Sábado – Pense por si

"Pensei que um avião tinha colidido com o hotel." Os testemunhos do sismo em Marrocos

Ana Bela Ferreira
Ana Bela Ferreira 09 de setembro de 2023 às 16:35
As mais lidas

Horas depois do sismo, alguns dos sobreviventes partilham o que sentiram no momento do abalo, às 23h de sexta-feira. Número de mortes já ultrapassa as 1.000.

"Primeiro ouvi muito barulho e pensei que era alguém a bater à porta. Uns segundos depois pensei que um avião tinha colidido com o hotel, porque estamos próximo do aeroporto, mas um segundo ou dois depois percebi que era um sismo." A descrição do momento em que sentiu a terra tremer é do selecionador da Gâmbia à televisão pública britânica. Na sexta-feira, pelas 23h, um sismo de magnitude 6,9 na escala de Richter atingiu o sul de Marrocos e já se registammais de 1.000 mortos.

O belga Tom Saintfiet está com a sua equipa em Marraquexe para participar nas qualificações para o Campeonato Africano das Nações e vai jogar contra o Congo, no domingo. À BBC contou ainda: "Parece que foram só 30 segundos, mas a sensação é que foi uma eternidade. Foi muito assustador. As paredes estavam mesmo a abanar e as coisas começaram a cair das prateleiras, do teto e das paredes. Nunca na minha vida vi um edifício mexer-se assim".

Um dos muitos portugueses que está em Marrocos é o autarca de Albufeira e,à CMTV, também relatou os momentos de pânico que viveu. "Houve pessoas que entraram em pânico e uma pessoa descreveu que ao sair do quarto de hotel viram uma nuvem de fumo no corredor. Passámos a noite ao relento, nos jardins do hotel", descreveu José Carlos Rolo. 

À Reuters, Montasir Itri, que vive junto ao epicentro do sismo na aldeia de Asni, contou que os seus vizinhos "estão debaixo dos escombros". "As pessoas estão a trabalhar para os salvar usando os meios que existem na aldeia."

A viver em Marraquexe e com pais na cidade de Amizmiz, ainda mais perto do epicentro, Rashid Ben Arabi relatou à BBC como saiu de casa com a mulher e a filha de 18 meses para ir ver como estavam os pais. "Assim que cheguei à minha cidade, vi pessoas em histeria, a chorar e a gritar, e toda a gente à procura dos familiares", descreveu. "Vi um homem deitado em cima dos escombros da sua casa, conseguia ouvir o choro dos dois filhos presos debaixo dos destroços, mas ele não conseguia fazer nada para os salvar. As equipas de resgate ainda não chegaram ao local."

Vários países,incluindo Portugal, já ofereceram ajuda a Marrocos para o resgate de sobreviventes, operações de recuperação de corpos e ajuda aos feridos. Porém, até ao momento o governo marroquino não solicitou nenhuma desta ajuda, passo essencial para que as equipas possam atuar no terreno.

Entretanto, sabe-se que o rei mandou mobilizar as equipas especializadas das forças armadas, o que já de si é sinal da gravidade do evento. A televisão marroquina transmitiu imagens das tropas a ser deslocadas para os locais afetados. Ainda assim, a BBC dá conta de uma emissão controlada dos danos por parte dos media marroquinos, não havendo muitas imagens dos locais afetados.

Este é o sismo mais mortífero no país, desde 1960, quando um abalo matou cerca de 12 mil pessoas, segundo os dados do Serviço Geológico dos EUA. Este abalo foi também sentido no Algarve e em Lisboa, mas sem registo de danos.

Já este ano, em fevereiro, um sismo na Turquia e na Síria tirou a vida a mais de 50 mil pessoas.

Artigos Relacionados

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.

Cuidados intensivos

Loucuras de Verão

Até porque os primeiros impulsos enganam. Que o diga o New York Times, obrigado a fazer uma correcção à foto de uma criança subnutrida nos braços da sua mãe. O nome é Mohammed Zakaria al-Mutawaq e, segundo a errata do jornal, nasceu com problemas neurológicos e musculares.