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Eleições polacas: PiS à frente, mas esquerda pode coligar-se

PiS terá vencido as eleições com 36,8% dos votos, segundo as projeções, mas o líder da oposição reclama vitória.

O PiS (Lei e Justiça) terá perdido a maioria parlamentar na Polónia, na sequência das eleições legislativas ocorridas este domingo, 15. Com cerca de 36,6% dos votos, de acordo com dados da Ipsos, o partido do vice-primeiro-ministro Jaroslaw Kaczynski consegue 198 deputados; porém, os partidos da oposição terão alcançado 248 lugares. A oposição é liderada pelo partidoColigação Cívica, de Donald Tusk.

REUTERS/Aleksandra Szmigiel

O presidente Andrej Duda já afirmou que daria uma oportunidade ao partido vencedor das eleições, o que pode significar que o primeiro-ministro em funções Mateusz Morawiecki pode ser convidado a formar governo. Contudo, tem poucas opções com quem formar uma coligação, porque o partido que lhe é mais próximo - o Confederação, de extrema-direita - conseguiu 6,4% dos votos. 

A sondagem da Ipsos dá a Coligação Cívica com 31% dos votos, a Terceira Via com 13% e a Nova Esquerda com 8,6%. Se os resultados se confirmarem, as eleições poderiam marcar uma grande reviravolta na Polónia, já que o partido PiS, de direita, é conhecido pelas suas políticas anti-migração e LGBT.

"Temos que ter esperança", declarou Kaczynski. "Independentemente de estarmos no poder ou na oposição, implementaremos este projeto de várias maneiras e não permitiremos que a Polónia seja traída."

REUTERS/Kacper Pempel

Ainda que a vitória pertença ao partido de direita, a esquerda também se declarou como vitoriosa. "A Polónia venceu, a democracia venceu", disse Tusk, de 66 anos, a uma grande multidão de apoiantes. "Este é o fim dos tempos difíceis, este é o fim do governo do PiS."

O líder da Coligação Cívica, que descreveu as eleições como as mais importantes da Polónia, desde a queda do comunismo, promete liberalizar as leis do aborto, melhorar as relações com a União Europeia e desbloquear 36 mil milhões de euros de fundos de recuperação da pandemia, que estariam congelados devido às reformas judiciais do PiS, e que levaram os tribunais superiores a equiparem-se com juízes simpatizantes do partido.

As eleições terminaram às 21 horas locais (20h de Lisboa), mas as filas de eleitores mantiveram-se em Varsóvia e Cracóvia até altas horas da madrugada em Breslávia. Os polacos puderam votar em mais de 30 mil assembleias de voto. Os jovens entre os 18 e os 29 anos foram aqueles que mais compareceram, em comparação por exemplo com as pessoas de 60 anos.

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