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Alexandra Reis contactou TAP para devolver indemnização. Mas não houve resposta

A ex-secretária de Estado e antiga administradora da TAP fez as primeiras declarações desde que foi conhecido o valor da indemnização. Alexandra Reis já garantiu que iria devolver o que for exigido.

Alexandra Reis é a protagonista da nova audição da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP. Nas suas declarações iniciais, reforçou que quer devolver parte da indemnização - como decidido pela Inspeção-Geral de Finanças - e que já contactou a TAP com vista a essa devolução, mas que ainda não obteve resposta. 

António Cotrim/Lusa

"Logo na manhã seguinte [à divulgação do parecer da IGF], a 7 de março, os meus novos advogados contactaram logo a TAP. Desde esse dia, e até hoje, e apesar das insistências, continuo a aguardar para que se possa proceder" à devolução, afirmou. 

"Aceitei sair de uma empresa com total boa-fé, à qual me entreguei com todo o meu compromisso", iniciou a ex-secretária de Estado. Enquanto membro da comissão executiva da companhia aérea manifestou sempre de forma construtiva as suas visões, "mesmo quando estas não eram coincidentes com as da nova CEO". No entanto, e isto é importante, nenhuma delas beliscou uma única vez, repito, uma única vez que fosse, o meu compromisso com a implementação do plano de reestruturação", sublinhou.

A antiga administradora da TAP e secretária de Estado do Tesouro terá que responder a questões acerca da indemnização recebida aquando da saída da TAP - e entrada na NAV -, sobre os contactos com vista à devolução do valor decretada pela Inspeção-Geral de Finanças (IGF), se já sabia que ia para a NAV antes de sair da TAP e sobre o email de dezembro de 2021 em que colocou o seu lugar à disposição, entre outros temas. 

Ainda não é claro o valor que Alexandra Reis terá que devolver, no âmbito do acordo que foi declarado nulo pela IGF. Durante a audição de Christine Ourmières-Widener, ainda CEO da TAP, a mesma disse que não esteve envolvida em qualquer decisão acerca do valor da indemnização que foi atribuída a Alexandra Reis. Segundo Christine Ourmières-Widener, o assunto "foi tratado pelas entidades competentes". "Depois disso, sobre o valor mesmo não posso confirmar porque não me lembro exatamente. Não posso confirmar que tinha conhecimento do valor."

Alexandra Reis defende que a sua saída foi decidida por Christine Ourmières-Widener. "Se o acordo é inválido, temos, então, uma demissão por mera conveniência – uma vez que a decisão unilateral para a minha saída da empresa foi da CEO [a presidente executiva] –, o que me confere, legalmente, direito a uma indemnização", divulgou num comunicado após ter sido conhecido o relatório da IGF. "Embora discorde do parecer da IGF e nada me obrigue a isso, reafirmo o que sempre disse que faria: por minha vontade própria devolverei o que indica a IGF, lamentando os ataques de carácter de que fui alvo nos últimos meses e com os olhos postos no futuro."

Alexandra Reis é a quarta personalidade ouvida pela comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP, constituída por iniciativa do Bloco de Esquerda, depois da Inspeção-Geral de Finanças (IGF), o administrador financeiro da empresa, Gonçalo Pires, e da presidente executiva, Christine Ourmières-Widener.

Com Lusa 

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