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Youtuber maltratava os filhos por acreditar que estavam possuídos

No acordo de confissão Ruby Franke partilhou detalhes sobre os abusos a que as crianças foram expostas e concordou em cumprir pena de prisão.

Uma norte-americana conhecida por partilhar dicas de maternidade no Youtube, declarou-se culpada de acusações de abuso infantil, praticado por acreditar que os dois filhos mais novos eram maus, estavam possuídos e precisavam de ser punidos para se arrependerem.

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Ruby Franke foi acusada de seis crimes de abuso infantil em setembro mas duas acusações acabaram por ser retiradas através de um acordo judicial. No acordo de confissão Ruby Franke partilhou detalhes sobre os abusos a que as crianças foram expostas, incluindo as alegações de que estavam possuídas, e concordou em cumprir pena de prisão.

Entre os abusos admitidos encontra-se uma situação em que Ruby Franke admite ter torturado o seu filho de 12 anos entre 22 de maio e 30 de agosto deste ano forçando-o a fazer horas de tarefas físicas, como carregar caixas cheias de livros enquanto subia e descia a escadas ou fazer tarefas ao ar livre sem proteção adequada que originaram "queimaduras solares graves e repetidas" que lhe causaram bolhas.

Durante este período a criança não teve acesso a refeições e era punida quando bebia água sem autorização. Além disso permaneceu isolado do resto da família sem acesso a aparelhos eletrónicos e Ruby Franke chegou a manter a sua cabeça debaixo de água, tapando a sua boca e o nariz.

Em julho, a criança acabou por tentar fugir e a partir daí teve as suas mãos e pés regularmente amarrados durante os períodos em que Ruby Franke se afastava. As algemas chegaram a ferir as suas mãos e os pulsos e a mãe admite que depois disso tratou os ferimentos com medicação mas continuou a amarrar o filho, com fita adesiva.

Agora a norte-americana terá de esperar pelo dia 20 de fevereiro para conhecer a sentença mas cada acusação pode levar a até 15 anos de prisão.

De acordo com o código penal do Estado de Utah, um ato é considerado como abuso infantil agravado de segundo grau se o acusado, consciente ou inconscientemente, infligir ferimentos físicos graves a uma criança ou permitir que outra pessoa inflija ferimentos graves ao seu filho.

A filha de 9 anos também foi forçada a trabalhar ao ar livre, a correr descalça em estradas de terra batida e a ficar sem acesso a comida e bebida durante longos períodos de tempo. Os pés da menina foram "feridos repetidamente", o que lhe causou "crostas, bolhas e descamação da pele".

Os filhos eram "repetidamente" informados de que eram maus e possuídos e que "as punições eram necessárias para que fossem obedientes e se arrependessem". Ao contrário do irmão, a filha mais nova "estava convencida" de que a sua mãe tinha razão.

O advogado de Ruby Franke, Winward Law, argumentou que os abusos ocorreram quando a mulher se encontrava a sob a influência de uma conselheira de relacionamentos que a levou a ficar com "um sentido distorcido da moralidade": "Ruby Franke é uma mãe dedicada e também uma mulher comprometida com a melhoria constante".

Esta conselheira de relacionamento era Jodi Hildebrandt, que entretanto também foi acusada, e era considerada por Ruby Franke como alguém que "tinha a visão necessária para oferecer um caminho para a melhoria contínua". Porém, é agora acusada pelo advogado de aproveitar "essa busca para a transformar em algo hediondo".

Terá sido um processo de "introspeção" que levou a mãe de seis filhos a "redefinir a sua bússola moral e compreender todo o peso das suas ações". Segundo o advogado, Ruby Franke "está empenhada em assumir a responsabilidade pelo papel que desempenhou".

Como parte do acordo, Ruby Franke concordou em testemunhar contra a sua parceira de negócios e conselheira, Jodi Hidebrandt. As duas estão detidas a 30 de agosto depois de o filho de Franke ter escapado da casa de Jodi Hidebrandt e ter pedido a um vizinho que chamasse a polícia. Segundo a polícia o rapaz estava demasiado magro e tinha fita adesiva à volta dos tornozelos e pulsos, mas não quis partilhar logo o porquê.

Jodi Hidebrandt encontra-se acusada de seis crimes de abuso infantil agravados e permanece detida à espera da sua próxima audiência, a 27 de dezembro.

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