A calma de Moayaed Abu Ali contrasta com o frenesim de quem já tinha sido obrigado a retirar de casa panelas, colchões, ventiladores, sofás empoeirados e mobiliário a desfazer-se de outras mudanças. Abu Ali voltou atrás, devagar, à casa de uma vida, para recuperar uma travessa com incrustações de pedras nada preciosas, quatro cabides e o camião de plástico, novinho em folha, que o filho ainda não teve tempo de sujar nas ruas cobertas de pó branco de Tulkarem. Ali tinha um olhar resignado, como quase todos os membros das cinquenta famílias que receberam ordem das Forças de Defesa de Israel (FDI) para sair de casa antes de os bulldozeres avançarem para a demolição das frágeis habitações do campo de refugiados naquela massacrada zona da Cisjordânia. Nas últimas semanas, as expulsões de palestinianos sem culpa formada, mas acusados de serem familiares de terroristas da Jihad Islâmica, intensificaram-se e reforçaram uma nova frente israelita de guerra, não declarada, que dura há muito.