Sábado – Pense por si

Igreja garante "tolerância zero" para abusadores e pede perdão

José Ornelas afirmou que padres suspeitos não vão ser afastados preventivamente. Conferência Episcopal condena ainda todos os que ocultaram os abusos praticados dentro da Igreja.

A Igreja Católica manifesta "tolerância zero" para com todos os abusadores e "para com aqueles que, de alguma forma, ocultaram os abusos praticados dentro da Igreja Católica". Anunciou que será criada uma equipa de proteção de menores e adultos vulneráveis. 

Paulo Novais/Lusa

O bispo José Ornelas explicou que vai ser criada uma comissão para continuar a ivnestigar as denúncias feita sà Comissão Independente. "Terá um carácter, uma independência, mas o ponto de comunicação direto será com a coordenação nacional", explicou. José Ornelas revelou que a lista dos nomes dos alegados abusadores foi entregue a  cada diocese, "as entidades responsáveis pela investigação de possíveis casos". O bispo não se comprometeu ainda com a expulsão ou suspensão dos bispos suspeitos.

José Ornelas afirma que será difícil tomar medidas dentro da igreja, já que mem muitos casos não há nomes dos abusadores ou dos denunciantes. "Só com a lista dos nomes, se não tivermos outros dados, sem saber quem denunciou, porque é que denunciou, é muito difícil", disse. "É uma lista de nomes. Sendo uma lista de nomes, sem outra caracterização, torna-se difícil essa investigação, exige redobrados esforços", admitiu ainda, afirmando que essas informações não irão permitir tomar medidas concretas. sublinhando que a igreja dá "muita importância ao relatório".

José Ornelas afirma ainda que o que este relatório revelou sobre a igreja é "um reflexo do país".

Esta manhã, os elementos da comissão independente que investigaram os abusos sexuais na Igreja estiveram em Fátima para esclarecer dúvidas dos bispos e para lhes entregar a lista nominal dos alegados abusadores que ainda se encontram no ativo. A comissão validou 512 dos 564 testemunhos recebidos em dez meses.

Num comunicado emitido à saída da reunião entre os bispos, a Conferência Episcopal Portuguesa refere que apelou à criação da Comissão Independente por desejar "ir ao encontro daqueles que foram vítimas desta situação dramática", acrescentando: "É ao encontro das vítimas que queremos ir. É a elas que queremos continuar a dar voz para que o seu sofrimento não fique calado".

O comunicado manifesta ainda "tolerância zero" para com todos os abusadores e "para com aqueles que, de alguma forma, ocultaram os abusos praticados dentro da Igreja Católica", reconhecendo ainda "a necessidade de estruturas concretas para o seu acompanhamento espiritual, pastoral e terapêutico".

A Conferência Episcopal agradece "a todas as vítimas que deram o seu testemunho ao longo do último ano e, em muitos casos, a um silêncio guardado durante décadas", transmitindo ainda "uma palavra de coragem a todas as vítimas que ainda guardam a dor no íntimo do seu coração para que possam dar voz ao silêncio". Revelou ainda que será criada uma equipa de proteção de menores e adultos vulneráveis. A Igreja portuguesa assume que "as feridas infligidas às vítimas são irreparáveis", mas que as vítimas "se o desejarem, terão o acolhimento e disponibilizaremos o devido acompanhamento espiritual, psicológico e psiquiátrico", junto das dioceses. 

"É com dor que, novamente, pedimos perdão a todas as vítimas de abusos sexuais no seio da Igreja Católica em Portugal", pode ainda ler-se no comunicado, reafirmando a Conferência o seu "propósito de tudo fazer para que os abusos não se voltem a repetir".

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.