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Ex-condenados pela morte de Alcindo Monteiro presentes nas agressões a ator na Barraca

30 anos depois da morte de Alcindo Monteiro, dois condenados regressaram à noite de Lisboa. João Martins e o antigo vigilante noturno Nuno Themudo terão estado presentes no ataque a atores da companhia de teatro A Barraca, sabe a SÁBADO.

10 de junho de 1995, Alcindo Monteiro é violentamente agredido no Bairro Alto, em Lisboa, com pontapés, base de cimento de um sinal de trânsito e mais pontapés. "Onze homens, cinco dos quais calçando botas com biqueira de aço, todos ao pontapé e ao murro a um único homem", lê-se no acórdão do Supremo Tribunal de Justiça. "Isto é na verdade um meio insidioso de dar a morte, o qual revela efetivamente uma especial censurabilidade e perversidade dos agentes, das quais é emblemática a pose do arguido João Martins com a sua bota sendra em cima da cabeça da presa moribunda e braços erguidos em atitude de caçador triunfante." Volvidos 30 anos, no 10 de junho de 2025, João Martins (na imagem abaixo) e o antigo vigilante noturno Nuno Themudo, dois condenados pela morte de Alcindo Monteiro, regressaram à noite de Lisboa e terão estado presentes no grupo queatacou atores da companhia de teatro A Barraca, apurou aSÁBADO junto de fontes policiais.

Instagram Adérito Lopes

O autor das agressões já foi identificado pela PSP e, segundo informações recolhidas pela SÁBADO, estarão a ser analisadas uma série de imagens recolhidas no local.

Um grupo de cerca de 30 neonazis, alguns exibindo t-shirts da loja Pró-Pátria-AHNT (uma sigla para "Adolf Hitler Tinha Razão", frase popular no submundo neonazi), "terá começado a provocar uma das atrizes", relatou a atriz e encenadora Maria do Céu Guerra.

Segundo o relato da encenadora, que exibiu para as televisões autocolantes da loja Pró-Pátria (fotografia abaixo), vários atores terão sido assediados pelo grupo à medida que iam chegando para a peça Amor é fogo que arde sem se ver, que tinha uma última sessão marcada para as 21h da passada terça-feira. O ator Adérito Lopes acabou por ser agredido e, segundo relatos de um dos atores, terá ficado com dois cortes na cara. Presentes terão estado pelo menos dois condenados pela morte de Alcindo Monteiro: João Martins e Nuno Themudo.

Fotografias da loja Pró-Pátria

Autoridades analisam imagens

Para já, os autor das agressões foi identificado pela PSP e as suspeitas recaem sobre uma série de grupos. Os Blood & Honour, grupo neonazi sobre o qual a Polícia Judiciária alertou no capítulo retirado do relatório de Segurança Interna, tal como noticiou o semanário Expresso. Assim como a Associação Portugueses Primeiro, grupo etnonacionalista e anti-imigração a que pertence a João Martins. Monitorizado pelas autoridades nos últimos anos, João Martins tem sido um dos principais rostos da extrema-direita em Portugal.

Ao contrário do inimigo Mário Machado, atualmente a cumprir pena de dois anos e dez meses de prisão por discriminação e incitamento ao ódio e violência, João Martins tem-se mantido ativo (mas discreto) nos bastidores. Assumidamente identitário, tem mantido o ativismo de extrema-direita através de uma série de movimentos, como a Associação Portugueses Primeiro, e de publicações, como a editora Contra-Corrente e a sua coluna no jornal Diabo. Segundo o Correio da Manhã, que anunciou a presença de João Martins em primeira mão, é proprietário de uma loja de tatuagens e piercings no Cacém.

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