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Passos pede ao Governo que não adie decisões por cálculos eleitorais

Lusa 12:36
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Passos Coelho deixou "alertas" ao Governo, avisando que "chegou o fim das margens de manobra que permitem ir adiando decisões importantes" e "já não vale a pena haver mais cálculos eleitorais" e "perder tempo com preocupações distributivas".

O antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho alertou esta sexta-feira o Governo de que "chegou o fim das margens de manobra" que permitem "ir adiando decisões importantes", pedindo mudanças sem ceder a cálculos eleitorais e "perder tempo com preocupações distributivas".

Passos Coelho alerta para fim das margens de manobra no Congresso do Cooperativismo, em Lisboa
Passos Coelho alerta para fim das margens de manobra no Congresso do Cooperativismo, em Lisboa

Numa intervenção no Congresso Internacional do Cooperativismo, em Lisboa, Passos Coelho começou por alertar para os problemas que derivam de os governos, em Portugal e na Europa, atualmente, "atribuírem uma urgência ao curto prazo e uma importância demasiado relativa ao médio e ao longo prazo", por "medo da reação das pessoas" que não estão alertadas para as dificuldades na segurança, no cumprimento de regras orçamentais ou de "investir o suficiente em escala para competir no mundo".

"Sempre achei que é preferível enfrentar a consequência negativa do julgamento eleitoral fazendo alguma coisa que nos parecesse ser indispensável a pensar no futuro e continuo a pensar que é isso que vale a pena. A política, ao contrário do que muitos pensarão, não acaba a cada eleição. Porque em todas as eleições se pode perder e se pode ganhar. Mas na verdade só há eleições para perder e para ganhar para quem olha para o futuro de uma forma não passiva", acrescentou.

Com o secretário de Estado Silvério Regalado na plateia, Passos elogiou o Governo por conseguir "retirar à discussão orçamental em Portugal o dramatismo que durante tanto tempo" teve, por considerar que o Orçamento do Estado é um instrumento para o executivo "cumprir as suas obrigações externas e internas e não deve ser o palco de outras discussões".

Após o elogio, Passos Coelho deixou "alertas" ao Governo, avisando que "chegou o fim das margens de manobra que permitem ir adiando decisões importantes" e "já não vale a pena haver mais cálculos eleitorais" e "perder tempo com preocupações distributivas".

"Todos os setores sociais gostarão de receber alguma atenção do Estado e alguma atenção financeira, mas ninguém perdoa no futuro que os Governos não façam aquilo que é preciso a olhar para o futuro. E esse é que é o ponto. Todo o dinheiro que é distribuído no dia-a-dia está distribuído, está gasto", acrescentou.

Passos Coelho afirmou também que quando se evita "tomar decisões tão importantes no tempo certo" está-se "condenado a tomá-las fora de tempo", sempre com "um resultado pior".

"Porquê? Porque elas não são tão efetivas e têm sempre de ser mais drásticas do que seriam se tivessem sido tomadas na altura certa. Eu creio que este é o momento, portanto, para fazer esse alerta. Quer em termos europeus, quer em termos nacionais", considerou o antigo chefe de Governo.

Passos disse acreditar que o país "pode crescer muito mais nos próximos anos, sem ser apenas à custa do consumo" e disse que "não chega" distribuir "um prémio aos reformados, a um ou outro setor da sociedade portuguesa" e "fazer algumas habilidades orçamentais para salvar o ano".

"É uma crítica que aqui assumo e que não é apenas este Governo. Infelizmente vivemos anos demais com este tipo de política. Em Portugal e nos outros países europeus", afirmou.

O antigo líder do PSD afirmou ainda que o "Estado deixou de investir há muitos anos" e "investe estritamente aquilo que corresponde às disponibilidades que são colocadas a Portugal pela União Europeia", e confia no consumo para o seu crescimento, que, acrescentou, "para o ano não vale nada".

Pedro Passos Coelho defendeu que o país não crescerá sem as reformas de que carece "há demasiados anos", pedindo que se avance com essas mudanças "com o consenso que for possível obter", por considerar que "quanto maior o consenso melhor, mais elas duram, mais enraizadas ficam, mais frutos podem proporcionar".

O ex-primeiro-ministro criticou ainda a "displicência" da Europa em matéria de defesa, considerando que a União Europeia "andou encantada com o seu modelo social e pouco preocupada com a sua segurança", enfrentando agora uma "corrida contra o tempo" por causa da Ucrânia e vendo-se obrigada a comprar equipamento aos americanos.

"É difícil, como todos sabemos, não foi por acaso que aqui chegámos, conciliar as prioridades sociais com as prioridades da segurança", considerou.

À entrada e à saída do evento, Pedro Passos Coelho recusou responder às perguntas dos jornalistas sobre a atualidade nacional, como a lei da nacionalidade.

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