Rui Rocha é o novo líder da IL. E chega à liderança com uma meta ousada: chegar aos 15% nas próximas legislativas. Mas há mais. Quer liderar a oposição com uma proposta de revisão da lei eleitoral. E combater nas ruas a revisão constitucional desenhada pelo PS para permitir confinamentos sem estado de emergência.
O anúncio da vitória de Rui Rocha surgiu com cinco horas de atraso e num momento em que já ninguém dava como certo o favoritismo com que tinha entrado na corrida. Numa Convenção dividida e atribulada, quase até à última parecia incerto para que lado penderiam os liberais na escolha do sucessor de João Cotrim Figueiredo. No final, Rui Rocha teve 51,7% e Carla Castro 44,7%, José Cardoso ficou-se pelos 4%.
LUSA
Depois de dois dias de trocas de acusações entre fações liberais, Rocha começou, sem surpresa, com um apelo à união. "Convoco todos os liberais sem exceção", disse, depois de agradecer "à Carla Castro e ao José Cardoso a coragem cívica" de terem participado na disputa.
A sala parecia cansada da espera pelo apuramento dos resultados – que se atrasaram também devido à intervenção de uma consultora contratada para os validar. E não se pode dizer que tenha havido festa ou euforia. Até a saudação de Rocha foi uns bons decibéis abaixo do cumprimento com que iniciou a sua primeira (e muito entusiástica) intervenção no sábado.
Rui Rocha elevou, contudo, a fasquia. No dia em que uma sondagem da Aximage para o DN e a TSF mostram a IL a chegar aos 9,5% das intenções de voto, o novo líder propõe uma meta ambiciosa, sem medo de quantificar o que considera ser a percentagem suficiente para tornar a IL relevante e capaz de mudar a política portuguesa.
"O objetivo desta candidatura era levar a IL a um patamar de cerca de 15% porque é o único patamar que nos permite de facto influenciar a política portuguesa", declarou, voltando a afirmar a intenção de romper com a alternância entre PS e PSD.
"Sim, sim, nós vamos lá. Nós vamos ter 15% e vamos acabar com o bipartidarismo em Portugal", insistiu, explicando que o projeto da IL é o único que não é "estatista e dirigista". Todos os outros partidos (e isso inclui o PSD e o Chega) sofrem, acredita, desses males.
"O único partido que tem a visão para trazer Portugal para um patamar diferente é a IL", garantiu. Esse patamar inclui uma reforma do Estado e o combate aos problemas do país. No diagnóstico, estão os salários estagnados, a crise na saúde, a educação em degradação, a baixa natalidade e a burocracia.
Para os resolver, Rui Rocha promete apresentar "medidas muito concretas para resolver os problemas concretos" do país, mas não concretiza. Diz apenas que vai mandatar o seu grupo parlamentar para desenhar soluções para a habitação, os transportes, a energia e o ambiente, áreas em que quer "liderar a oposição".
Os desafios a Luís Montenegro e uma manifestação em fevereiro
Rocha diz que a IL já está a liderar a oposição em matérias como a TAP. "Fomos os únicos com uma posição clara", frisou. E acredita que essa liderança ficou ainda mais evidente com a moção de censura apresentada pela IL.
"O Governo do PS está completamente esgotado, está politicamente morto e fomos nós que o declarámos com a moção de censura que apresentámos", vincou, aproveitando para se dirigir diretamente ao líder do PSD.
"Quero perguntar daqui a Luís Montenegro o que é que seria preciso acontecer mais para votar favoravelmente a moção de censura da IL", lançou.
Mas Rui Rocha fez mais: assumiu que a IL vai liderar a oposição a uma revisão constitucional que, por acordo entre PS e PSD, possa restringir as liberdades dos portugueses, nomeadamente permitindo confinamentos sem a intervenção da Assembleia da República e a declaração de um estado de emergência.
Com isso em mente, lançou a pergunta a Montenegro: "Vai estar do lado da liberdade ou do lado daqueles que querem retirar a liberdade aos portugueses?".
No seu caso, avisou que a IL estará nas ruas a protestar contra essa revisão constitucional. E até anunciou – embora sem dizer quando – que organizará uma manifestação em fevereiro.
Na agenda de Rui Rocha está também uma proposta de revisão da lei eleitoral, que a bancada liberal deve ter pronta até ao final do ano, mas em relação à qual não deu pormenores sobre o que defende.
Sobre o sistema eleitoral, Rocha disse apenas quer acabar com um método que na prática faz com que muitos votos sejam desperdiçados, mas não disse exatamente como o fará. "É absolutamente inaceitável que 700 mil votos dos portugueses sejam deitados ao lixo", defendeu.
Com o apoio esmagador da bancada parlamentar da IL, Rui Rocha não terá problemas em galvanizar os deputados. Mas a tarefa de unir o partido pode ser mais complicada. A Convenção mostrou – além dores de crescimento de um partido que ainda não definiu bem os seus modelos internos de organização – que há várias fações internas, com desconfianças entre si. Uni-las será a primeira missão do sucessor de João Cotrim Figueiredo.
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