Sábado – Pense por si

Guterres força Conselho de Segurança a votar um cessar-fogo em Gaza

Em causa está um artigo da carta da ONU que premite ao secretá-geral alertar o Conselho de Segurança "qualquer assunto que, na sua opinião, possa ameaçar a manutenção da paz e da segurança internacionais".

O Conselho de Segurança da ONU vai reunir-se ainda hoje para discutir o pedido de cessar-fogo depois de António Guterres ter invocado o artigo 99º da Carta da ONU. O artigo permite o secretário-geral chamar à atenção do conselho para "qualquer assunto que, na sua opinião, possa ameaçar a manutenção da paz e da segurança internacionais".

REUTERS/Caitlin Ochs

Esta é uma medida que não foi tomada por nenhum secretário-geral nas últimas décadas, mas é a forma de o português procurar um "cessar-fogo humanitário" para evitar "uma catástrofe com implicações potencialmente irreversíveis para os palestinianos" e para todo o Médio Oriente.

Na carta enviada ao Conselho de Segurança Guterres escreveu: "No meio dos bombardeamentos constantes das Forças de Defesa de Israel e sem o essencial para sobreviver é esperado que a ordem pública entre em colapso total em breve devido às condições desesperadoras, tornando impossível até mesmo a assistência humanitária limitada".

É esperado que os Emirados Árabes Unidos apresentem um projeto de resolução que faça referência à situação "catastrófica" vivida em Gaza e exija "um cessar-fogo humanitário imediato ao mesmo tempo que apela à proteção de civis e à libertação imediata e incondicional de todos os reféns que o Hamas ainda mantém.

Apesar da insistência de António Guterres não é claro qual será o resultado da votação uma vez que desde o início do conflito já foram apresentados quatro projetos de resolução e todos foram rejeitados pelos Estados Unidos, que tem o poder de veto. O aliado mais poderoso de Israel continua a rejeitar a ideia de um cessar-fogo e defende que uma resolução do Conselho de Segurança não é "útil" neste momento.

Os Estados Unidos já exigiram alterações substanciais ao texto dos Emirados Árabes Unidos, incluindo uma condenação dos "ataques terroristas do Hamas em Israel".

Também esta sexta-feira a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos já tinha alertado para a situação em Gaza: "Estamos a chegar a um ponto sem retorno em Gaza, onde o flagrante desrespeito pelo direito humanitário internacional deixa cicatrizes na nossa consciência coletiva".

A agência afirma que 133 dos seus trabalhadores foram mortos desde 7 de outubro e "129 incidentes afetaram as instalações da UNRWA, com algumas instalações a serem atingidas múltiplas vezes".

Segundo a UNRWA cerca de 1.9 milhões de pessoas, o equivalente a mais de 85% da população da Faixa de Gaza, encontram-se deslocadas, muitas delas múltiplas vezes.

Artigos Relacionados

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.

Cuidados intensivos

Loucuras de Verão

Até porque os primeiros impulsos enganam. Que o diga o New York Times, obrigado a fazer uma correcção à foto de uma criança subnutrida nos braços da sua mãe. O nome é Mohammed Zakaria al-Mutawaq e, segundo a errata do jornal, nasceu com problemas neurológicos e musculares.