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Ventura vs. Melo: O que foi dito sobre o "acordo" que instalou impasse no Parlamento?

Esta quarta-feira, os deputados voltam a reunir para escolher o sucessor de Augusto Santos Silva. Chega acusou AD de "desmentir" acordo e culpou líder do CDS-PP.

Esta quarta-feira, os deputados vão votar pela quarta vez para escolher o presidente da Assembleia da República. Um caso semelhante só aconteceu em 1982, com a escolha de Leonardo Ribeiro de Almeida, do PSD, quatro votações depois. Ontem, o nome de José Pedro Aguiar-Branco foi à primeira votação mas acabou por não conseguir arrecadar os 116 votos necessários, apesar de no dia anterior, André Ventura ter dito que daria luz verde à proposta social-democrata. Na terceira votação - à segunda volta - continuou sem se apurar um vencedor. Mas o que foi dito sobre o acordo entre o PSD e o Chega para a presidência e vice-presidência da AR que acabou por não acontecer? 

André Ventura, 25 de março: Chega "viabilizará a proposta para a presidência do Parlamento"

Estas declarações de André Ventura surgiram durante uma conferência de imprensa em que o líder do Chega revelou um entendimento com o PSD. "O PSD informou o Chega de que viabilizará a nomeação dos vários dirigentes do Chega para os cargos de vice-presidente, secretário e vice-secretário da Assembleia da República", disse. No mesmo sentido, o Chega "viabilizará a proposta para a presidência do Parlamento" apresentada pela Aliança Democrática (AD): José Pedro Aguiar-Branco.

"Ao darem-se estes passos garantimos uma maioria absolutíssima que conseguirá não só eleger o presidente da Assembleia da República, [mas também] os vice-presidentes, incluindo o da Iniciativa Liberal, e o secretário e vice-secretário a que o Chega tem direito", assumiu o líder do Chega.

Nuno Melo, 26 de março, antes da votação: "Não há acordo nenhum"

Antes da votação para escolher o presidente da Assembleia da República,o líder do CDS-PP foi entrevistado pela SIC Notícias. Durante a entrevista, foi questionado sobre um acordo entre a AD e o Chega. "Há pouco ouvíamos o líder do PSD dizer que ficou claro que a AD fez um acordo com o Chega. Há ou não há acordo com o Chega?", questionou a jornalista.

"Bom, à falta de melhor argumento político, opta-se pela ficção. Manifestamente, parece-me que seja o caso. O facto de José Pedro Aguiar-Branco ser indicado pelo PSD para uma eleição a presidente da Assembleia da República parece-me normalíssimo, tendo em conta que a AD venceu as eleições", afirmou Nuno Melo. Pressionado sobre se o nome foi obtido em acordo com o Chega, Nuno Melo foi direto: "Não há acordo nenhum". Quando lhe perguntaram se era exagero de André Ventura falar num acordo, Nuno Melo insistiu: "Eu não tenho que comentar o que o líder desse partido diz."

André Ventura, 26 de março, depois de Aguiar Branco falhar a eleição: "Ouvi hoje as declarações de Nuno Melo"

Após o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento,ter anunciado a retirada do nome de Aguiar-Branco da eleição- tendo posteriormente voltadoa apresentá-lo na votação noturna que também acabou sem vencedor-, André Ventura acusou o PSD de optar por "procurar coligações com o PS", "ignorando 1.200.000 de portugueses" que votaram no Chega.

Mais tarde, revelou ter ouvido declarações de "dirigentes e responsáveis" da Aliança Democrática (AD) que "apressaram-se falsamente a desmentir" o acordo para a eleição de um presidente da Assembleia da República do PSD (Aguiar-Branco), e de um vice-presidente do Chega (Diogo Pacheco de Amorim).

Ventura apontou especificamente o caso do líder do CDS-PP, Nuno Melo, a "dizer que não houve nenhum acordo com o Chega, que não precisavam desse acordo e que o Chega era, portanto, dispensável". "Ouvi hoje as declarações de Nuno Melo, penso que passaram em vários sítios, inclusivamente nas várias televisões", disse. Por isso, apelou a um "repensar da estratégia" do PSD. "Se assim for, cá estaremos, se nos quiserem simplesmente humilhar e espezinhar não estaremos disponíveis."

Esta quarta-feira, a Assembleia da República volta a reunir em plenário para escolher o presidente da Assembleia da República, sucessor de Augusto Santos Silva. As candidaturas podem ser apresentadas até às 11h30 e a votação está prevista para as 12 horas. Para ser escolhido, o candidato tem que reunir pelo menos 116 votos. 

Com Lusa 

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