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"Vamos escravizar essas vadias": o arquivo da acusação dos irmãos Tate

Andrew e Trista Tate são acusados de tráfico de seres humanos e de serem membros de uma organização criminosa. Agora é esperado que os advogados de defesa contestem as provas da acusação numa audiência pré-julgamento ainda este mês.

"Vamos escravizar essas vadias", esta é uma das mensagens trocadas por Andrew Tate e oirmão Tristanque foram agora compiladas num arquivo pelos procuradores romenos e vistas pela BBC.

Inquam Photos/Alexandru Busca

São mais de 300 páginas com transcrições de mensagens escritas e de áudio que dão um vislumbre sobre aquela que será a acusação enfrentada pelos irmãos acusados de tráfico de seres humanos e de serem membros de uma organização criminosa.

Este arquivo inclui também o testemunho de várias mulheres que afirmam que foram forçadas a produzir conteúdos específicos com um horário rigoroso e sob ameaças de abuso verbal e físico. Nas transcrições são referidas ameaças como: "parto-te os dentes" ou "ainda vais acabar na morgue". 

Georgiana Naghel, membro da alegada organização criminosa, seria a responsável por controlar as contas no site OnlyFans, onde é possível vender conteúdo explícito, e por pagar às criadoras de conteúdos. Os procuradores não sabem qual a percentagem dos lucros neste negócio. No entanto, relativamente ao TikTok é referido que as criadoras recebiam no máximo 50%.

As mulheres poderiam ainda ser multadas em cerca de 10% dos seus rendimentos por infrações como tirarem um intervalo muito grande e chorar ou assoar-se durante uma transmissão ao vivo.

Numa das conversas entre Tistan Tate e Georgiana Naghel, ocorrida em 2020, que foi transcrita é referido que as mulheres que criavam conteúdos pornográficos vendidos para sites como o PornHub e o OnlyFans não deveriam ter as senhas das suas contas: "Não quero que elas tenham as senhas, não quero que elas tenham nada. Não quero que elas saibam que têm OnlyFans, quero que esse dinheiro seja usado por mim e por ti".

Já numa mensagem enviada a Andrew Tate afirma: "Vou escravizar essas vadias, vou fazê-las trabalharem ainda mais horas e horas. Trabalho escravo, no mínimo 10 ou 12 horas".

Alegadamente as mulheres recrutadas pelos irmãos Tate ficavam sobre supervisão de Georgiana Naghel e Luana Radu e eram proibidas de sair de casa sem permissão.

Numa outra transcrição de mensagens, neste caso entre Andrew Tate e uma alegada vítima, é descrita uma relação em que se trocam promessas de casamento mas também ameaças.

Depois de Andrew Tate pedir à vítima que participe num evento de sexo em grupo ela responde: "Não quero ter sexo com meninos. Não vou fazer isso". Mas depois de alguma insistência acaba por ceder: "Querido, preciso de beber para fazer isso. Não consigo fazê-lo sem estar bêbeda". Andrew Tate terá respondido: "Não sejas chata, quero que te submetas a mim. Calas a boca sua puta e fazes o que eu digo".

Outra vítima partilhou que ela a mandou tirar a roupa enquanto se calçava e de seguida lhe deu "um estalo". De seguida terá sido obrigada a ter relações sexuais com Andrew, que segurava a sua cabeça durante o sexo, e a avisou de que não queria receber mais mensagens negativas senão iria engravidá-la e fechá-la numa casa. A vítima terá mantido a relação porque, segundo contou aos procuradores "pensava que ele era capaz de qualquer coisa".

Já em junho, depois da acusação formal dos irmãos Tate, Andrew disse em tribunal que sabe que não são "os primeiros homens ricos a serem atacados injustamente" e que acreditava que seriam inocentados.

Os procuradores acreditam que os irmãos Tate recrutavam as suas vítimas, enganando-as sobre as suas intenções românticas para depois as transportarem para uma casa nos arredores de Bucareste, onde posteriormente seriam sexualmente exploradas pelo grupo e obrigadas a produzir conteúdos pornográficos através de violência física e coerção mental.

É esperado que os advogados de defesa contestem as provas da acusação numa audiência pré-julgamento ainda este mês, pelo que parte deste material pode ser considerado inadmissível.

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