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Era mau aluno, mas tornou-se um dos políticos determinantes no pré e pós-25 de Abril. Ao nível pessoal, colecionou amantes. A biografia de Mário Soares sai gratuitamente com a SÁBADO a partir de 31 de março.
Mário Soares tinha 10 anos quando descobriu que o pai, João Lopes Soares, tinha sido padre – o que lhe causou "grande impressão". Afinal, em casa não havia grandes manifestações de fé e a mãe, Elisa, nem sequer o ensinara a rezar. O único episódio religioso que viveu aconteceu quando tinha 12 ou 13 anos e a mãe foi com ele a Fátima, para pagar uma promessa: "Com uma vela da minha altura, achei-me ridículo, foi quase um vexame."
Esta é uma das muitas histórias que pode ler na biografia do político português, da autoria do jornalista e investigador Joaquim Vieira. Os quatro volumes deMário Soares, Uma Vidavão sair gratuitamente com aSÁBADOa partir de 31 de março. Publicado pela primeira vez em 2013, o livro que conta a história de Mário Soares (que ele não quis ler, incomodado com alguns pormenores mais polémicos) surge numa versão revista e ampliada (com 1.000 páginas, mais 250 do que na anterior edição), abarcando toda a sua vida: desde que nasceu, em 1924, até à sua morte, em 2017.
Filho de um político (deputado, governador civil e até ministro) que lutou para derrubar a monarquia e também a ditadura militar de 1926, o pequeno Mário até aos 10 anos pouco via o pai, que passava a vida na clandestinidade, preso, deportado nos Açores ou exilado em Espanha.
Quando ele tinha 16 anos, o pai teve de amputar a perna esquerda e ficou "preso" em casa, o que permitiu ao jovem Mário intensificar a sua aprendizagem política. "Os amigos republicanos iam visitá-lo. Alguns ficavam para jantar, e eu ouvia as conversas deliciado."
Mário Soares concluiria o liceu no Colégio Moderno, em Lisboa (foi fundado pelo pai em 1937), apesar de, como admitiu, ser "péssimo aluno". "Passava à rasquinha. Jogava futebol e namorava umas miúdas, não pensava em mais nada."
O pai contratou professores para o ajudar, casos do filósofo Agostinho da Silva e de Álvaro Cunhal – que suscitaria o seu interesse "pela literatura e pelo movimento cultural do neorrealismo".
"A sua apetência pelo poder resultou de uma vocação para a política que lhe foi estimulada desde criança, por uma educação de príncipe que parecia de facto programá-lo para o destino que viria a ter" – e que fez dele "o maior obreiro do regime democrático saído do 25 de Abril", defende Joaquim Vieira.
Nesta biografia, estão todos os seus momentos políticos relevantes: das prisões à vitória sobre Freitas nas Presidenciais de 1986; da truculência com Cavaco à polémica dos dinheiros de Macau; da humilhante derrota com Manuel Alegre (em 2006) às visitas a José Sócrates na cadeia de Évora.
Mas o lado pessoal também é importante, defende Joaquim Vieira. Aliás, na pesquisa de sete anos que fez, o que mais o surpreendeu foi a vida dupla amorosa de Mário Soares, com "múltiplas ligações afetivas", desde "mulheres da área socialista a uma atriz vivendo no Brasil". E houve até uma relação, com uma jornalista americana, que em 1969 quase levava à sua separação de Maria Barroso.
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