Na sexta sessão, o antigo primeiro-ministro voltou a falar do TGV e foi confrontado com um jantar em casa de Salgado que garante nunca ter acontecido.
Voltando ao tema do TGV, Sócrates afirma que foi a banca e não, como sustenta o Ministério Público (MP), o grupo Lena que beneficiou com o chumbo pelo Tribunal de Contas do projeto para o comboio de alta velocidade. Acusou ainda o Governo de Passos Coelho de ter ficado com o empréstimo do consórcio.
Sócrates volta a tribunal para confrontar o MP sobre TGV e jantar com SalgadoEPA/JOSE SENA GOULÃO
A ju+íza pediu provas da acusação de Sócrates, ao que o primeiro-ministro respondeu: "Fui ver uns interrogatórios da instrução, fui ouvir e de repente ocorreu-me: em 2013, o Governo de Passos Coelho decidiu ficar com um empréstimo todo para si. Não só ficaram com empréstimos, ficaram também com SWAPS associadas a esses empréstimos”, cita o jornal Observador.
O Ministério Público confrontou o antigo primeiro-ministro com escutas em que este combinou um jantar, em 2014, em casa do ex-banqueiro Ricardo Salgado. Mas Sócrates, ao responder, garantiu que não tinha ido jantar a casa com o banqueiro. "Fui convidado para jantar, mas o jantar não aconteceu, e estou convicto de que não aconteceu justamente porque o dr. Henrique Granadeiro não apareceu", reiterou hoje José Sócrates, desvalorizando o facto de, no dia seguinte à data marcada, ter sido escutado a dizer que a refeição em casa do à data presidente do Banco Espírito Santo (BES) ocorrera.
José Sócrates está a ser julgado, no processo Operação Marquês, por, entre outras acusações, ter sido alegadamente corrompido pelo grupo empresarial Lena para que o consórcio que o grupo integrava, e que em 2010 venceu o concurso para a construção do troço Poceirão-Caia da linha de alta velocidade, fosse indemnizado caso o Tribunal de Contas chumbasse o projeto, como acabaria por acontecer. O montante da compensação financeira foi mais tarde estabelecido pelo tribunal arbitral em 150 milhões de euros e ainda não foi pago.
As tensões com a juíza
Durante a sessão, Sócrates afirmou que o MP apresentou "factos absurdos" que constituem um "maldoso exercício de ficção”. "Todos estes factos em si são um absurdo, em conjunto são um perfeito disparate", acrescentou.
A presidente do coletivo de juízes, Susana Seca, advertiu Sócrates novamente (como fez em todas as sessões anteriores) para o conteúdo da linguagem que utilizava para descrever a acusação e o trabalho dos magistrados. “Absurdo, sim; disparate, não”, pediu.
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'José Sócrates voltou ao ataque': balanço da 6.ª sessão de julgamento da Operação Marquês
“Deixemos de lado essa diferença tão subtil entre absurdo e disparate. Enfim, é estapafúrdio e não se compreende", respondeu, Sócrates.
Mas mais tarde houve novo confronto: José Sócrates defendeu que o tribunal reagiu com “azedume” às informações que deu sobre o Governo de Passos. “O tribunal não tem azedumes, não tem sentimentos relativamente aos arguidos. O tribunal está aqui para fazer o seu trabalho. O tribunal não vai permitir é que faça essas considerações”, respondeu a juíza.
José Sócrates responde por 22 crimes, incluindo três de corrupção, por ter, alegadamente, recebido dinheiro para beneficiar em dossiês distintos o grupo Lena, o Grupo Espírito Santo (GES) - ligado ao BES, à data acionista da PT - e o empreendimento Vale do Lobo, no Algarve. Suspeitava-se que o tema de Vale do Lobo fosse abordado esta terça-feira pelo antigo governante, mas ficará para uma outra sessão.
O julgamento começou em 3 de julho no Tribunal Central Criminal de Lisboa e prossegue na quarta-feira, com mais pedidos de esclarecimentos do MP, nomeadamente sobre a relação de José Sócrates com o grupo Lena.
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