Ex-secretário de Estado de Pedro Nuno Santos diz que Governo tomou conhecimento do comunicado à CMVM sobre a saída de Alexandra Reis, mas não se pronunciou. Não se lembrava de ter conhecimento do valor da indemnização e até acha que a ex-administradora ganhava pouco.
Hugo Mendes rejeita qualquer responsabilidade no processo que levou à saída de Alexandra Reis da administração da TAP. "Este processo foi instruído, acompanhado, finalizado, todo escrito pelos advogados", disse a dada altura, quando o deputado do Chega, André Ventura, tentava perceber como é que a gestora teve direito a uma indemnização de 500 mil euros quando no comunicado emitido para a CMVM a TAP anunciava que a saída estava a ser feita para que a gestora abraçasse novas oportunidades profissionais.
MANUEL DE ALMEIDA/LUSA
"Neste caso, não fizemos nada. É um comunicado da empresa para o mercado", argumentou o ex-secretário de Estado de Pedro Nuno Santos, assumindo ter tido conhecimento dos termos em que estava escrito mas sem ter qualquer intervenção no seu conteúdo.
Ventura tentou que Hugo Mendes explicasse como é que a informação que dava conta de uma saída voluntária era compatível com a aceitação - expressa numa mensagem enviada por Hugo Mendes a Pedro Nuno Santos - com o pagamento de uma indemnização. Sem sucesso.
Mendes foi insistindo na ideia de que o comunicado não foi redigido pelo ministério e chegou a dizer que achou que a frase onde se dizia à CMVM que Alexandra Reis saía para abraçar novos desafios profissionais "se calhar aquela formulação era convencional".
A responsabilidade, para Hugo Mendes, era dos advogados que acompanharam tanto a CEO da TAP como Alexandra Reis. "Elas não deram um passo sem ter apoio jurídico. Um", insistiu, vincando a separação que assegura ter existido sempre entre a tutela e a empresa. "A empresa é responsável pelos seus atos de gestão."
O telefone partido no Porto de Sines
Hugo Mendes garante que não tinha memória de uma mensagem na qual transmitia o "ok do ministro" à CEO da TAP nem de quando tinha transmitido essa informação a Pedro Nuno Santos e explicou que não tinha em seu poder a troca de mensagens com o então ministro sobre o assunto no WhatsApp com o facto de ter partido o seu telefone durante uma visita de trabalho ao Porto de Sines.
Do teor destas mensagens, assevera, só teve "conhecimento" delas através da comunicação social, uma vez que na altura em que redigiu o comunicado da sua demissão, "escrito em duas ou três horas", não tinha memória de as ter escrito.
"É um comunicado que se presta à existência de imprecisões e lapsos", disse em resposta ao deputado Bernardo Blanco da IL, já depois de ter dito que a sua demissão "não foi em câmara lenta" e que por isso não teve tempo para reconstituir o que se tinha passado.
"Foi aquilo de que nos conseguimos lembrar naquele momento", diz sobre o comunicado, que esclarece ter sido escrito com a ajuda de Pedro Nuno Santos e da sua chefe de gabinete.
Alexandra Reis ganhava quase metade do gestor privado
Nessas trocas de mensagens, Hugo Mendes refere-se à indemnização a Alexandra Reis como sendo de "apenas 500 mil euros". O ex-governante justifica essa desvalorização do montante com o facto de o valor acordado ser cerca de um terço do que havia sido pedido inicialmente, mas também com os valores praticados no mundo da aviação.
"Estamos a falar do mundo da aviação que é dos mais bem pagos", vincou, assumindo que os 500 mil euros lhe pareceram uma solução de "equilíbrio" que tinha em conta os interesses da empresa, de Alexandra Reis e do Governo.
Para contextualizar o montante e lembrando que Alexandra Reis ganhava cerca de 55 mil euros "antes de impostos", Hugo Mendes trouxe para a CPI um valor que ainda não tinha sido revelado, o do salário do gestor privado David Pedrosa, filho do acionista Humberto Pedrosa, para explicar que Reis ganhava pouco menos de metade do que Pedrosa.
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