Três anos antes, ainda ao lado do amigo, começou a lutar para que os Estados Unidos da América aprovassem uma lei que permitisse o congelamento de ativos americanos de cidadãos e empresas estrangeiras que fossem acusadas de violações graves de corrupção ou direitos humanos.
A medida foi aprovada já em 2016, com o nome Lei Magnitsky, e fez com que vários cidadãos russos – alguns próximos do Kremlin - ficassem impedidos de atuar no mercado estrangeiro.
A designação da legislação era dada em homenagem a Sergei Leonidovich Magnitsky, um advogado e consultor que em 2008 denunciou uma rede de corrupção que lesava a Rússia em mais de 200 milhões de euros. Apesar da descoberta foi brutalmente espancado e acabou por morrer na prisão ao fim de onze meses detido em condições desumanas. O caso foi repudiado internacionalmente e, nos anos seguintes, vários países ocidentais aprovaram legislações semelhantes.
Mas o ativismo político de Kara-Murza, dentro e fora da Rússia, trouxe-lhe vários problemas, por vezes maiores que a própria vida. Em 2015 o ativista foi hospitalizado depois de ter sido vítima de um envenenamento intencional. Os seus órgãos acabaram por entrar em falência e o político teve de passar por várias sessões de terapia para conseguir voltar a andar. Dois anos mais tarde, o quadro clínico repetia-se.
Já nos últimos anos, o historiador de 41 anos e pai de três filhos, não poupou críticas aos países europeus por "apaziguarem" os comportamentos de Vladimir Putin, que diz serem idênticos aos de Mussolini, o antigo ditador italiano.
Condenou, por diversas vezes, a invasão da Ucrânia e os crimes levados a cabo pelo exército no seu país.
Em abril de 2022 decidiu voltar à Rússia de forma livre onde foi detido sob a acusação de traição, partilha de "informações falsas" contra as forças armadas russas e cooperação com uma organização estrangeira.