A jornalista assumiu ter passado férias com o ex-primeiro-ministro e afirmou que como era convidada assumia que seria Sócrates a pagar.
Na sessão desta quarta-feira do julgamento da Operação Marquês a jornalista Fernanda Câncio assumiu ter tido uma relação pessoal com o ex-primeiro-ministro, mas assegurou nunca terem tido uma "vida comum".
Fernanda Câncio depõe em tribunal sobre relação com SócratesDaniel Comédias/CMTV
Instada pela juíza e pelos procuradores a esclarecer o contexto da proximidade com José Sócrates, Fernanda Câncio assumiu conhecer o antigo governante e reconheceu que chegaram a ser próximos, mas que não falam desde 2014. Questionada se era uma relação amorosa, a jornalista optou por não esclarecer. "Era importante responder. O facto de existir uma relação amorosa com um dos arguidos pode ser importante para o conhecimento dos factos e para a razão de ciência do testemunho", disse a juíza Susana Seca durante o período de identificação da testemunha. "Nunca tive vida em comum com esta pessoa, nunca coabitei com esta pessoa, nunca tive economia comum com esta pessoa. Acho que é suficiente dizer isto", retorquiu Câncio.
Na fase de identificação, a jornalista disse conhecer vários dos arguidos da Operação Marquês, designadamente, Carlos Santos Silva, Henrique Granadeiro, Ricardo Salgado, Armando Vara, José Paulo Pinto de Sousa, Hélder Bataglia, João Perna, Sofia Fava e Inês do Rosário (companheira de Inês do Rosário), segundo o Observador.
Numa segunda fase, Câncio foi inquirida sobre as férias que fez em conjunto com José Sócrates. Afirmou ter estado de férias com o ex-primeiro-ministro em Menorca, Formentera, Itália, e terem passado fins-de-semana no Algarve e Estremoz. Inquirida pelo procurador Rui Leal, explicou que em 2008 ou 2009 foi esquiar com o primeiro-ministro e depois a Veneza, tendo sido acompanhados pelos filhos de Sócrates, Carlos Santos Silva e Inês do Rosário.
Explicou que não tratou de nada nessa viagem e que como foi convidada foi José Sócrates quem pagou as despesas. "Quem me convidou foi José Sócrates, parti do pressuposto que era ele a pagar", referiu. Assumiu ainda que "alguma vezes" viu "algum dinheiro a ser usado" em numerário, mas não consegue precisar se usava sempre dinheiro ou também o cartão bancário. Mas assegurou que houve situações em que efetivamente observou Sócrates a pagar despesas com um cartão bancário.
Sobre as férias de Sócrates em Paris, o procurador questiona se alguma vez a jornalista se encontrou na capital francesa com o antigo primeiro-ministro, tendo Câncio explicado que foi visitá-lo em 2012. Sobre o apartamento na Avenue du Président Wilson, a jornalista indicou apenas que o ex-primeiro-ministro lhe “chegou a falar que ia mudar de casa” e que o apartamento onde residia “ia deixar de estar disponível”, além de que na futura casa o “senhorio estava a fazer obras”. “E há uma escuta, que deve ter ocorrido em 2014, que é quando a revista Sábado publica uma matéria dessa casa e que a casa é de Carlos Santos Silva, eu liguei a José Sócrates, perguntei sobre isso e expressei a minha surpresa“, concluiu.
Já sobre o livro lançado pelo ex-primeiro-ministro em 2013, A Confiança no Mundo — Sobre a Tortura em Democracia, a testemunha disse conhecer Domingos Farinho (que, segundo o MP, ajudou Sócrates a escrever a sua tese de doutoramento) e António Peixoto (blogger que teria recebido dinheiro por escrever publicações favoráveis ao ex-governante no blogue Câmara Corporativa). Câncio disse que conheceu este último sob o pseudónimo Miguel Abrantes, que então este usava no blogue.
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