Sábado – Pense por si

Carlos Torres
Carlos Torres

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.

Dois cenários para a resposta europeia

A ameaça russa é sobre toda a Europa, não apenas sobre o Leste. Mas é nos estados Bálticos que ela é sentida de forma mais evidente e identificada. A revisão estratégica da Segurança e Defesa de França é clara na necessidade de travar a Rússia e fortalecer a Polónia. Que caminho escolheremos em caso de uma incursão báltica de Putin por 2028?

Três conclusões de três anos e meio

Trump deu uma eternidade (50 dias) a Putin antes de “sanções devastadoras” que o façam parar a agressão na Ucrânia. Há três conclusões a tirar de três anos e meio de invasão russa. Duas até dão alguma esperança aos ucranianos a médio prazo. O problema é se Putin decide disfarçar o falhanço militar na Ucrânia subindo a parada sobre o flanco Leste da NATO. Haveria tempo para reagir?

Mais desafios, novas batalhas

Um espaço que não consegue garantir a sua própria segurança perde escala económica: quem quer nele investir? Sem soberania não haverá Estado Social e conceitos como Desenvolvimento ou Bem-Estar ficam comprometidos. Como explicar que o regresso da(s) Guerras(s) tem de nos obrigar a rever essa prioridade?

E Putin resiste e resiste e resiste…

A “Big Beautiful Bill”, aprovada no Senado com o desempate do vice-presidente Vance após três senadores republicanos terem votado contra, é a expressão de toda uma Presidência: Trump tira aos pobres para dar aos ricos. É “Robin Hood” ao contrário. Legal, sim. Mas profundamente imoral.

Um outro tipo de Aliança

Haia confirmou compromisso de Defesa a uma década, com 5% que, na verdade, serão 3.5% com os restantes 1.5% muito mais flexíveis. A NATO resiste a Trump, que pôde cantar vitória, mas a grande dúvida permanece: ficou a Ucrânia mais protegida da agressão russa? E a Europa, cumprirá o desafio sem se dividir?

O regresso da guerra

O ataque ao Irão e as retaliações iranianas confirmam a era deste regresso da guerra, perante a impotência do multilateralismo. Trump mudou, de um dia para o outro, de querer ser “o Presidente America First que não fez nenhuma guerra” para aquele que se juntou a Netanyahu, disposto a qualquer coisa para acabar com o programa nuclear. Mais uma vez, o seu lado mediador falhou completamente. Enquanto isso, aumentam as mortes civis na Ucrânia e em Gaza. Nas universidades dos EUA, os alunos sentem medo.

Uma tragédia para a Democracia

Os EUA baixaram de 76% para 45% nas visões positivas que o resto do mundo tem sobre o país de Trump. Mais de quatro quintos dos países têm opinião negativa sobre os Estados Unidos de hoje (Índice de Perceção da Democracia). A “estratégia do caos” está a causar danos ainda mais rápidos do que muitos previram.

Trump vs Musk, tão previsível

A “ópera bufa” entre Donald e Elon só reforça o que já devia ser muito claro aos olhos de todos (mas ainda não é): Trump escolhe mal as companhias e isso revela a sua total inabilidade para liderar os EUA. Da Alemanha, surge cada vez mais o “novo fator Merz”. De Londres, a revisão do conceito de Defesa aponta desafios difíceis e ameaças que já não podem ser ignoradas.

Os 5%, sim mas quando?

A Cimeira de Haia aproxima-se e a realidade começa a chocar-nos de frente. O problema é que, de Washington, continua a haver uma dissonância entre o que Trump diz (quer a paz e estará furioso com Putin) e o que a Administração realmente faz (corta as vazas de Kiev para a NATO). Valha-nos Merz e a nova assertividade alemã.

A grande viragem alemã

Merz selou, em Vilnius, a grande viragem alemã, com a presença permanente de uma brigada germânica na Lituânia, a atingir os cinco mil soldados até 2027. A ameaça russa aos bálticos a isso obriga: pela primeira vez desde a II Guerra Mundial, a Alemanha tropas em países estrangeiros. A “mediação” de Trump falha rotundamente: Putin agrava a sua agressão na Ucrânia.

Alívio romeno, esperança polaca

A derrota de Simion na Roménia foi um alívio inesperado para quem acredita no apoio à Ucrânia. A vantagem à primeira volta de Trzaskowski, o centrista liberal, europeísta convicto e herdeiro político de Donald Tusk, nas Presidenciais polacas, deram força a quem vê em Varsóvia um dos fulcros da nova Europa. O problema continua a ser o mesmo: Trump e Putin querem resolver isto a dois

A Roménia a cair para o nacionalismo populista

Não serão só as Legislativas em Portugal que serão relevantes no próximo domingo para o nosso futuro: o que acontecer na segunda volta das presidenciais da Roménia pode agravar a deriva nacional-populista no flanco Leste da UE e da NATO. Da Turquia pode surgir uma nova esperança para a Ucrânia. Mas o jogo de sombras entre Trump e Putin torna improvável a admissão de Erdogan como novo “player” que definirá o futuro de Kiev.

Trump mais perto de Putin do que a China está da Rússia

A insistência de Trump em reconhecer a Crimeia como russa coloca a atual Administração norte-americana mais próxima de Moscovo do que a China é de Putin. O Presidente dos EUA saiu do encontro com Zelensky, no dia do funeral do Papa, mais crítico da agressão russa. Mas palavras leva-as o vento.

"O putinismo venceu nos EUA"

Dugin proclama "o triunfo do putinismo nos EUA" em plena televisão norte-americana. Trump assume-se "mais à vontade" com Putin que com Zelensky. Caças britânicos intercetam aviões russos sobre o Báltico. No Pentágono há um incompetente a mandar. Ainda não estamos em guerra, mas já não podemos dizer que estamos em paz.

Sim, o horror em Sumy é a imagem da invasão russa

O horror em Sumy voltou a lembrar-nos o que é a invasão russa da Ucrânia, há mais de três anos. Está cada vez mais difícil manter o foco na questão mais relevante de todas, quando, em Washington, há um Presidente que soma disparates e garante a atenção mundial pela promoção da confusão.

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