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Gaza: civis à espera de água são mortos por ataque israelita. IDF admitem "erro"

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 13 de julho de 2025 às 16:42
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Após a morte de dez pessoas o exército israelita afirmou que tinha acontecido um "erro técnico" num ataque contra "terroristas" da Jihad Islâmica, que fez com que a munição caísse a dezenas de metros do alvo.

Dez pessoas, incluindo seis crianças, foram mortas por um ataque aéreo israelita enquanto esperavam para encher recipientes de água no centro de Gaza este domingo, avançaram as autoridades dos serviços de emergência.

Foto AP/Jehad Alshrafi

Os corpos foram enviados para o Hospital al-Awda em Nuseirat que, segundo a equipa médica, recebeu também 16 feridos devido ao mesmo incidente.

Testemunhas oculares referiram que um drone disparou um míssil contra a multidão que fazia uma fila com ao lado de um camião-tanque de água no campo de refugiados de al-Nuseirat. Já o exército israelita afirmou que tinha acontecido um "erro técnico" num ataque contra "terroristas" da Jihad Islâmica, que fez com que a munição caísse a dezenas de metros do alvo, as Forças de Defesa Israelita (IDF) referiram ainda que o incidente está sob análise devido à "alegação sobre baixas na área como resultado".

Imagens não verificadas que foram publicadas nas redes sociais depois do ataque, mostram crianças ensanguentadas e corpos sem vida.

Este "erro" ocorreu numa altura em que os ataques israelitas à Faixa de Gaza têm aumentado, o Comité Internacional da Cruz Vermelha avançou que o hospital de campanha de Rafah, no sul do enclave, recebeu mais pessoas nas últimas seis semanas do que nos doze meses anteriores. Só no sábado o hospital recebeu 132 pacientes "com ferimentos graves", 31 dos quais morreram.

A "esmagadora maioria" dos pacientes tinham ferimentos causados por balas e "todos os indivíduos que responderam" relataram que estavam a tentar aceder a locais de distribuição de alimentos. O relatório refere que o hospital tratou mais de 3 400 pacientes feridos por armas de fogo e registou mais de 250 mortes desde que os novos locais de distribuição de alimentos foram inaugurados, a 27 de maio: "A frequência e a escala alarmantes desses incidentes com muitas vítimas ressaltam as condições horríveis que os civis estão a enfrentar em Gaza".

O porta-voz da Agência de Defesa Civil de Gaza disse que outros 19 palestinianos foram mortos no domingo, em três ataques contra prédios residenciais na cidade Gaza e o hospital de Nasser referiu que no sábado 24 pessoas foram mortas perto de um local de distribuição de ajuda humanitário, com testemunhas oculares a afirmarem que as tropas israelitas abriram fogo enquanto as pessoas tentavam ter acesso a alimentos. Sobre esse incidente as IDF garantem que "não há feridos conhecidos", mas um oficial israelita afirmou que tiros de advertência foram disparados para dispersar pessoas que o exército acreditava ser uma ameaça.

O escritório dos direitos humanos da ONU referiu na sexta-feira que já tinham sido registadas 789 mortes relacionadas com os armazéns para recolha de ajuda, 615 estavam nas proximidades dos locais da Fundação Humanitária de Gaza, apoiada pelos Estados Unidos e Israel, os outros 183 foram registados perto de comboios de ajuda humanitária da ONU.

A Fundação Humanitária de Gaza tem acusado a ONU de utilizar estatísticas "falsas e enganosas" do Ministério da Saúde de Gaza, que pertence ao governo do Hamas.

Israel lançou uma ofensiva em Gaza para responder ao ataque do Hamas a 7 de outubro de 2023, no qual cerca de 1 200 pessoas foram mortas e outras 251 feitas reféns. Desde então, 57 8882 palestinianos foram assassinados em Gaza.

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