Citou Rui Rio, garantiu que o Governo nunca impôs a criação de uma rota por motivos políticos, desmentiu ter tentado impedir a comunicação entre a TAP e o Ministério das Finanças. Mas assumiu que a pressão para mudar o voo de Marcelo foi "uma opinião infeliz".
Hugo Mendes chegou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP, com uma intervenção escrita, numa linguagem dura, pouco usual neste tipo de comissões, o que levou o presidente da comissão, António Lacerda Sales, a admoestá-lo.
MANUEL DE ALMEIDA/LUSA
Nessa intervenção inicial, o ex-secretário de Estado de Pedro Nuno Santos tentou procurar desmontar a ideia de que tinha em algum momento tentado travar as comunicações diretas entre a TAP e o Ministério das Finanças e desmentir a tese de que a forma como tutelou a empresa levou a ingerências políticas na gestão.
As reuniões com o Governo que irritaram Hugo Mendes
"Ridícula" e "absurda" é assim que Hugo Mendes classifica a tese de que tentou impedir a comunicação entre a TAP e o Ministério das Finanças. Para o sustentar, leu a sequência de mensagens trocadas com a CEO da TAP, Christine Ouriméres-Widener, para vincar que quando disse que "a porta de entrada" da empresa no Governo eram as Infraestruturas não estava a excluir o ministério tutelado por Fernando Medina.
"Para interpretar o texto é preciso entender o contexto", defendeu, antes de ser advertido pelo presidente da CPI, António Lacerda Sales, para não fazer "considerações sobre esta comissão".
Hugo Mendes garantiu, na sua intervenção inicial na CPI à TAP, que a troca de mensagens que deu a ideia de que estava a tentar condicionar as relações da CEO com o Governo aconteceu na sequência de um pedido de reunião da secretária de Estado do Trabalho.
Mendes demonstrou desconforto por outros membros do Governo terem tido a iniciativa de contactar diretamente a TAP sem passar pelo Ministério das Infraestruturas. E citou ocasiões em que o MAI ou a Defesa se reuniram com a administração da empresa sem conhecimento das Infraestruturas, facto que o levou a escrever um email à CEO, apelando a que não aceitasse essas reuniões sem o avisar para "não perder o fio à meada".
O ex-governante considera que só "os gestores em litígio com o Estado" vieram à CPI acusar o Ministério das Infraestruturas de tentativas de ingerência na gestão.
De resto, Mendes até citou Rui Rio para ilustrar as "pressões e preocupações" que, na sua opinião, "chegavam de todo o lado". O ex-secretário de Estado lembrou a forma como o então líder do PSD defendeu que, tendo o Estado injetado dinheiro na companhia, a TAP deveria cobrir todo o território nacional e cumprir obrigações de serviço público. Para Hugo Mendes, essa defesa constitui uma pressão política a que o Governo soube resistir.
"Sempre fizemos a nossa obrigação, proteger a TAP de todas as pressões", declarou, explicando que isso fez com que o Governo se abstivesse por exemplo de pedir a "criação de rotas por motivos políticos".
Voo de Marcelo: a "opinião infeliz"
Mesmo no caso do mail em que explica à CEO da TAP a importância de mudar um voo para não fazer de Marcelo Rebelo de Sousa um inimigo, Hugo Mendes assegura que o que aconteceu foi dar "uma opinião infeliz" e não uma ingerência. "Reconheço que não devia ter emitido nem partilhar aquela opinião", confessou, sublinhando que a forma como o fez adveio da boa relação que tinha com a gestora francesa.
Para Hugo Mendes, a relação entre o Governo e a comissão executiva da empresa era uma "relação feita de acompanhamento, debate, respeito mútuo" e nunca de ingerência.
De resto, Mendes garante que essa distância entre a tutela e a gestão da empresa é o motivo pelo qual não interveio no processo de rescisão de Alexandra Reis e que foi por não estar envolvido formalmente na decisão que as comunicações sobre o tema foram feitas de forma informal.
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Brigitte e Emmanuel nada têm a ganhar com este processo que empestará ainda mais a atmosfera tóxica que rodeia o presidente, condenado às agruras políticas de um deplorável fim de mandato
Esta ignorância velha e arrastada é o estado a que chegámos, mas agora encontrou um escape. É preciso que a concorrência comece a saber mais qualquer coisa, ou acabamos todos cidadãos perdidos num qualquer festival de hambúrgueres