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Os trabalhadores da Lusa cumpriram este domingo o quarto dia de greve. A agência está sem serviço informativo, mas a administração e o Governo continuam sem dar respostas ao pedido de aumentos de 100 euros, após 12 anos sem qualquer aumento salarial.
Os trabalhadores da agência Lusa reivindicam menos de 10 euros por cada ano em que não tiveram aumentos salariais. Depois de terem começado por pedir 120 euros, durante uma negociação com a administração a reivindicação baixou para os 100 euros. Apesar disso e após o PS ter chumbado uma proposta que aumentaria a transferência do Estado para cobrir este aumento, a agência noticiosa paralisou durante quatro dias. Foram quatro dias de paragem total do serviço, tanto nacional como internacional. Mas a administração e o Governo ainda não deram sinais de ceder às exigências.
Lusa
É muito pouco habitual uma greve no setor dos media e menos ainda uma que se prolongue por quatro dias, com níveis de adesão que os sindicatos garantem ter estado acima dos 90%. A paralisação levou a uma consequência sem precedentes: o serviço informativo da agência de notícias portuguesa esteve parado, sem alimentar os vários órgãos nacionais, regionais e internacionais que serve habitualmente.
"Portugal perdeu visibilidade"
"A falta de notícias da agência Lusa criou um enorme impacto, pelos serviços que deixaram de ser prestados, junto de outros órgãos de informação nacionais, cujas redações cada vez mais reduzidas e precarizadas os obrigam a dependerem cada vez mais da única agência de notícias do País. Tudo isto aconteceu no panorama do jornalismo nacional, mas também internacional. Nos últimos quatro dias, Portugal perdeu visibilidade", frisam num comunicado o Sindicato dos Jornalistas (SJ), o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE) e o Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços (SITESE), os organismo que representam os trabalhadores da Lusa.
Apesar disso, nem a administração nem o Governo deram ainda qualquer sinal de estarem dispostos a ceder. Mais: na sexta-feira, o PS chumbou uma proposta do BE que seria essencial para que os aumentos pedidos tivessem orçamento, ao permitir um reforço da indemnização compensatória que o Estado paga à agência noticiosa.
Sindicatos apontam incongruência a Costa
"Para concretizar o aumento exigido pelos trabalhadores da Lusa, o Governo tem de rever a indemnização compensatória que contratou com a empresa", frisam os sindicatos, apontando o dedo à incongruência de António Costa que, no sábado, defendeu a importância de subir os salários, nomeadamente no setor privado.
O primeiro-ministro disse mesmo que esse esforço de aumentos no privado é essencial para combater a inflação depois de no início do ano ter afastado subidas salariais por receios de uma "espiral inflacionista".
Agora, os sindicatos dos trabalhadores da Lusa acusam o Governo de ser "o primeiro a dar o mau exemplo ao setor privado, quando, por exemplo, deixa de fora das suas medidas os trabalhadores do setor empresarial do Estado".
Estas estruturas sindicais dizem que Costa "deixou sem resposta trabalhadores da Lusa, em Aveiro, aquando da entrega de uma carta aberta a apelar para aumentos salariais", apenas um dia antes de afirmar publicamente que "é preciso que a economia cresça para os salários crescerem, mas o crescimento dos salários faz também crescer a economia" e que "é mesmo nos salários que deve assentar a política de rendimentos".
Sindicatos prometem não parar a luta
Face a isto, "os trabalhadores da Lusa lamentam silêncio e falta de resposta por parte da administração e do Governo" e recordam que estão "sem aumentos salariais reais há 12 anos".
Inicialmente, os sindicatos começaram por reivindicar 120 euros de aumento. Depois de uma proposta de 35 euros, a administração chegou aos 74 euros, mas os sindicatos consideraram que valor é insuficiente face à perda de poder de compra que os trabalhadores enfrentam. Como contraproposta, pedem agora 100 euros.
"Os 120 euros pedidos não são muito para tanto tempo sem aumentos, mas os sindicatos baixaram a contraproposta, ratificada em plenário, para os 100 euros", lê-se no comunicado enviado à imprensa, no qual as estruturas sindicais dizem estar à espera de um gesto da administração e do Governo para "virem ao encontro destas pretensões".
Sem essa resposta, os sindicatos "prometem tudo continuar a fazer nesta luta por aumentos salariais". Os trabalhadores devem, por isso, agora analisar novas formas de luta. A SÁBADO sabe que, em cima da mesa, está a hipótese de encontrar formas de pressão que não penalizem tanto os trabalhadores mais mal pagos, para quem esta paralisação já significará uma perda significativa de salário numa altura de grande inflação.
"Esperamos que a Lusa seja um farol na valorização das nossas profissões, pois não há jornalismo de qualidade e de referência com trabalhadores maltratados, com baixos salários e em precariedade", afirmam o SJ, SITE e o SITESE.
Recorde-se que na TVI chegou a ser emitido um pré-aviso de greve, que, entretanto, foi cancelado, enquanto decorrem negociações com a administração. E, na Imprensa, houve já um protesto simbólico dos trabalhadores para sinalizar o descontentamento com os salários. Em ambos os casos não está completamente descartada a hipótese de que venham a ser convocadas greves.
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