A Comissão Independente de investigação aos abusos de menores recebeu testemunhos de vítimas em várias instituições com ligações à Igreja.
A Comissão Independente analisou testemunhos prestados por alegadas vítimas de abuso sexual em vários institutos religiosos, como escolas, e grupos recriativos, como escuteiros.
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa mostra, no relatório "Dar Voz ao Silêncio", apresentado esta segunda-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, que os abusos ocorreram principalmente em institutos religiosos masculinos, tendo sido relatados muito menos testemunhos de institutos femininos.
O quadro publicado no relatório mostra que chegaram 18 testemunhos de abusos vindos do Colégio Salesianos de Lisboa. No total, foram denunciados abusos por parte de 18 vítimas, sendo que todos haviam sido perpetuados por um elemento membro do clero. Desses casos, a Igreja tinha conhecimento de quatro vítimas.
Outras escolas onde se verificaram denúncias de abusos são os Irmãos Maristas (cinco vítimas), na Ordem dos Frades Menores Franciscanos (onze) e ainda em escolas jesuítas (doze).
No total, foram quantificadas 66 vítimas em institutos religiosos masculinos e 18 em institutos religiosos femininos (quase metade dos casos - oito - partiu das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima).
A Comissão Independente recebeu ainda testemunhos de abusos de três outras instituições com ligações à igreja católica: a Obra da Rua, o Corpo Nacional de Escutas (CNE) e o Opus Dei.
Do CNE foram recebidos relatos de onze testemunhos de abusos sexuais. A estes, acrescentam-se 19 encontrados pelos escuteiros num levantamento próprio, sendo que quatro são coincidentes com a investigação da Comissão Independente. Isto quer dizer que pelo menos 26 pessoas deram o seu testemunho de abusos sofridos no CNE. Cinco casos transmitidos à Comissão foram praticados pelo clero, sendo que seis foram levados a cabo por "leigos".
No prelado Opus Dei foram identificadas cinco vítimas, sendo que uma foi vítima de um elemento do clero, duas por um membro do prelado e duas por leigos.
Na Obra de Rua foram transmitidas sete denúncias, tendo sido identificados apenas dois abusadores, com um deles a ser membro do clero.
A Comissão, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, foi criada por iniciativa da Conferência Episcopal Portuguesa, numa decisão tomada no final de 2021 e começou os trabalhos em janeiro do ano seguinte. No total, foram recebidos 564 testemunhos de abusos, tendo sido validados 512. Deste total, a Comissão extrapolou que tenham existido pelo menos 4.815 vítimas de abuso na igreja desde 1950.
A idade média das vítimas é hoje de 52,4 anos, 52,7% são homens, 47,2% são mulheres e 88,5% são residentes em Portugal continental, principalmente nos distritos de Lisboa, Porto, Braga, Setúbal e Leiria, "mas os abusos estão espalhados por todo o País".
A Comissão enviou para o Ministério Público 25 casos de entre os 512 testemunhos validados recebidos ao longo do ano. Quase todos os abusadores das vítimas que contactaram a Comissão Independente eram homens e maioritariamente padres.
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