Em 2025 haverá alívios no preço do dinheiro (os juros), de alguns alimentos (o azeite à cabeça) e da eletricidade. A maioria das variações serão, contudo, aumentos: no preços de outros alimentos (pão, leite, carne), das casas (compra e rendas), dos carros a combustão e das portagens, dos seguros. A inflação esperada de 2,1% traduz uma desaceleração do agravamento do custo de vida, que continuará alto.
Cada ano traz aumentos e descidas de preços - mas sobretudo aumentos - e 2025 não será diferente. A taxa de inflação prevista pelo Banco de Portugal é de 2,1%, o que significa, em termos gerais, um abrandamento ligeiro do ritmo de subida dos preços. A taxa de inflação, contudo, é calculada a partir de um cabaz abrangente de produtos e dos respetivos preços - e todos os leitores deste texto, por exemplo, terão em 2025 taxas de inflação diferentes. Abaixo segue uma breve lista de variações esperadas nos preços, a começar pela mais importante e que não está no cabaz oficial com que o INE mede a inflação: o preço do dinheiro.
REUTERS/Dado Ruvic
O dinheiro vai ficar mais barato
As taxas de juro são o preço do dinheiro - do dinheiro que pede emprestado ou do dinheiro que empresta - e em 2025 vão cair. O Banco Central Europeu vai continuar a baixar as taxas de juro num cenário em que a inflação parece estar controlada à volta do limiar de 2% definido pelo banco central como meta - e que a economia europeia dá sinais de estar em flirt com uma recessão. Filipe Garcia, economista da consultora IMF, aponta que se espera que as taxas de referência caiam para valores entre 1,75% e 2% (estão em 3%). As taxas Euribor refletem esta expectativa e o mercado nesta altura vê-as nos 2% daqui a um ano. Boas notícias para quem tem dívidas a gerir, más notícias para os aforradores que não gostam de risco.
Mobilidade: combustíveis, portagens, carros e transportes
O ano termina com o preço dos combustíveis a cair de forma muito ligeira (gasóleo) ou sem variação (gasolina). É difícil prever o que acontecerá ao certo ao longo de 2025: o euro fraco face ao dólar e a redução do desconto fiscal (no ISP) vão mitigar muito a descida esperada no preço da matéria-prima (o brent). A estabilização dos preços atuais ou uma descida ligeira são um cenário provável.
Já nas portagens, o cenário é certo (está definido numa fórmula legal) e os preços vão aumentar 2,21% (60 e 70 cêntimos na ligação entre Lisboa e o Porto e o Algarve, respetivamente).
Se está a pensar em comprar carro, 2025 trará um desagravamento para os carros usados importados - nos novos mantém-se o ISV. O preço dos carros a combustão, contudo, deverá aumentar em 2025, na medida em que os fabricantes precisam de induzir a procura de carros elétricos, para escaparem a multas por incumprimento das metas europeias de emissões.
Nos transportes públicos, as tarifas vão aumentar cerca de 2% - em Lisboa, os passes Navegante e os bilhetes ocasionais para a Carris ficarão na mesma. Andar de comboio ficará mais caro quer nas linhas urbanas, quer nas intercidades: o Alfa entre Lisboa e Porto custará 47,4 euros, um euro mais do que este ano.
Casa:rendas e preços
Quem pensa em comprar casa em 2025 tem de saber que os preços muito altos continuarão a subir. Ricardo Guimarães, que lidera a consultora Confidencial Imobiliário, não considera arriscada a previsão de subida de 7% nos preços no conjunto do ano, com o ritmo a ser provavelmente mais alto no primeiro semestre (refletindo a vaga de compradores que reentrou no mercado devido à queda das taxas de juro e aos incentivos para os jovens).
As rendas novas continuarão, por isso, tendencialmente a aumentar. Nos contratos em curso, a atualização anual definida para 2025 é de 2,16% (mais 20,8 euros mensais numa renda de 800 euros, por exemplo). Esta atualização não é forçosa (o senhorio pode não aumentar) e, a acontecer, pode ocorrer em qualquer mês do ano. Quem não teve o valor da renda revisto nos últimos três anos pode ver um aumento acumulado próximo de 11% este ano.
Casa: telecomunicações e energia
Nas telecomunicações, pelo menos a MEO vai manter a prática de atualizar os preços à taxa de inflação, o que está previsto no contrato (em 2025 ficarão, assim, 2,1% mais caras) - a exceção está nas marcas Uzo e Moche. A NOS manterá os preços e a Vodafone ainda não abriu publicamente o jogo. As três enfrentam a concorrência da DIGI, que já fez baixar os preços em 2024 e que poderá ser explorada pelos consumidores no próximo ano para baixarem a factura.
Na energia, outro custo inerente à casa, as notícias são melhores: no mercado liberalizado, onde está a maior parte do consumo, a EDP Comercial e a Galp anunciaram descidas de 7% e de 6% no preço da eletricidade a partir de janeiro. Para os clientes do mercado regulado, o aumento de 2,1% do preço da eletricidade será compensado pela descida de outras componentes da fatura total, como o IVA e a tarifas de acesso - ou seja, o custo vai cair ligeiramente em 2025.
Alimentação
Nos alimentos as notícias são mistas. Na lista de produtos com aumentos certos está o leite (a FENELAC, a federação do setor, apontou à agência Lusa o custo dos "fatores de produção"), o pão (idem para os produtores de pão, que apontam a subida do salário mínimo como uma das fontes do aumento dos custos) e a carne de novilho, porco e peru (também aqui se apontam… os custos de produção). Na lista das descidas o destaque é o azeite, que depois da correção de quase 30% em 2024 deverá ter o preço reduzido na casa dos dois dígitos em 2025 (isto depois do recorde atingido em 2023).
Bancos e seguros: uns na mesma, outros nem por isso
Se o preço do dinheiro vai cair em 2025, como vimos na abertura deste artigo, o mesmo já não se pode dizer do preço cobrado pelas instituições onde depositamos uma parte (ou a totalidade) desse dinheiro. As comissões bancárias de manutenção de conta ficarão essencialmente na mesma - o Novo Banco é uma das poucos bancos que sinalizaram uma revisão parcial dos preços (um aumento próximo de 5% na comissão de manutenção para quem não tem o ordenado nela domiciliado).
Nos seguros, as notícias serão provavelmente de agravamento - no caso dos seguros casa (o multirriscos e o de vida, para quem tem crédito à habitação) a tendência será de subida (porque o custo de reconstrução, o principal indexante do preço dos multirriscos, continuará também a subir). Para estes dois seguros há hipóteses mais vantajosas fora dos pacotes vendidos pelos bancos com o crédito para a casa.
Nos seguros de saúde, cada vez mais populares, o cenário é de subida: o "2025 Global Medical Trend Rates Report", da multinacional seguradora Aon, aponta um aumento de 10% nos preços praticados na saúde coberta por seguros privados (a "medical trend rate"), o que se repercutirá no preço dos seguros.
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