Alexandra Reis descreve que "numa reunião muito curta" a presidente da TAP lhe comunicou que queria que saísse da administração e da empresa. "Is the Government ok with it?", perguntou Reis. "Sim, of course", respondeu Christine Ourmières-Widener. Já disse três vezes à TAP que quer devolver o dinheiro da indemnização, mas não teve resposta.
A ex-administradora da TAP Alexandra Reis, cuja indemnização de 500 mil euros provocou uma tempestade política, afirmou hoje no Parlamento que foi a presidente da TAP que a despediu e que o Governo estava a bordo dessa decisão. Na primeira vez que falou em público desde o início deste caso há três meses, Alexandra Reis deixou no ar a sua dúvida quanto aos motivos de Christine Ourmières-Widener para empurrá-la para fora da empresa, uma decisão que, percebeu ao sair, deixou a tutela das Finanças muito surpreendida.
António Cotrim/Lusa
"A 25 de janeiro [de 2022], numa reunião muito curta, a CEO explicou que queria distribuir os meus pelouros", contou a ex-administradora perante os deputados da comissão de inquérito sobre a gestão da TAP. Alexandra Reis perguntou, então, "E o que fico eu a fazer?". Foi aí, contou, que Christine Ourmières-Widener lhe disse que queria que saísse. "Eu quero que saias da empresa", citou Alexandra Reis. A CEO da TAP disse-lhe, de seguida, que já tinha contactado uma firma de advocacia para gerir o processo, sobre o qual lhe pediu confidencialidade.
Durante a primeira inquirição, feita pelo deputado da IL Bernardo Blanco, Alexandra Reis contou ainda que quando perguntou a Christine Ourmières-Widener se o Governo estava a bordo daquela decisão, a francesa não teve dúvidas. Na altura eu perguntei "Is the Government ok with this? ["O governo está ok com isto?"] E a resposta foi "Sim, of course, of course". Este conhecimento e aval parece ter ficado, contudo, cingido a um ministério, o de Pedro Nuno Santos – Alexandra Reis conta que, quando saiu da empresa e se despediu por telefone do secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz, se mostrou "francamente surpreendido".
O que motivou, afinal, o despedimento por acordo de Alexandra Reis? A gestora deu aos deputados poucas respostas definitivas. "Ainda não entendo de forma muito clara as razões que o motivaram", afirmou a ex-administradora. Na primeira inquirição foram referidas algumas divergências entre Reis e a CEO, com Reis a posicionar-se como a gestora que queria cortar custos e dar o exemplo: não queria mudar a sede da TAP, não queria comprar carros novos para a frota, não queria contratar a empresa na qual o diretor comercial era o marido de Christine Ourmières-Widener.
Sobre este último ponto, Alexandra Reis disse ter dado indicações claras para não contratar a Zanma e que nunca falou com a CEO da TAP sobre o assunto. Filipe Melo do Chega!, perguntara ontem a Ourmières-Widener se essa foi a razão que espoletou o confronto, tendo a gestora dito que não de forma sucinta. Na primeira inquirição, Alexandra Reis falou também em divergências sobre contratações, um ponto que deverá ser explorado ao longo do resto da audição pelos deputados.
Alexandra Reis começou a audição com uma intervenção na qual sublinhou o que descreveu como os seus sucessos na TAP, numa altura muito difícil para a empresa. Sobre a devolução da maior parte da indemnização, imposta pela Inspeção-Geral de Finanças, Reis disse que apesar de discordar contactou a TAP logo no dia seguinte à publicação da auditoria, dizendo que quer devolver os valores líquidos de impostos. Já insistiu três vezes. A TAP ainda não lhe respondeu.
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Brigitte e Emmanuel nada têm a ganhar com este processo que empestará ainda mais a atmosfera tóxica que rodeia o presidente, condenado às agruras políticas de um deplorável fim de mandato
O Chega está no centro do discurso político e comunicacional português, e bem pode o PSD querer demarcar-se a posteriori (e não quer muito) que perde sempre. A agenda política e comunicacional é a do Chega e, com a cloaca das redes sociais a funcionar em pleno
É tempo de clarificação e de explicarmos às opiniões públicas europeias que sem Segurança não continuaremos a ter Liberdade. A violação do espaço aéreo polaco por parte da Rússia, com 19 drones, foi o episódio mais grave da história da NATO. Temos de parar de desvalorizar a ameaça russa. Temos de parar de fazer, mesmo que sem intenção, de idiotas úteis do Kremlin. Se não formos capazes de ajudar a Ucrânia a resistir, a passada imperial russa entrará pelo espaço NATO e UE dentro