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Tem dezenas de milhares de euros em créditos pessoais à Cofidis e outras empresas, arranjou trabalho dentro do partido e, como deputado, legitimava Mário Machado junto de Elon Musk.
Nova legislatura, novos deputados. Num dos primeiros dias de plenário desta legislatura, Miguel Arruda estreava um fato. Aperaltado, como nunca antes se habituara enquanto técnico em empresas de resíduos urbanos nos Açores, esqueceu-se de um detalhe importante: não retirou a linha branca da indumentária. O deputado, eleito pelo círculo eleitoral açoriano, caminhava os corredores da Assembleia da República sem perceber isso, relatou um deputado social-democrata à SÁBADO. Volvidos cerca de nove meses desde que a nova composição do Parlamento tomou posse, Miguel Arruda foi alvo de buscas nas suas residências nos Açores e em Lisboa por suspeita de furto qualificado — segundo o jornal Público, o Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa está a investigar furto de malas dos tapetes de bagagens nas zonas de chegada dos aeroportos de Lisboa e de Ponta Delgada, que ocorriam quando no início e final de semana de trabalhos parlamentares.
Natural de São Miguel, Miguel Arruda, 40 anos, era técnico superior da empresa de resíduos urbanos Musami, na Ribeira Grande. Com rendimento anual de 20 mil euros, tinha uma margem curta para fazer face à mão cheia de créditos pessoais que acumulara: 3.632 euros à Cofidis, 14 mil euros e 1.921 euros ao BNP Paribas, 581 euros de Cartão Universo, 28 mil à Caixa Geral de Depósitos, entre outros declarados na Declaração Única de Rendimentos, Património, Interesses, Incompatibilidades e Impedimentos, consultada pela SÁBADO. No total, o passivo declarado ascende os 50 mil euros.
Com um mestrado em Ciências Biomédicas e outro em Ambiente, Saúde e Segurança, o deputado dedicou alguns anos à vida universitária. Em 2012, foi trabalhar para a SIGA (Sistema Integrado de Gestão Ambiental, S.A), que trata de resíduos urbanos em São Miguel, Açores. Dez anos depois, começou a trabalhar como técnico para a Musami - Operações Municipais do Ambiente, que detém o Ecoparque da Ilha de São Miguel para onde são encaminhados os resíduos dos concelhos de Lagoa, Ponta Delgada, Povoação, Ribeira Grande, Vila Franca do Campo e Nordeste.
Deixou a carreira no mundo dos resíduos urbanos em 2024 para trabalhar na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. Enquanto militante do Chega na região, foi nomeado secretário da bancada liderada por José Pacheco, de quem se havia aproximado. Foi nomeado a dia 21 de março de 2024 e exonerado seis dias depois por ter sido eleito deputado. O Chega elegeu numa zona onde tradicionalmente o PSD e PS dividem os cinco deputados alocados à região.
Enquanto deputado, as suas opiniões têm dado que falar. Um dos utilizadores com quem mais interage é Mário Machado, neonazi condenado a dois anos e dez meses por um crime de discriminação e incitamento ao ódio e à violência. "Eu sou um membro do Parlamento português e posso dizer com certeza que Mário Machado é um preso político", escreveu Arruda a 2 de janeiro de 2025, após Mário Machado pedir a Elon Musk asilo político.
A relação virtual começara três meses antes. Quando Mário Machado foi condenado pela primeira vez, Miguel Arruda veio em sua defesa: "Isto chegou a um ponto que é impossível permanecer em silêncio. A minha total solidariedade com o meu líder André Ventura e Pedro Pinto, por esta tentativa de silenciamento, e para com Mário Machado, que a manter-se a decisão no Tribunal da Relação vai ser um preso político", escreveu o deputado na plataforma X, dia 25 de outubro. Entretanto, Miguel Arruda apagou a publicação, mas as interações de apoio a Mário Machado continuaram.
"A minha consciência pesa mais alto do que as consequências políticas ou a censura. De pouco vale falar em surdina quando não se tem coragem de dizer em voz alta. - Mário Machado escreveu 'umas atoardas' e foi preso, e isso faz dele um preso político", lê-se numa publicação de dezembro. É uma relação de admiração entre o parlamentar e o neonazi, que já cometeu crimes de discriminação racial, ofensas corporais, posse de armas ilegais, difamação, sequestro e extorsão. A condenação mais recente aconteceu em maio: dois anos e dez meses de prisão efetiva por crimes de discriminação e incitamento ao ódio e à violência contra Renata Cambra e "gajas do Bloco", a quem apelou a "prostituição forçada". O neonazi apresentou recurso para a segunda instância.
Tem também feito apologia ao Estado Novo. No dia 10 de julho, perante uma publicação de Luc Mombito, amigo de André Ventura e um dos funcionários do partido, em que deu um "Viva Salazar!", Miguel Arruda respondeu: "Se tu podes dizer, eu também posso. Viva!" E diz que a maçonaria é "inimiga do Estado de direito democrático": "Como organização secreta que é, deveria ser extinta", escreveu no X dia 3 de janeiro, apesar de o Chega ter maçons na bancada parlamentar.
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