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A 30ª edição ficou marcada por outras controvérsias, nomeadamente a morte de um indígena e vários protestos.
A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) chegou na sexta-feira (21) formalmente ao fim e não poderia terminar de maneira mais imprevisível: no dia anterior, um incêndio atingiu um dos pavilhões onde decorria a cimeira e obrigou à retirada das pessoas do local. Aquilo que parecia ser um incidente transformou-se, no entanto, numa pista para a quantidade de polémicas que se foram somando.
COP30 no Brasil sob segurança após polémica sobre floresta amazónicaAP Photo/Fernando Llano
Àreas de floresta destruídas
Os escândalos começaram ainda antes de se ter dado início à COP, que este ano decorreu em Belém, no Brasil. Meses antes era noticiado que a floresta amazónica havia sido destruída para dar lugar a uma estrada que teria como destino a cimeira. Com cerca de 13 quilómetros a via, de quatro faixas, atravessa áreas protegidas.
A indignação foi tal que levou a comunidade quilombola a criticar o sucedido. “Isso é muito contraditório, porque no ano da conferência mundial do clima alguns chefes de Estado até querem demonstrar à sociedade que estão preocupados, [mas] querem continuar a explorar, seja o minério, o garimpo ilegal, ou as terras, ao invadir as terras indígenas quilombola, construindo rodovias, portos e uma série de outros empreendimentos”, disse Venuza, a líder desta comunidade, à agência de notícias Lusa.
Protestos indígenas
No segundo dia da cimeira (11 de novembro) um grupo de indígenas e ativistas entrou à força toda na área onde decorria a COP. O momento gerou até tensão com o pessoal de segurança.
"Vou marcar uma reunião com ele [presidente brasileiro Lula da Silva] e, se for preciso, vou puxar-lhe a orelha para que me oiça. Tem de nos respeitar", disse no dia seguinte o líder indígena, o cacique Raoni.
Dois dias depois, a 14 de novembro, elementos da etnia Mundurukú bloquearam durante quase quatro horas a entrada principal da cimeira, em protesto contra alguns projetos do governo brasileiro, nomeadamente o desvio de rios amazónicos para facilitar o transporte de produtos agrícolas. Já a 17 de novembro, milhares de indígenas tomaram as ruas de Belém. "Precisamos de ser reconhecidos pelo mundo como grandes guardiões da floresta", afirmou Naldo Tembe, um indígena que participava nesta marcha.
Indígenas manifestam-se por justiça climática e liderança dos povos origináriosAP Photo/Andre Penner
Morte de indígena
Enquanto decorriam alguns protestos, um indígena da comunidade Guarani Kaiowá foi assassinado.
Tudo aconteceu a 16 de novembro, em Mato Grosso do Sul, quando um grupo de 20 homens armados "ligados a forças de segurança privadas contratadas por proprietários de terras" atacaram a comunidade indígena Iguatemipeguá I, segundo a ONU. O cenário resultou na morte de Vicente Fernandes Vilhalva, de 36 anos: foi atingido por um tiro na testa.
Além disso, outros quatro indígenas também ficaram feridos.
Na altura, a ONU condenou o ataque e apontou que este assassinato se encaixa no padrão de longa data de violência contra os povos Guarani e Kaiowá. Sugeriu, por isso, ações urgentes por parte do governo brasileiro para proteger estas comunidades.
Mil publicações falsas no primeiro dia da cimeira
A COP30 foi também marcada pela circulação de várias notícias falsas e informações descontextualizadas. Segundo O Globo, a maioria foi publicada a partir de perfis da oposição do governo brasileiro.
Só no primeiro dia da cimeira foram publicados 1.114 conteúdos falsos. As informações são da IA Tistto, que analisou mais de dez mil publicações nas redes sociais e cujos dados foram citados pelo jornal O Globo.
Entre as publicações está, por exemplo, uma informação que refere que este evento colidiu com a chegada de um tornado ao Paraná - que foi descrito como um "aviso divino" -, uma fotografia que mostra o presidente Lula da Silva a "falar com uma parede" ou até mesmo um barco com a marca da COP30 a pegar fogo num porto da cidade.
Mas as fake news não se ficam por aqui: outras publicações sugerem que a cimeira enfrentou problemas com a instalação de ar-condicionado. "Salão de eventos sem ar-condicionado. A FLOP30 quer mesmo que as pessoas acreditem no aquecimento global custo o que custar", escreveu um utilizador na rede social X.
Não foram mencionados os combustíveis fósseis
Nos documentos com os rascunhos dos acordos, que foram divulgados na sexta-feira, não houve qualquer menção aos combustíveis fósseis - os principais responsáveis pelo aquecimento global.
Para esta COP estava prevista a criação de um mapa que levaria ao fim do uso dessas fontes de energia, mas o conteúdo dos acordos acabou por gerar uma reação negativa. Organizações e governos foram apelidados de "fracos" e de "traição à ciência", escreve o G1.
Nesta edição estiveram também ausentes os principais poluidores, nomeadamente os Estados Unidos, a China e a Índia. Juntos, estes países lideram as emissões globais de gases de efeito de estufa.
A sua ausência gerou algumas críticas e preocupações sobre a eficácia das negociações. Ainda assim, este sábado, a União Europeia conseguiu chegar a acordo para aceitar a proposta de texto final da COP30 sobre as alterações climáticas.
Declarações do chanceler alemão
Friedrich Merz e Lula da Silva na Cimeira do Clima em Belém, BrasilAP Photo/Eraldo Peres
O chanceler alemão, Friedrich Merz, também contribuiu para esta onda de polémicas. Na cimeira disse que os jornalistas que viajaram consigo estavam "contentes" por poderem sair da cidade de Belém, no Brasil.
"Senhoras e Senhores deputados, vivemos num dos países mais bonitos do mundo. Na semana passada, perguntei a alguns dos jornalistas que estavam comigo no Brasil: qual de vocês gostaria de ficar aqui? Nenhum deles levantou a mão. Ficaram todos contentes por termos regressado à Alemanha na sexta-feira à noite", afirmou.
Face a estas declarações, Lula da Silva aconselhou Merz a explorar a vida cultural da cidade e a aproveitar a gastronomia local.
Incêndio
A COP30 terminou com o cenário mais improvável de sempre. Um dia antes, um incêndio atingiu um dos pavilhões onde decorria a cimeira.
O episódio levou à retirada de todas as pessoas do local e, como consequência, 21 pessoas tiveram de ser assistidas, 19 das quais por inalação de fumo.
A ministra do Ambiente e da Energia portuguesa, Maria da Graça Carvalho, estava no local no momento em que se deu o incidente. À RTP confirmou que "todos os portugueses estão bem". "Estou bem, assim como toda a delegação portuguesa. Nós fomos dos primeiros a sair", contou.
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