O diretor-geral da diplomacia israelita acusou o organismo da ONU de ser “uma instituição de investigação politizada".
Israel exige que as Nações Unidas retirem de imediato o relatório que declarou oficialmente fome na Faixa de Gaza, informou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita.
Em Gaza, palestinianos usam panelas vazias num protesto contra a fome causada pelo conflito com IsraelAP Photo/Jehad Alshrafi
"Israel exige que o IPC retire imediatamente o seu relatório fabricado", disse o diretor-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, Eden Bar Tal, aos jornalistas, referindo-se ao Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês).
O diretor-geral da diplomacia israelita acusou o organismo da ONU, com sede em Roma, de ser “uma instituição de investigação politizada", e ameaçou que, se o relatório não for retirado, Israel partilhará “provas da sua má conduta com todos os doadores” da entidade.
O IPC declarou oficialmente na sexta-feira a situação de fome na província de Gaza, no norte do enclave palestiniano, o que acontece pela primeira vez no Médio Oriente, e avisou que as províncias de Deir al-Balah (centro) e Khan Yunis (sul) também deverão ser atingidas até ao final de setembro.
A declaração foi anunciada depois de especialistas terem alertado que 500.000 pessoas se encontravam numa situação catastrófica no território devastado por uma ofensiva militar israelita desde outubro de 2023.
Bar Tal afirmou estar confiante de que os doadores "chegarão à conclusão correta e deixarão de patrocinar uma instituição de investigação politizada e manipuladora que funciona como instrumento para uma organização terrorista maliciosa", em alusão ao grupo islamita palestiniano Hamas.
"Acreditamos que ninguém quer o seu dinheiro investido em tal conduta", declarou.
O alto funcionário do ministério israelita argumentou que o IPC "manipulou o relatório com suporte apenas nos seus dados", que por sua vez se baseiam em informações das autoridades da Faixa de Gaza, controladas pelo grupo islamita palestiniano Hamas, "sem abordar quaisquer dados externos ou outras provas contraditórias".
O relatório do IPC “manipulou e ignorou dados, violou as suas próprias regras e ocultou provas”, prosseguiu, insistindo que “este relatório foi fabricado com um único propósito: apoiar a falsa campanha de fome do Hamas”.
Ao mesmo tempo, rebateu que haja “escassez de abastecimentos” no enclave palestiniano, que "recebeu uma avalancha de ajuda prestada por Israel".
O diretor-geral do ministério devolveu as críticas às agências da ONU, quando mencionam o bloqueio de ajuda humanitária ao território imposto por Israel, referindo que “centenas de camiões aguardam diariamente a distribuição dos seus produtos”, enquanto a Autoridade Palestiniana acusa o Hamas de "interromper, saquear e apropriar-se de ajuda para ganho económico".
O Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas, elevou hoje para 313 o número total de mortos, dos quais 119 crianças, por fome ou desnutrição no território palestiniano desde o início da ofensiva israelita em 07 de outubro de 2023.
Nas últimas semanas, e após forte pressão internacional, Israel flexibilizou um pouco a entrada de alimentos e voltou a permitir a entrega de paletes de ajuda humanitária por via aérea, embora a quantidade de mantimentos ainda não seja suficiente para satisfazer as necessidades da população, segundo a ONU.
O conflito no enclave palestiniano foi desencadeado pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde perto de 1.200 pessoas morreram e cerca de 250 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 62 mil mortos, na maioria civis, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas e um desastre humanitário sem precedentes no território.
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