
Enquanto o seu esforçado advogado tenta aprender em dez dias o que demoraria cinco meses e meio, José Sócrates, que podia bem sentar-se ao lado do seu novo mandatário e explicar-lhe os meandros do processo que conhece bem, entretém-se antes a passear pelas Arábias. Está tão preocupado com as penas do seu advogado como eu. Não admira: é antiga a suspeita, e corre solto o boato de que, desde o princípio, Sócrates tem uma estável e bem apetrechada equipa jurídica que lhe prepara as peças processuais e acompanha todo o processo. Pedro Delille tratava, diz-se, do teatro judicial e de pouco mais. O ator agora é outro, mas Sócrates, que empregava testas-de-ferro para lhe guardarem o dinheiro e testas-de-ferro para lhe escreverem livros e teses, também empregará testas-de-ferro para o defenderem em tribunal.
José Preto já se estreou na sua abnegada missão, com um requerimento em que espingarda sobre tudo em todas as direções – incluindo insinuando que funcionários judiciais teriam dado aos jornalistas a notícia de que era ele o novo advogado de Sócrates. A acusação, que mereceu uma queixa-crime do Sindicato dos Funcionários Judiciais, é absolutamente taralhouca, como José Preto bem sabe. Pela simples razão de que o processo não está em segredo de justiça, tem natureza pública e umas dezenas de arguidos e assistentes são imediatamente notificados quando um réu muda de mandatário.
Claramente, Susana Seca não disse a verdade quando exclamou, agastada: “acabou a brincadeira”. Não acabou nada. José Preto, o novo folclórico advogado de um homem que governou Portugal durante seis anos (quatro com maioria absoluta), tem um bom currículo de palhaçadas e apartes irados. Conseguirá seguramente o milagre de aprender o processo em dez dias, para dele tirar toda a sorte de criativas manobras dilatórias que é, desde o início, a parte central da defesa de Sócrates no plano judicial.
A parte mais relevante da defesa do ex-primeiro-ministro, no entanto, não é judicial. A lógica dos incidentes permanentes não serve só para arrastar o processo. Serve sobretudo para Sócrates poluir o julgamento, desacreditar o tribunal e a própria justiça. Serve para preparar o caminho para, se algum dia chegar a condenação, poder alegar que se trata de uma perseguição política por tribunais capturados (coisa que já hoje ele berra a quem o quiser ouvir – ou não conseguir evitá-lo). Serve, ao fim e ao cabo, para legitimar a sua própria culpa.
Legitimada a sua culpa, estará Sócrates tranquilo para, se for preciso, fugir do país e instalar-se num Emirado (onde poderá ser vizinho de Isabel dos Santos, outra injustiçada foragida) ou no Brasil, onde o amigo Lula é sensível a teses de cabalas judiciais. Por que razão precisa Sócrates de legitimar a sua desvergonha triunfal junto da opinião pública, arrastando os portugueses para o espetáculo deprimente da sua sociopatia pornográfica, é questão não para juízes, mas para psiquiatras. No fim, tal como afundou Portugal nos abismos da crise económica em 2011, José Sócrates Pinto de Sousa não descansará enquanto não arrastar o regime democrático e que nos resta de Estado de Direito consigo para o fundo. Somos reféns desta javardice. “Acabou a brincadeira”? Está só agora a começar.
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