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Pessoas presas na lama, mortes, chuvas e “fake news”. Tudo o que correu mal no festival nos EUA

Luana Augusto com Ana Bela Ferreira 06 de setembro de 2023 às 16:37
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Inundações nos Estados Unidos provocaram uma morte e a retenção de milhares de pessoas, no festival Burning Man. Durante o evento, houve quem aproveitasse o seu tempo livre para lançar rumores falsos sobre um surto de Ébola.

O festival Burning Man, que teve lugar no estado americano de Nevada, tinha tudo para correr bem, mas ao invés disso, o encontro de uma semana no deserto de Black Roc foi sinónimo de catástrofes humanas, ambientais e de divulgação de notícias falsas.

Trevor Hughes/USA Today Network via REUTERS

As chuvas torrenciais e rios de lama, que já estavam previstas para domingo, provocaram pelo menos um morto, segundo o gabinete do xerife do condado de Pershing, o que fez com que as autoridades estatais abrissem agora uma investigação. "A família foi notificada e a morte está sob investigação", disse o gabinete, ao garantir que para já "não há mais informações".

Durante as inundações houve quem tenha conseguido sair do evento, antes do fecho das portas, mas ainda assim milhares de festivaleiros ficaram para trás. Alguns presos na lama, enquanto tentavam escapar.

Aos participantes que se encontravam no local foi-lhes pedido, pelos responsáveis do evento, que "conservassem alimentos, água e combustível e se abrigassem num espaço quente e seguro". Aos que ainda não tinham chegado foi apelado, através de avisos nas redes sociais, para "não viajarem para Black Rock City", já que a entrada iria estar fechada, devido às más condições das estradas. O clima adiou assim um dos momentos mais marcantes do festival: a queima de uma grande efígie de madeira, em forma de homem.

Em entrevista ao canal de notícias NBC, a CEO do Burning Man Project, Marian Goodell, disse no passado domingo que embora milhares de pessoas estivessem presas no local isolado, "não havia motivo para pânico". Mesmo de portas fechadas, Marian revelou estar otimista, e garantiu que esta condição climática extrema não significaria que o evento não fosse acontecer novamente.

Surto de Ébola e as teorias da conspiração

Como se não bastasse, os rumores de que existia um surto de Ébola espalharam-se como um incêndio. Nas redes sociais foram publicados vários avisos de saúde falsos, e dados sobre a incidência desta doença nos voos.

O boato terá começado no sábado, quando dois utilizadores do X (antigo Twitter), publicaram um print falso da conta do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, e onde a página informava a existência de um surto de Ébola no festival, pedindo aos participantes para se abrigarem. "Aparentemente há um surto de Ébola no Burning Man", dizia um dos posts na legenda da fotografia.

Já uma outra publicação, mostrava um vídeo de várias pessoas a serem retiradas do aeroporto internacional de Los Angeles. Na legenda lia-se: "Jato particular de Burning Man aterra no LAX e fica em quarentena na pista e aeroporto é evacuado".

Além das informações falsas que se espalharam, houve também quem aproveitasse as redes sociais para partilhar as suas teorias da conspiração. Numa publicação agora excluída do TikTok, uma pessoa disse acreditar que o alegado surto de Ébola e as chuvas fortes que atingiram o recinto, no noroeste de Nevada, foram uma tentativa das forças do mal para se livrarem de "pessoas espirituais".

O festival, cujo bilhete custa 575 dólares (533 euros), atrai todos os anos dezenas de milhares de participantes, e tem como objetivo ser uma espécie de retiro espiritual. Este ano as portas abriram a 27 de agosto.

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