Nas redes sociais, apoiantes de Trump alimentam teorias da conspiração sobre a cantora, o seu namoro com Travis Kelce e até a final Super Bowl de futebol americano: tudo serve para apoiar Joe Biden nas eleições de 2024.
As eleições presidenciais nos EUA aproximam-se e os conservadores norte-americanos estão a perder a cabeça com Taylor Swift: é o último alvo das teorias da conspiração.
Ron Chenoy-USA TODAY Sports/File Photo
Nas redes sociais, abundam pessoas a defender que o relacionamento da cantora com o seu namorado, o jogador de futebol americano Travis Kelce, é uma invenção com vista a beneficiar Joe Biden nas eleições de 2024: até um antigo candidato presidencial republicano veio defender essa teoria.
A situação piorou desde que os Kansas City Chiefs, equipa por que alinha Travis Kelce, venceram os Baltimore Ravens para conseguir um lugar na final de futebol americano, a Super Bowl. Há quem diga até que a competição foi manipulada com vista à vitória dos Chiefs, para Swift apoiar Biden no intervalo da competição vista por milhões de pessoas com o objetivo de favorecer os democratas e que é tudo uma "operação psicológica" – apesar de Taylor Swift já ter apoiado o agora presidente norte-americano em 2020, pelo que é questionável o impacto de dar novamente o seu apoio, e não terem sido apresentadas quaisquer provas.
Mas não foi isso que impediu Vivek Ramaswamy, candidato republicano que já se retirou da corrida de 2024, de alimentar a teoria da conspiração. "Imagino quem vai vencer a Super Bowl no mês que vem. E imagino se haverá um grande apoio presidencial a surgir de um casal culturalmente e artificialmente criado este outono. Só alguma especulação louca aqui, vamos ver como é que será vista ao longo dos próximos oito meses."
I wonder who’s going to win the Super Bowl next month. And I wonder if there’s a major presidential endorsement coming from an artificially culturally propped-up couple this fall. Just some wild speculation over here, let’s see how it ages over the next 8 months.
Não foi só Vivek Ramaswamy a apoiar a teoria da conspiração. Kandiss Taylor, líder republicana do estado da Geórgia, adotou uma postura de "avisei-vos" com feitiçaria à mistura. "Tentei avisar-vos em outubro [de 2023] como a influência de Taylor Swift na nossa juventude com a bruxaria era demoníaca, malvada e luciferiana. Claro, Satanás quer usá-la agora para eleger Joe de novo para a Casa Branca e destruir o que resta da América. Sem surpresa", lê-se no tweet da política que também defendeu que a Terra era plana.
I tried to warn yall back in October that the influence of @taylorswift13 on our youth with witchcraft was demonic, evil, and Luciferian.
Of course, Satan wants to use her now to elect Joe back into the White House to destroy what’s left of America.
Apesar de Donald Trump não ter entrado na discussão, a sua assessora não faltou. Karoline Leavitt comentou que um apoio de Taylor Swift ao Partido Democrata seria um "passe Avé Maria [um passe longo no futebol americano feito em desespero e que raramente resulta] para arrastar Biden além da linha da meta".
Mike Crispi, um streamer pró-Trump, escreveu no X: "A NFL está totalmente MANIPULADA para favorecer os Kansas City Chiefs, Taylor Swift, Mr. Pfizer (Travis Kelce). Tudo para espalhar PROPAGANDA DEMOCRATA. Digo-o agora: KC vencem, vão para a Super Bowl, Swift aparece no intervalo e apoia Biden com Kelce no campo. É tudo uma operação desde o primeiro dia."
As teorias já contagiaram o conservador canal norte-americano Fox News, que até envolveu as mais altas instâncias da segurança dos EUA. "Há quatro anos, a unidade de operações psicológicas do Pentágono considerou tornar Taylor Swift num ativo durante uma reunião da NATO", disse um pivô.
Com 280 milhões de seguidores no Instagram e uma turnê milionária, e já tendo conseguido o apoio da cantora em 2020, não é segredo que os democratas queiram de facto que Taylor Swift os volte a apoiar.
Segundo o The New York Times, o tema é discutido dentro da equipa de Biden, que considerou enviar o presidente a um concerto da turnê da cantora. Foi também esse desejo que levou aos elogios do governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom, em setembro. "O que [Taylor Swift] conseguiu alcançar ao ativar os mais jovens a considerar que têm uma voz e que deviam ter uma escolha nas próximas eleições, penso, é profundamente poderoso", afirmou aos jornalistas.
Swift ainda não deu qualquer apoio oficial à reeleição de Biden, mas apesar disso, a revista Rolling Stone garante que os apoiantes de Donald Trump já estão a pensar em "declarar guerra" à cantora, especialmente se ela avançar para uma posição pública em relação ao agora presidente dos EUA.
A que se deve o receio dos republicanos?
Rich Lowry, jornalista do POLITICO, escreveu sobre a teoria em torno da relação de Taylor Swift e de Travis Kelce e deixou duras críticas. "A política sempre teve a sua quota-parte de teóricos da conspiração dos dois lados, mas a direita tornou-se particularmente suscetível a esta tendência à medida que ficou mais populista. A teoria de Taylor Swift não é a primeira ideia lunática a conseguir tração na direita, nem vai ser a última", explicou. "A maioria desta discussão ocorre nas redes sociais e muito dela não interessa grande coisa, mas existe um risco que o movimento conservador pareça estranho e alienado da América no geral – e que afaste os eleitores no mundo real."
Ao Financial Times, o académico Henry CW Laurence diz que o sucedido é sintoma da "doença da polarização que dividiu a direita" e que "mostra que há pessoas que usarão qualquer tipo de fronteira para criar uma espécie de divisão artificial onde não precisa de existir".
Kate Bedingfield, antiga diretora de comunicação de Biden na Casa Branca, defendeu Taylor Swift: "Até agora ela disse-nos que a sua política é na realidade não ser odioso. Proteger os direitos das mulheres e da comunidade LGBTQ. É isso. Ela não está a atacar o imposto sobre heranças", escreveu no X.
Além do apoio dado a Joe Biden em 2020, Taylor Swift revelou no seu documentário estar arrependida por não se ter manifestado contra Trump em 2016. Já o seu namorado Travis Kelce foi criticado pelos conservadores por ter feito um anúncio à vacina contra a covid-19 da Pfizer, criticada por ativistas anti-vacinas, e publicidade à cerveja Bud Light, que em 2023 gerou controvérsia ente os conservadores por ter feito uma parceria com uma influencer transgénero, Dylan Mulvaney.
As eleições norte-americanas estão marcadas para 5 de novembro, e a Super Bowl, para 11 de fevereiro. Contudo, as loucas previsões dos conspiracionistas podem sofrer um revés: a 10 de fevereiro, Taylor Swift tem marcado um concerto em Tóquio, do outro lado do mundo, pelo que não é claro se estará presente na competição desportiva.
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