Quer os democratas-cristãos quer os liberais desafiaram o Governo a explicitar as razões na base da sua interpretação da lei.
O CDS-PP e a Iniciativa Liberal criticaram hoje que o Governo impeça a realização de aulas à distância nas escolas privadas nas vésperas dos feriados, considerando a decisão "autoritária" e "sem base legal".
Em requerimentos separados entregues hoje no parlamento e ambos dirigidos ao ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, quer os democratas-cristãos quer os liberais desafiaram o Governo a explicitar as razões na base da sua interpretação da lei.
No âmbito da regulamentação do último decreto do estado de emergência, o Governo anunciou no sábado que nas vésperas dos feriados de 01 e 08 de dezembro não haverá aulas e que a função pública terá tolerância de ponto. O Governo apelou ao setor privado para dispensar também os trabalhadores nestes dois dias.
Depois de ser noticiada pelo Público a intenção de alguns estabelecimentos privados darem aulas online à distância nas vésperas dos feriados, fonte do executivo defendeu que o decreto do Governo manda suspender toda a atividade letiva, independentemente de se tratar de instituições públicas ou privadas.
"Por que razão considera o Governo ser defensável ou benéfico que os estabelecimentos de ensino privados estejam impedidos de manter atividade letiva a distância, caso assim o escolham?", questiona a deputada do CDS-PP Ana Rita Bessa.
A deputada democrata-cristã pergunta ainda "em que medida diferem os estabelecimentos de ensino privados do setor privado como um todo, para que tenham de sujeitar-se a uma interferência do Governo e não apenas estar abrangidos pelo apelo do primeiro-ministro".
O CDS-PP considerou que, do decreto que regulamenta o estado de emergência, depreende-se apenas que "não deve haver a realização de aulas presenciais em todos os estabelecimentos de ensino".
"Mas o CDS não vê qualquer motivo para que as aulas não possam ser ministradas à distância, cumprindo quer o objetivo do estado de emergência, quer o princípio, corretamente defendido até aqui pelo Governo, de que a atividade letiva deve manter-se", salienta a deputada.
Na mesma linha, o deputado único e presidente da IL, João Cotrim Figueiredo, acusou o Governo de não ter base legal para proibir estabelecimentos de ensino particulares, cooperativos e do setor social e solidário de dar aulas online e de estar "apenas a nivelar por baixo para esconder a sua incompetência, prejudicando alunos e pais".
"A Iniciativa Liberal discorda completamente da suspensão das aulas nas vésperas dos feriados. Mais absurdo ainda é a ordem dada aos estabelecimentos de ensino particulares, cooperativos e do setor social e solidário proibindo-os de ter aulas online. Esta imposição é uma total aberração dos pontos de vista jurídico, da gestão da pandemia e dos interesses dos alunos e famílias", considera o deputado.
Cotrim Figueiredo alertou que "ninguém sabe onde os pais deixarão as crianças para ir trabalhar", admitindo que "alguns podem até resolver a situação deixando os filhos com os avós, o que seria a última coisa que deveria acontecer durante esta pandemia".
"Com esta medida autoritária e abusiva, o Governo tem como único objetivo esconder a sua cedência a interesses corporativos e a sua incompetência de não ter assegurado nestes meses que a escola pública tenha capacidade para oferecer atividades letivas em ambiente online", acusou.
O deputado da IL considerou que decisões como esta reforçam a razão do voto contra do partido à autorização de estado de emergência.
"De restringir atividades de circulação passámos para restringir atividades em casa que nada têm que ver com a pandemia", alertou, assegurando que o partido não se conformará com "a supressão de direitos e liberdades a coberto de um estado de emergência autoritário e descontrolado".
Portugal contabiliza pelo menos 4.127 mortos associados à covid-19 em 274.011 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
CDS e IL criticam impedimento de aulas à distância nos privados nas vésperas de feriados
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Talvez não a 3.ª Guerra Mundial como a história nos conta, mas uma guerra diferente. Medo e destruição ainda existem, mas a mobilização total deu lugar a batalhas invisíveis: ciberataques, desinformação e controlo das redes.
Ricardo olhou para o desenho da filha. "Lara, não te sentes confusa por teres famílias diferentes?" "Não, pai. É como ter duas equipas de futebol favoritas. Posso gostar das duas."