Pedro Simas defende que nem todos os profissionais de saúde devem ser prioritizados. "Temos de proteger os grupos de risco", afirma o virologista.
O médico virologista do Instituto de Medicina Molecular Pedro Simas tem várias críticas ao plano de vacinação que está a ser implementado em Portugal e sugestões para o melhorar. Simas acredita ainda que é essencial olhar para Israel, o país mais avançado na vacinação até agora, para perceber os efeitos da vacinação.
Vacinação Portugal Covid-19Reuters
Pedro Simas mostra-se pouco esperançoso ou otimista com a realidade nacional no que toca à pandemia. Diz que Portugal só estaria livre de perigo - "e mesmo assim continuaria a ser muito mau" - quando estivesse abaixo dos três mil casos diários. Atualmente são cerca de 10 mil. Mas uma das respostas para a pandemia sempre foi a vacina e até nesse plano, Portugal já esteve melhor.
"Infelizmente as vacinas são um recurso raro em Portugal", lembra o virologista, lamentando algumas das decisões tomadas pela equipa responsável pelo planeamento do mesmo. "No plano de vacinação queria ver priorizados os grupos de risco logo na primeira fase", refere. "São eles o principal problema nesta pandemia e têm de ser protegidos e, felizmente, as vacinas parecem ter uma eficácia muito grande nas consequências graves, o que é uma ótima notícia", explica o especialista. Entretanto, na segunda-feira, o primeiro-ministro informou que a primeira fase da vacinação nos lares deve ser terminada na próxima semana.
Simas defende ainda que os profissionais de saúde que lidam diretamente com covid-19 devem também ser inoculados já numa primeira fase, mas rejeita que esta fase se alargue a todos os profissionais de saúde. "Não nos podemos esquecer que a vacina salva vidas e é um recurso limitado e precioso", devendo ser usado para proteger aqueles que mais necessitam, ou seja, os mais frágeis, como idosos e pessoas pertencentes a grupos de risco a nível de saúde.
O virologista defende ainda uma otimização da vacina, à semelhança do que tem vindo a acontecer no Reino Unido. "Os estudos mostram que a dose pode ser administrada entre 21 e 42 dias depois da primeira dose. E se decidíssemos alargar o tempo de inoculação final para os 42 dias podíamos vacinar muitas mais pessoas sem a quebra protocular", afirma. Vários países estão a adiar a segunda toma da vacina para mais tarde, de forma a conseguirem dar a primeira dose ao máximo de pessoas. Vários estudos afirmam que a primeira dose reduz, em grande escala, a probabilidade de vir a desenvolver uma doença mais grave, ao fim de 14 dias.
"Temos de assegurar sempre metade das vacinas, mas se fosse possível podíamos não guardar e gerir bem a vinda das vacinas - que vão chegando aos poucos e poucos - e fazer essa gestão da segunda dose das vacinas que podem ser dadas depois, entre o 21.º e o 42.º dia", conclui Simas, lembrando que a Agência Europeia do Medicamento admitiu ser possível adiar a segunda toma até aos 42 dias sem violar o protocolo.
"O mundo inteiro a olhar para Israel"
"O mundo inteiro está de olhos postos em Israel. As próximas três a quatro semanas vão ser essenciais para ver o efeito em massa da vacinação", afirma o virologista do Instituto de Medicina Molecular. Israel é o país que lidera a vacinação mundial, tendo já dado a primeira dose da vacina da Pfizer a 25% da sua população.
"Israel é um bom exemplo porque tem muitas infeções, mas temos de olhar para o número de mortos e internamentos, porque a vacina vai proteger essencialmente contra a morte", refere Simas.
A vacinação começou em Israel no dia 19 de dezembro e entretanto já foram administradas 2,55 milhões de vacinas. O governo israelita já disponibilizou os seus dados à Pfizer para que esta possa avançar com um estudo para perceber o impacto da vacinação na imunidade de grupo.
Além de 25% da população total ter já recebido uma dose, cerca de 3,5% dos israelitas receberam já uma segunda dose da vacina.
Desde o início da pandemia já morreram quatro mil pessoas devido à covid-19 em Israel e mais de 500 mil casos de infeção foram detetados. O país atravessa o seu terceiro confinamento geral. Mas Simas acredita que em breve se poderá começar a ver o efeito da vacina na pandemia e que será essencial continuar de olhos postos no país do Médio Oriente.
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