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O presidente, eleito em 2020, viu o seu mandato chegar ao fim: foi detido esta semana por militares que levaram a cabo um golpe de Estado.
Umaro Sissoco Embaló, tentava concorrer a um segundo mandato presidencial, nas eleições de 23 de novembro, quando um grupo de militares levou a cabo um golpe de Estado, na quarta-feira, e deteve o presidente da Guiné-Bissau. Nos últimos meses havia-se instaurado uma polémica: a oposição garantia que o mandato de Embaló - que terá sido favorecido por hackers que operaram através de Portugal - havia terminado em fevereiro. Precavendo-se de uma possível "tentativa de golpe de Estado", o presidente anunciou que estava em andamento uma investigação.
Presidente Umaro Sissoco Embaló deposto após golpe de Estado na GuinéAP Photo/Olamikan Gbemiga
"O governo tomou todas as medidas para que a campanha [eleitoral] decorra em paz e segurança. Cada ato terá uma resposta adequada. Não haverá desordem", afirmou aos jornalistas.
No entanto, não foi esse o cenário que se verificou. Na quarta-feira, foram ouvidos vários tiros em Bissau e o presidente foi deposto. Na quinta-feira foi libertado pelos militares e deixou o país rumo ao Senegal.
Um mandato marcado por repressão
Descrito como egocêntrico, impulsivo e instável, Sissoco Embaló entrou para o Governo em 2016, tendo assumido o cargo de primeiro-ministro dois anos depois, em 2018. No ano seguinte demitiu-se e foi então que decidiu tentar a sua sorte na corrida às presidenciais.
Sissoco Embaló assumiu o poder em fevereiro de 2020: consegui-o depois de ter vencido a segunda volta das presidenciais e após um grupo de hackers ter alterado os resultados eleitorais a partir do Barreiro, de acordo com uma investigação da SÁBADO.
O mandato do militar, que lidera a coligação Plataforma Republicana Nô Kumpu Guiné, ficou marcado por decisões contestadas. Durante o período em que assumiu as rédeas o país, destacou-se por ter alegadamente violado os direitos humanos, pela repressão e restrições ao direito de manifestação. Chegou até a expulsar, em agosto deste ano, jornalistas portugueses da Lusa, RTP e RDP do país.
Um moderador de conflitos
O general de reserva, de 53 anos, destacou-se ainda pela sua tentativa de manter relações privilegiadas com figuras internacionais. Chegou até a mostrar-se disponível para mediar o desentendimento entre o Brasil e os Estados Unidos. "A Guiné-Bissau era caracterizada por instituições políticas fracas e golpes de Estado. Hoje estamos a consolidar as instituições, o Estado de direito democrático e a coesão social. Reformas no setor das infraestruturas renovaram completamente Bissau, antes triste e decadente”, considerou.
A proposta de Sissoco Embaló surgiu depois de os Estados Unidos terem sancionado o juiz Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal do Brasil, por "graves violações dos direitos humanos" e após os norte-americanos terem imposto tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros.
O presidente da Guiné chegou também a analisar a situação geopolítica internacional com o homólogo russo, Vladimir Putin. A relação entre ambos parece ser de tal forma positiva que, em maio de 2024, foi um dos convidados de Putin para assistir às celebrações do Dia da Vitória, em Moscovo. Já em julho de 2023 foi um dos presidentes de países africanos que participou na cimeira Rússia-África.
Sissoco realizou também uma visita à Ucrânia para se encontrar com o presidente Volodymyr Zelensky. Durante este encontro, prometeu que iria ajudar o país a alcançar uma "solução justa e pacífica".
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Depois do sobressalto inicial, discute-se quem está e quem não está à mesa das negociações e diz-se que sem europeus e ucranianos não se pode decidir nada sobre a Europa ou sobre a Ucrânia.