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Palácio de Buckingham recusa devolver restos mortais de príncipe etíope

Márcia Sobral
Márcia Sobral 22 de maio de 2023 às 21:22
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Alemayehu da Etiópia foi enterrado no Castelo de Windsor no século XIX.

O Palácio de Buckingham recusou aceder a pedido de transladação do corpo do príncipe Alemayehu da Etiópia da Capela de St. George, no Castelo de Windsor, para o seu país de origem. Em comunicado, o porta-voz da família real diz que tal açaão poderia "afetar o descanso dos outros enterrados nas catacumbas".

Getty Images

De acordo com aBBC, o pedido foi feito pelos descendentes de Alemayehu que asseguram que o príncipe permaneceu no Reino Unido "forçado" pelo que deveria regressar "ao país que o viu nascer". O caso torna-se mais sensível tendo em consideração o passado histórico entre o Reino Unido e a Etiópia. 

Em 1862 o imperador Tewodros II, pai de Alemayehu, quis formar uma aliança com os britânicos mas nunca obteve qualquer resposta. Como arma de retaliação decidiu fazer reféns vários europeus, o que levou o Reino Unido a responder com uma expedição militar com mais de 13 mil homens.

A fortaleza de Tewodros, em Maqdala, foi cercada, milhares de artefactos saqueados, bem como peças de ouro, manuscritos e outros bens preciosos. Tewodros II, quando se apercebeu que havia perdido o poder, acabou por se suicidar. A sua esposa, a imperatriz Tiruwork Wube, e o seu filho foram levados para o Reino Unido.

No caminho, Alemayehu, de apenas sete anos, ficou órfão tendo a rainha Vitória assegurado a sua educação. O infante viria a morrer aos 18 anos (do que se pensa ter sido uma pneumonia), acabando por ficar enterrado no Castelo de Windsor.

"Ele foi retirado da Etiópia, de África, da terra dos negros e permaneceu no Reino Unido como se não tivesse casa. Nós queremos que ele regresse, não queremos que permaneça num país estrangeiro. Ele teve uma vida triste. Se eles concordarem em devolver os seus restos mortais será como se tivesse voltado em vida para casa", explicou um dos seus descendentes, Abebech Kasa, àBBC.

Em 2007, o presidente da Etiopia Girma Wolde-Giorgis já havia pedido à rainha Isabel II para que o corpo fosse transladado mas não recebeu resposta positiva. Agora, resta esperar que Carlos III tenha uma decisão diferente.

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