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Putin assina em direto reconhecimento de independência de Donetsk e Luhansk

Diogo Camilo
Diogo Camilo 21 de fevereiro de 2022 às 19:05
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Presidente russo assinou decretos que reconhecem a independência das regiões ucranianas de Donetsk e Luhansk, ocupadas por grupos separatistas pró-russos. Numa transmissão em direto chamou a Ucrânia de "colónia dos EUA com um regime de marionetas".

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou esta segunda-feira em direto um decreto que reconhece a independência das regiões da Ucrânia controladas por forças separatistas pró-russas, as auto-proclamadas repúblicas de Donetsk e Luhansk, junto dos responsáveis das mesmas.

A intenção foi dada a conhecer minutos antes por um comunicado do Kremlin, após ser transmitida a decisãoao presidente de França, Emmanuel Macron, e ao chanceler alemão, Olaf Scholz, que lhe indicou que tal constituiria uma "quebra unilateral" dos acordos de Minsk, assinados em 2014 para pôr fim à guerra no este da Ucrânia.

"A situação em Donbass tornou-se crítica, aguda outra vez. Estou aqui a dirigir-me a vocês diretamente não apenas para avaliar o que se está a passar mas para vos informar das decisões tomadas e sobre possíveis passos futuros", começou por dizer Putin numa transmissão televisiva em que deixou uma caracterização histórica pessoal sobre a Ucrânia, considerando que a versão "moderna" do país "foi criada pela Rússia comunista" e que a "Ucrânia soviética foi criada por Lenine", referindo que a Rússia sempre teve uma "cooperação aberta" com a Ucrânia.

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"Os líderes da Ucrânia queriam todas as coisas boas da Rússia sem quaisquer obrigações", afirmou o presidente russo, acusando as autoridades do país de estarem "contaminadas pelo vírus do nacionalismo e da corrupção".

O presidente da Rússia critica a Ucrânia por estar dependente de outros países como os EUA, referindo que as embaixadas norte-americanas controlam os organismos anti-corrupção no país e referindo que os Estados Unidos e a NATO tornaram o país, inadvertidamente, num "teatro de guerra", "inundando a Ucrânia com armas do Ocidente nos últimos meses".

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Putin critica ainda aquilo que chama de "marginilização da língua" na Ucrânia, referindo que o país está "cheio de clãs oligárquicos" e que se prepara para executar a igreja ortodoxa russa. "A Ucrânia é uma colónia dos EUA com um regime de marionetas", disse.

O presidente russo dirige-se depois para uma sala, onde assina os decretos de reconhecimento de independência das regiões ucranianas de Luhansk e Donetsk, junto dos representantes das mesmas.

UE pronta para impor sanções

Antes da transmissão de Putin, a União Europeia tinha-se demonstrado pronta para impor sanções se Moscovo a independência das regiões separatistas do leste da Ucrânia reconhecesse.

"Partimos do princípio de que o Presidente Putin não o fará, mas, se o fizer, colocarei o pacote de sanções na mesa dos ministros" europeus, advertiu Josep Borrell, no final de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE em Bruxelas.

Entretanto, a ONU instou "todas as pessoas envolvidas a evitarem qualquer decisão ou ação unilateral que possa atentar contra a integridade territorial da Ucrânia", declarou hoje o seu porta-voz, inquirido sobre um eventual reconhecimento por Moscovo da independência das regiões separatistas ucranianas de Donetsk e Lugansk.

"Sublinhamos o nosso apelo para o fim imediato das hostilidades, para a máxima contenção por todas as partes, a fim de evitar qualquer ação e declaração que agrave ainda mais as tensões", disse também Stéphane Dujarric, defendendo que todos os diferendos devem "ser abordados através da diplomacia".

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